Obra do governo de Pernambuco ameaça reserva ambiental e provoca reação

A obra viária que vai ligar a BR-101 Norte ao porto de Suape. Dividida em dois trechos, norte e sul, a obra tem seu ponto de divergência o trecho norte, por atravessar a Unidade de Conservação

Arco Metropolitano do Recife
Arco Metropolitano do Recife (Foto: Reprodução)


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247 - Pesquisadores, ambientalistas e moradores de Aldeia, área bucólica da Região Metropolitana do Recife e reduto de uma rica biodiversidade, estão em pé de guerra com o governo de Pernambuco. O motivo é o traçado proposto pelo governo para o Arco Metropolitano, mega obra viária que deve desafogar o tráfego de veículos pesados entre importantes áreas industriais, só que o traçado proposto pelo governo resultará num custo muito alto, passando por dentro da Área de Proteção Ambiental – APA – Aldeia Beberibe, rasgando importantes e derradeiras reservas de Mata Atlântica, desalojando moradores, inclusive assentados, e pondo em risco diversas espécies da fauna e da flora.

A obra viária que vai ligar a BR-101 Norte ao porto de Suape. Dividida em dois trechos, norte e sul, a obra tem seu ponto de divergência o trecho norte, por atravessar a Unidade de Conservação. Qualquer que seja o traçado, se cortar a APA, inevitavelmente terá que rasgar e impactar o maior bloco de Mata Atlântica que restou ao norte do Rio São Francisco, constituído pelas matas da Pitanga e do Exército, à altura dos municípios de Paudalho e Abreu e Lima, duas das oito cidades pelas quais a região de Aldeia se espalha.

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“Ninguém de bom senso pode ser contra o Arco, pela sua importância e por ser uma obra estruturadora para o estado. Importante para dinamizar a atração de novos empreendimentos industriais para o estado. Mas, não aceitamos a decisão por um traçado que venha provocar impactos ambientais irreparáveis,  degradação dos mananciais superficiais e do aquífero Beberibe, assim como na Biodiversidade, inclusive com a ameaça de apressar a extinção de espécies endêmicas. Muito simplesmente porque não é necessário. Há alternativas. Como está sugerida, é um escândalo ambiental. Mas não é só isso. O edital da obra tem sérios vícios de origem, pois traz como referências dois traçados rejeitados em duas outras tentativas, em 2012 (ODEBRECHT) e 2014 (DNIT), exatamente por impeditivos ambientais”, explica Herbert Tejo, presidente do Fórum Socioambiental de Aldeia, entidade da sociedade civil que está à frente das resistências ao Arco como ele está proposto.

"Pelos traçados propostos, em que o Arco atravessa a  Unidade de Conservação, o discurso do desenvolvimento do Oeste Metropolitano não se sustenta, uma vez que se limita a  cortar terras de canaviais cercadas por fragmentos de Mata Atlântica, não priorizando os municípios do oeste que verdadeiramente necessitam do arco como única alternativa de se tornarem atrativos para o prometido desenvolvimento. Fato que revela outra contradição do discurso governamental", complementa.

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O Fórum, inclusive, criou uma campanha contra o desenho do Arco. Sob o slogan “Arco em Aldeia? Arrudeia” (corruptela do verbo arrodear) , a campanha consta de várias ações de comunicação, outdoors, audiovisuais, redes sociais, camisetas, canecas e peças educativas afixadas ao longo da tortuosa Estrada de Aldeia, a PE-27. Um abaixo-assinado que já superou as 6 mil assinaturas, em uma semana de coleta, será entregue ao governador Paulo Câmara (PSB).

Entre as queixas feitas contra o governador, inclusive, o Fórum destaca que o Arco no traçado proposto, compromete um projeto do próprio governo, que é a criação de corredores ecológicos, nos primeiros quilômetros da obra. E vai além.

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“Em 06/02/2020, na construção do edital, o governador alterou o decreto original da APA Aldeia-Beberibe, assinado pelo então governador Eduardo Campos, propondoa que o traçado norte do arco corte o território protegido”, cita Herbert Tejo. Como reforço aos argumentos do Fórum, ele lembra palavras do próprio Paulo Câmara, durante o Climate Week de 2019, em Nova Iorque:  “O mal que se faz ao ambiente é dano cada vez mais irreversível. É autodestruição.”

“Assino embaixo desse discurso. Só não temos como concordar com a prática”, assinala Tejo.

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