“Num Brasil governado por Lula, teria sido possível um acordo ambiental com os Estados Unidos”, diz Celso Amorim
O embaixador avaliou em entrevista à TV 247 a recente Cúpula do Clima. Para ele, o objetivo dos Estados Unidos era chegar a um acordo com o Brasil, mas, por conta de Jair Bolsonaro, não teve com quem negociar. “O Brasil foi muito denunciado pelas organizações que defendem o Meio Ambiente, os povos indígenas e a igualdade racial. Todas elas se manifestaram e isso chegou ao Biden. Então eu acho que eles recuaram”. Assista
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247 - O ex-chanceler dos governos Lula, Celso Amorim, avaliou em entrevista à TV 247 a Cúpula do Clima, onde Jair Bolsonaro foi humilhado pelos Estados Unidos, cujo presidente e vice, Joe Biden e Kamala Harris, nem sequer assistiram ao discurso do presidente brasileiro. Para Celso, se não fosse Bolsonaro, os próprios EUA seriam beneficiados, já que é de seu interesse um acordo ambiental.
“Os Estados Unidos, e especialmente o John Kerry, que é o encarregado do clima, tinham muito interesse em fazer um acordo com o Brasil para mostrar um resultado concreto. Numa cúpula dessas, tirando um ou outro país que faz uma proclamação um pouco mais ambiciosa, é mais uma coisa motivacional. Então, algo sobre a Amazônia seria muito importante para eles, e sobretudo para o Kerry. E eles tentaram fazer um acordo. Mas o Brasil foi muito denunciado pelas organizações que defendem o Meio Ambiente, os povos indígenas e a igualdade racial. Todas elas se manifestaram e isso chegou ao Biden. Então eu acho que eles recuaram. Não prevejo grandes avanços nesse campo”, disse.
O embaixador considera que, caso o Brasil fosse governado por Lula, o caminho para um acordo de preservação ambiental seria facilitado: “Para eles isso é ruim. É melhor para eles ter alguém com quem negociar. O Bush, por exemplo, teve uma relação muito boa conosco e foi útil do ponto de vista dele a boa relação com o Brasil. Então, não acredito que seja uma coisa automática. Acredito que, sim, há nos EUA um estado profundo, um establishment que atua de maneira quase independente em relação aos governos, isso é verdade, mas com quase toda certeza, se o Brasil hoje fosse governado pelo Lula, provavelmente teria sido possível chegar a um acordo ambiental. Com a visão que os EUA têm hoje, do Biden, acredito que seria possível”.
Fundo Amazônia
Amorim analisou ainda a questão do Fundo Amazônia, que ele vê sendo utilizado como objeto de chantagem pelo governo Bolsonaro: “O Brasil dispensou o dinheiro que tinha da Alemanha e da Noruega para o Fundo Amazônia e vai pedir mais. Isso é quase que uma chantagem. O que tínhamos no Fundo Amazônia eram projetos que o Brasil desenvolvia em função dos seus próprios objetivos e do respeito a uma questão universal, que é o aquecimento global, financiados pelo BNDES com Alemanha e Noruega sendo co-financiadores nisso. Agora, isso é diferente de você chegar e fazer praticamente uma chantagem, dizendo, ‘olha, se eu não receber dinheiro, eu vou deixar queimar’”, concluiu.
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