COP27: “Brasil vai dar exemplo e intensificar proteção da Amazônia”, diz Marina Silva no Egito
Durante um encontro com a imprensa em Sharm el-Sheikh, Marina estimou que o Brasil dará "o exemplo" em escala mundial ao perseguir reflorestamento de 12 milhões de hectares
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RFI - O Brasil intensificará a proteção da Amazônia sem condicionar suas ações à ajuda internacional. Foi o que disse, neste sábado (12), a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, integrante da equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva à COP27.
Cotada para assumir novamente o ministério, Marina Silva (Rede) descreveu essa luta como uma "prioridade estratégica", após quatro anos de governo Bolsonaro marcados, segundo destacou, por um aumento acentuado do desmatamento e das queimadas na maior floresta tropical do planeta.
Durante um encontro com a imprensa em Sharm el-Sheikh, onde é realizada a COP27 e onde o presidente eleito Lula é esperado na próxima semana, ela estimou que o Brasil dará "o exemplo" em escala mundial ao perseguir uma meta de reflorestamento de 12 milhões de hectares.
Marina Silva estimou que a visita de Lula, prevista para terça-feira (15) em Sharm el-Sheikh, demonstrará que "o Brasil está recuperando sua posição de parceiro do meio ambiente no sistema multilateral".
Ela assegurou que o país agirá "por seus próprios meios" no combate ao desmatamento, sem condicionar seus esforços à retomada da ajuda internacional, suspensa por muitos países por causa das políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que favoreceu a agroindústria às custas da floresta amazônica. Em 2021, a destruição desse bioma atingiu um nível recorde em 15 anos, devido à política do governo de promoção do garimpo e das atividades agropecuárias, inclusive em áreas de proteção permanente.
No entanto, ela disse ter ficado satisfeita com o fato de a Noruega e a Alemanha terem anunciado, após a vitória de Lula, que estavam prontas para retomar o seu apoio financeiro, cortado em 2019 logo após a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, e disse que o Brasil buscaria parceiros adicionais. A Noruega é o maior contribuinte desse fundo. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente do país nórdico, há atualmente US$ 641 milhões disponíveis.
Para Marina Silva, a ajuda internacional também pode ser útil para promover a chamada bioeconomia. Segundo a ex-ministra, um dos caminhos é fortalecer a agricultura familiar na Amazônia para aumentar a produtividade nas fazendas existentes por meio de tecnologias mais modernas.
Marina Silva insistiu na necessidade de criar uma estrutura específica para coordenar a ação climática entre os diferentes ministérios do futuro governo. "É algo inovador, e eu diria que algo potente", declarou.
A Amazônia é o maior sumidouro de carbono do mundo, essencial para o combate às mudanças climáticas, mas agora está muito frágil e, segundo um estudo publicado em março, está se aproximando de um "ponto de inflexão" mais rapidamente do que o esperado.
A aliada de Lula reconheceu que há uma tarefa urgente para recompor os orçamentos destinados à preservação da Amazônia, que sofreram cortes durante a gestão Bolsonaro, e também as equipes especializadas em conservação. "A recomposição das equipes não é algo difícil, é substituir pessoas inadaptadas, militares que não entendem de meio ambiente", por "equipes técnicas" que hoje "estão ameaçadas, assediadas pelo atual governo", assinalou na COP27.
Ela enfatizou que será necessário revisar o mercado de crédito de carbono, para evitar que empresas de energias fósseis utilizem esse dispositivo para melhorar sua imagem e não reduzir suas emissões. "Não acho que se deva perpetuar a geração de energia fóssil se apoiando nestes créditos. Essas empresas vão ter que transitar para um modelo de gerar energia, e não apenas de vender petróleo", explicou Marina Silva. "Esse é o caminho que, com certeza, será perseguido no Brasil, que também é um produtor de petróleo", e que, portanto, utilizará "esse recurso que ainda é necessário para fazer a transição para outras fontes de geração de energia", acrescentou.
COP no Brasil
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, deverá aproveitar a sua presença na Conferência do Clima (COP27), no Egito, para anunciar a criação do cargo de Autoridade Nacional do Clima e apresentar um convite para que uma das próximas COPs, possivelmente a de 2025, aconteça no Brasil, disseram à Reuters fontes que acompanham o assunto.
A proposta da criação da ANC -inspirada no modelo adotado pelo governo norte-americano de Joe Biden, que colocou neste posto o ex-senador John Kerry- já havia sido levantadada durante a campanha presidencial e foi endossada por Lula, ao ser apresentada por Marina Silva como uma de suas propostas ao declarar apoio à candidatura petista.
Respeitada internacionalmente nos temas ambientais, a deputada eleita por São Paulo e ex-ministra do Meio Ambiente é atualmente, de acordo com fontes da campanha petista, o nome mais cotado para o cargo, previsto para coordenar os esforços interministeriais ligados ao tema.
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