Mundo terá que ser vegano, diz Silvana Andrade

Para a presidente da Agência de Notícia dos Direitos Animais, defesa dos bichos faz parte da luta pela sobrevivência da humanidade

Silvana Andrade
Silvana Andrade (Foto: Reprodução)


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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta segunda-feira (21/06), o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, entrevistou Silvana Andrade, jornalista e presidente da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA).

Para ela, está havendo uma maior conscientização sobre a importância dos direitos animais e como eles se relacionam ao direito ambiental e, por consequência, aos direitos humanos. “A maior causa de desmatamento hoje é a agropecuária. A nossa produção de soja não vai para alimentar pessoas, vai para alimentar gado. As fezes do gado contaminam solos e aquíferos. O consumo de carne é insustentável socialmente. Não é só uma pauta ética”, argumentou. 

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A jornalista relembrou que, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), estamos entrando em uma era de pandemias, sendo a da covid-19 a mais curta e menos letal. E que grande parte dos vírus que surgirão estão relacionados à exploração do meio ambiente e o consumo de carne.

“A nossa qualidade de vida já está piorando. Não basta mais reduzir o consumo, é preciso parar de consumir carne. A própria produção de carne está nos matando. Por uma questão de insustentabilidade do modelo atual, o mundo terá de ser vegano. Se houver conscientização, as pessoas vão perceber que não temos outra escolha”, afirmou.

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Andrade é vegana há mais de 16 anos, isto é, adepta a uma prática que vai além de uma dieta alimentar. Significa não consumir nenhum produto, como roupas, de origem ou que seja resultado da exploração de animais. E, para ela, o veganismo é um posicionamento político.

“Por exemplo, quando dizem que ser vegano é caro. Não é, você cozinha em casa, você come produtos de pequenos produtores. O capitalismo que é cruel ao não dar a chance de uma pessoa escolher o que pode comer. Então comer carne é seguir apoiando um sistema perverso”, defendeu.

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Direitos animais como pauta da esquerda

Segundo Andrade, existem grupos de direita que defendem os direitos ambientais e dos animais, mas, no Brasil, “é uma coisa de esquerda, pela situação de vulnerabilidade que vivemos aqui”. Ela relembrou que os partidos de esquerda são os únicos que adotam medidas de direitos humanos e ambientais em seus programas. 

“O PT inaugurou recentemente um setor de direitos animais. É um elemento central, porque a pandemia deixou a economia de joelhos. Se não cuidarmos dos animais, do meio ambiente, teremos outra”, alertou.

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Por isso, ela celebrou medidas como a ampliação da lei 1.095, em 2019, de criação de penas carcerárias para pessoas que cometam crimes contra animais domésticos, “mas seria melhor se incluísse, porcos, bois, cavalos, aves e outros”.

“Os animais precisam ser considerados sujeitos de direito. Um crime contra um animal não é diferente de um crime contra uma pessoa. A gente precisa punir a violência, porque é a mesma violência, seja contra quem seja. Mas, antes de punir, precisamos trabalhar para educar a sociedade”, ponderou.

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Outro avanço importante foi a aprovação do projeto que muda o estatuto jurídico dos animais domésticos, considerando-os seres sencientes. “Todo avanço é bom, mas o Brasil ainda está atrasado. A Constituição do Equador, por exemplo, reconhece as florestas como sujeitos de direitos”, contrapôs a presidente da ANDA.

Idealmente, para ela, um governo de esquerda daria prioridade para a pauta, “porque ela se relaciona com desigualdade social e cidadania”. Como medidas imediatas, Andrade advogou pela criação de hospitais veterinários públicos, farmácias veterinárias populares e uma polícia especializada em crimes contra animais.

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“Não é só o atendimento ao animal, é o atendimento ao tutor. Isso dá dignidade às pessoas, principalmente às mais vulneráveis. Eu tiro a cidadania dessas pessoas se elas não podem dar um atendimento de qualidade a seus animais, se não conseguem levar ao veterinário, pagar medicamentos ou mesmo se não têm acesso a alimentação para eles“, refletiu.

‘Bolsonaro é o maior atraso para os direitos animais’

“Bolsonaro é um atraso em todos os sentidos. É o maior atraso para os direitos animais e direitos da natureza. Temos crimes ambientais cometidos quase diariamente”, denunciou a jornalista. 

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De acordo com Andrade, existe uma “política deliberada de destruição” do meio ambiente. “Nenhuma postura do governo indica qualquer interesse de preservação ambiental”, reforçou. 

Ela ainda lamentou o impacto a longo prazo que as políticas depredatórias do presidente podem ter na economia e nos acordos econômicos do Brasil com outros países: “O governo aprovou o uso de mais de mil agrotóxicos novos e rebaixou a toxicidade de outros. A União Europeia tem restrições contra produtos com agrotóxicos, não vão comprar os nossos produtos. Claro, estão nos envenenando e envenenando o resto do mundo”.

Por isso, ela voltou a enfatizar a importância de se lutar pelos direitos animais, “que aprofundam a luta dos direitos ambientais”: “A floresta existe e tem seus habitantes. Quando há essa desarmonia, provocada sempre pelos humanos, vai ter um impacto na vida humana também”.

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