Desmatamento da Amazônia traz prejuízo de US$ 1 bilhão por ano aos agricultores

O documento emitido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) faz um alerta sobre como o desmatamento no Brasil tem sido “significativo”

Vista aérea de área desmatada da Amazônia no Mato Grosso
Vista aérea de área desmatada da Amazônia no Mato Grosso (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)


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Rede Brasil Atual - Em informe anual sobre a situação das florestas no mundo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) – agência da ONU – revela que o desmatamento no Brasil terá um impacto negativo também para os lucros dos agricultores pelas próximas três décadas. O órgão estima prejuízos de mais de US$ 1 bilhão por ano nesse setor, enquanto sua preservação poderia garantir renda ao Brasil. 

O informe, recém-lançado, foi divulgado nesta segunda-feira (2) pelo correspondente internacional Jamil Chade, em sua coluna no portal UOL. O documento faz um alerta sobre como o desmatamento no Brasil tem sido “significativo”. As conclusões dos pesquisadores também vão no sentido contrário às teses do governo de Jair Bolsonaro, como mostra a reportagem. O presidente da República insiste numa suposta necessidade de transformar áreas de proteção em locais de exploração econômica. O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, já chegou a defender, durante a Conferência do Clima na ONU, no final do ano passado, em Glasgow, que onde há muita floresta já muita pobreza. A FAO comprova, contudo, que os modelos de preservação da floresta podem conviver com o combate à pobreza. De acordo com a entidade, a preservação de um hectare garantia uma renda de US$ 800 dólares por ano na Amazônia brasileira. Enquanto o desmatamento contínuo só garantirá prejuízos. “As quedas de chuvas ligadas ao desmatamento no sul da Amazônia brasileira poderiam causar perdas agrícolas – por exemplo, quedas na produção de soja e pecuária – avaliadas em mais de US$ 1 bilhão por ano entre agora e 2050”, diz a FAO. O montante previsto é baseado em um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e da Universidade de Bonn, na Alemanha.

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Preservação: sinônimo de lucro

As florestas, atualmente, cobrem 4,06 bilhões de hectares, 31% da superfície terrestre do mundo. Uma área que vem diminuindo significativamente nos trópicos, conforme aponta o informe. A estimativa é que 420 milhões de hectares de floresta foram desmatados entre 1990 e 2020. “Embora a taxa tenha declinado durante o período, desmatamento foi ainda estimado em 10 milhões de hectares por ano em 2015-2020, aproximadamente 0,25%”, constata a entidade.

A FAO descreve ainda que a devastação não foi totalmente acompanhada por um reflorestamento, estimado em cerca de 5 milhões de hectares por ano durante o mesmo período. Segundo o correspondente internacional, Brasil, Canadá e Rússia abrigam mais da metade – 61% – das florestas primárias do mundo. Mas apenas o Brasil “tem experimentado perdas florestarias substanciais”. Para a FAO, indígenas e pequenos agricultores são a chave para a manutenção das florestas em pé. A entidade também cita diversos estudos que mostram que “o aumento da produtividade das terras agrícolas e da pecuária, combinado com políticas públicas e de mercado adequadas, podem ajudar a estabilizar a fronteira florestal na Amazônia brasileira”.

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Ela chama atenção para a redução na taxa de desmatamento de mais de 80% alcançada durante os governos do PT, entre 2004 e 2014. A qual atribui a uma combinação de políticas governamentais, como o reforço da aplicação da lei. Uma das apostas é que pequenos proprietários, comunidades locais e povos Indígenas são “cruciais” para a implementação dos três caminhos que podem apoiar a recuperação econômica e ambiental. O primeiro deles, deter o desmatamento e manter as florestas. Assim como restaurar as terras degradadas e expandir a agroflorestação. E, em terceiro, utilizar de forma sustentável as florestas e construindo cadeias de valor verdes. 

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