Lideranças denunciam que gigante do agronegócio promove ataque armado contra indígenas (vídeo)
O povo Tembé, do nordeste do Pará, denunciou violência cometidas por seguranças privados da empresa Brasil Bio Fuels (BBF), a maior produtora de óleo de palma na América Latina
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Murilo Pajolla, Brasil de Fato | Lábrea (AM) - Integrantes do povo Tembé, do nordeste do Pará, foram vítimas de uma ação violenta protagonizada na terça-feira (29) por seguranças privados da empresa Brasil Bio Fuels (BBF), a maior produtora de óleo de palma na América Latina, que abastece usinas de biodiesel.
Segundo os habitantes da Terra Indígena (TI) Turé-Mariquita, pelo menos 10 homens fortemente armados avançaram sobre o território e atiraram contra um grupo de indígenas composto por homens, mulheres e crianças. Os disparos não acertaram ninguém, mas dois També ficaram feridos durante a ação.
Em um vídeo gravado no local das agressões e publicado nas redes sociais, Xandir de Miranda Tembé, que teve ferimentos leves, mostrou uma bala que teria sido disparada pelos seguranças e apontou ferimentos na boca de uma das vítimas.
"O pessoal da BBF veio aqui e machucou a gente. Bateram no primo e machucou muito ele. A gente [está] sem nenhuma arma, sem nada. É desse jeito que a gente briga. Eles atiraram contra a gente", narrou a liderança Tembé.
"Exigimos a investigação imediata e responsabilização dos envolvidos no ataque", publicou a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), maior organização indígena do país.
BBF diz que indígenas furtavam frutos
Em resposta, a BBF divulgou uma nota negando que os seguranças tenham agido com violência. A empresa acusa os indígenas de invadir "terras de propriedade da BBF" e de furtar "frutos" da fazenda.
"Foi a tentativa de mais uma invasão nas terras de propriedade da BBF realizada por um grupo formado por indígenas e quilombolas que atuam no furto e roubo de frutos em áreas da Companhia", justificou a BBF.
A empresa também negou que a ação tenha sido uma reintegração de posse, o que seria ilegal sem um mandado judicial.
"Podem ir embora", grita segurança armado
No vídeo, a liderança Tembé garante que as terras são ocupadas ancestralmente pelos indígenas. "Eu espero que esse pessoal tenha mais respeito por nós, porque isso não é o que se faz com indígena. Meu sangue corre aqui. Sou nascida e criada nessa terra, e dessa terra eu não saio".
Em outro registro divulgado por lideranças indígenas, seguranças armados aparecem apontando armas para os indígenas. Um segurança que segura uma arma longa grita: "podem ir embora".Indígenas e Quilombolas cercados pelo dendê
Indígenas e quilombolas denunciam violações sistemáticas dos direitos humanos desde 2020, quando a BBF comprou uma área de cultivo de dendê que margeia os dois lados da estrada de terra que leva até as comunidades.
Os moradores buscam a regularização de seus territórios, mas a empresa reivindica a propriedade de fazendas sobrepostas às áreas ancestralmente ocupadas. Enquanto isso, acumulam-se denúncias de truculência dos seguranças da BBF, com casos de agressão e disparo de tiros.
Segundo a Repórter Brasil, a BBF entrou no mercado paraense ao adquirir a Biopalma, então subsidiária da mineradora Vale, e hoje controla 56 mil hectares no estado.
A área de cultivo da empresa, equivalente a 78 mil campos de futebol, está localizada nas regiões do Vale do Acará e no Baixo Tocantins, maior região produtora de óleo de palma do Brasil.
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