Comunidades que disputam terra com sojeiros denunciam pulverização aérea de agrotóxicos sobre crianças

Comunidade em Araçá, no Maranhão, suspeita que o sojeiro Gabriel Introvini esteja por trás dos ataques que deixaram crianças com a pele em carne viva. Episódios semelhantes foram relatados pelas famílias que ocupam a fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco no Pará

(Foto: Reprodução/YouTube)


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247 - Comunidades que disputam terras com sojeiros e grandes fazendeiros pelo país vem denunciando a prática de pulverização aérea de agrotóxicos. Em 20 de abril, em Araçá, município de Buriti, no Maranhão, foram registrados voos de uma aeronave pequena que despejou veneno indiscriminadamente na população. 

"Ao ouvir o ruído do avião, André, 7 anos, correu para fora de casa vibrando de alegria. Estava curioso porque nunca tinha visto uma aeronave de perto e aquela sobrevoava baixo o suficiente para enxergar o piloto dentro. Correndo atrás do avião, sentiu gotículas caírem sobre o seu corpo. E então a sua alegria acabou. André começou a sentir uma coceira brava, tão persistente que não conseguiu dormir à noite. A pele amanheceu seca, com caroços. Manchas vermelhas se abriram em feridas e partes da pele ficou – e ainda está – em carne viva. Em vídeo enviado por sua mãe, é possível ver feridas abertas na sua cabeça, nas mãos, nos pés e nas pernas", diz a reportagem da Repórter Brasil. 

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O presidente da associação de moradores, Edimilson Silva de Lima, conta que, dos 80 moradores, ao menos 8 relataram sintomas de intoxicação como coceiras, febre e manchas no corpo. Ele acredita ser possível que mais pessoas foram intoxicadas.

A comunidade suspeita que o sojeiro Gabriel Introvini esteja por trás dos ataques. O advogado da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos Diogo Cabral afirmou que o avião vinha de terras alugadas por Introvini.

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Denúncias das comunidades e uma operação policial apontam Gabriel e seu filho, André, como responsáveis por tentativas de expulsar moradores locais, roubo de terras e pelo desmatamento ilegal do cerrado.

"Recebi um recado que eles iam colocar o veneno pior que eles tivessem na porta da minha casa pra que eu não suportasse e desocupasse a área", denunciou o agricultor Vicente de Paulo Costa Lira, morador da comunidade de Carranca.

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A reportagem relata acontecimentos semelhantes vividos pelas famílias que ocupam a fazenda Santa Lúcia, no município de Pau D’Arco no Pará. "No dia 6 de março, Juan Rodrigues, de 14 anos, estava conversando com sua mãe, quando viu o avião passar perto da casa da família. 'Na hora eu senti mal, minha boca ficou seca, parece que a saliva sumiu. Nos dias depois me deu dor de cabeça'”.

O local ficou conhecido como o centro da chacina do Pau D'Arco, em maio de 2017, quando policiais civis e militares mataram dez trabalhadores que resistiram a ordens de despejo. Em janeiro deste ano, a principal testemunha do massacre, Fernando Araújo dos Santos, foi executado com um tiro na nuca. 

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