Em cúpula no Gabão, países africanos pressionam por dinheiro para conservar o "outro pulmão do mundo"

Durante o encontro realizado em Librevile, os líderes africanos pressionam os países ricos a adotarem efetivamente o financiamento da conservação das florestas tropicais

Floresta tropical da Bacia do Congo, na África Equatorial, é hoje maior sumidouro de carbono do mundo
Floresta tropical da Bacia do Congo, na África Equatorial, é hoje maior sumidouro de carbono do mundo (Foto: Reprodução/Governo do Congo)


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 Da RFI - Começou nesta quarta-feira (1°) a cúpula One Forest, que reúne líderes internacionais para discutir a proteção das florestas tropicais no Gabão. O centro da discussão será mecanismos de financiamento para a conservação das florestas da Bacia do Congo, atualmente o maior sumidouro de gás carbônico do mundo, à frente da Amazônia e das florestas do sudeste asiático.

 Durante o encontro realizado em Librevile, os líderes africanos pressionam os países ricos a adotarem efetivamente o financiamento da conservação das florestas tropicais.

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 "É tempo que os países desenvolvidos honrem seus compromissos e financiem os esforços daqueles que os protegem, como foi acordado em Paris", afirmou o ministro do ambiente gabonês Lee White, fazendo alusão ao compromisso firmado em 2015 durante a COP 21 na capital francesa.

 Na cúpula, será dada atenção especial à bacia do Congo, região que conta 220 milhões de hectares de floresta, sendo a segunda maior atrás da floresta Amazônica.

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 Desde 2021, as florestas da bacia do rio Congo passaram a ser consideradas o "pulmão do mundo", ao se tornarem o local que mais estoca gás carbônico. A Amazônia atualmente emite tanto dióxido de carbono quanto é capaz de estocar e corre o risco de, nos próximos anos, emitir mais gases estufa do que é capaz de absorver.

 "A Amazônia começa a morrer por conta do aquecimento global e são as florestas tropicais da África Equatorial que resistem melhor e continuam a sequestrar o CO2. Mas há os primeiros sinais de alerta em nossa floresta. É o momento de agir, mas constatamos muito pouco empenho dos países ocidentais", sublinha White.

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 O Gabão, que recebe a cúpula, tem 88% de seu território coberto por florestas tropicais, mas vê seu capital ambiental ameaçado por outros interesses econômicos. O país africano tem um terço da população abaixo da linha da pobreza, e hoje depende da indústria petroleira.

 Mecanismos de financiamento

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 O economista e pesquisador do Cirad (Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica e de Desenvolvimento), Alain Karsenty, destaca que faltam atualmente mecanismos que remunerem os países que ainda não sofrem desmatamento massivo. 

 "Os mecanismos de remuneração que existem hoje pagam pela redução no desmatamento, o que significa que é preciso ter já um alto índice de desmatamento para poder baixar e receber essas ajudas. Não há instrumento financeiro que permita remunerar de maneira correta os esforços de conservação da floresta de pé", explica.

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 Durante a cúpula, convocada por iniciativa dos presidentes do Gabão e da França, Ali Bongo Ondimba e Emmanuel Macron, também serão discutidas maneiras de criar "cadeias mais sustentáveis" na exploração de produtos madeireiros e agroflorestais e identificar fontes de financiamento para esses projetos.

 Participam também do encontro chefes de Estado africanos, como Denis Sassou-Nguesso, do Congo-Brazzaville, e Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, da Guiné Equatorial. No entanto, nenhum presidente latino-americano aparece na lista.

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 Alarme para a África

 O encontro de dois dias servirá para soar o alarme ao mundo sobre a gestão dos recursos florestais no continente africano, considera Bonaventure Sonké, professor da Universidade de Yaoundé, em Camarões.

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 "Cerca de um terço das espécies da África tropical estão ameaçadas de extinção. Quando falamos em conservação, temos que pensar que o ser humano precisa desses recursos, mas também é preciso pensar em como preservá-los", salienta.

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