Coca-Cola, patrocinadora da COP27, lidera ranking de empresas que mais geram lixo plástico no mundo
Classificação feita pela ONG Break Free From Plastic (Liberte-se do plástico) foi divulgada na última terça-feira (15/11)
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RFI - De acordo com a classificação de 2022 da ONG Break Free From Plastic, divulgada nesta terça-feira (15/11), a Coca-Cola é a empresa que mais gera lixo plástico no mundo. O patrocínio é considerado "incompatível" com a luta contra as mudanças climáticas defendida no evento.
"É uma pura operação de 'greenwashing'", denuncia a coordenadora da Break Free From Plastic, Emma Priestland, ao jornal Le Monde. Pelo quinto ano consecutivo, a multinacional ocupa o topo da lista organizada pela ONG, ao mesmo tempo em que é uma das patrocinadoras da 27ª Conferência do Clima da ONU (COP27).
A cada ano, a Break Free From Plastic, grupo formado por milhares de associações, envia cerca de 200 mil voluntários a 87 países para recolher lixo plástico na natureza: praias, rios, parques, florestas, ruas. A missão da organização não é simples, já que o objetivo é identificar as marcas por trás dos detritos.
Segundo o relatório divulgado nesta terça-feira, em 2022, mais de 31 mil dejetos pertencentes à Coca-Cola foram recolhidos em cerca de 40 países, um número que mais do que dobrou em relação a 2021 e triplicou desde 2018. Nos últimos cinco anos, os voluntários da Break Free From Plastic recolheram mais de 85 mil detritos da multinacional americana na natureza.
Patrocínio da COP27 é "chocante"
Para Emma Priestland, o patrocínio da Coca-Cola à COP27 é "chocante". Segundo a ONG, 90% do plástico utilizado para engarrafar a bebida é fabricado a partir de combustível fóssil. A cada ano, mais de 100 bilhões de garrafas saem das usinas da multinacional. Segundo o Greenpeace, essa produção representa cerca de 15 milhões de toneladas de CO2.
No entanto, a Coca-Cola não é a única responsável por ocupar o trágico ranking. Depois da multinacional americana, o ranking de 2022 é ocupado respectivamente pela Pepsico, Nestlé, Unilever e Mondelez Internacional. "Chega! Vocês, poluidores, precisam parar de pressionar os consumidores. É a vez de vocês colocarem um fim à poluição plástica", diz a Break Free From Plastic em um vídeo divulgado nesta terça-feira.
Vários outros patrocinadores da COP27 também estão aquém do engajamento ambiental defendido no evento. É o caso da Microsoft, a maior parceira tecnológica da indústria petroleira e do gaz. O envolvimento cada vez mais comum de multinacionais nas conferências da ONU não é uma mera coincidência.
"Em Varsóvia, em 2013, de 3% a 5% do orçamento da COP19 foi financiada pelo setor privado", afirma ao jornal Libération Jesse Bragg, um dos porta-vozes da ONG Corporate Accountability International. A organização lidera a campanha "Kick Big Polluters Out of Climate Policy" (Tirem os grandes poluidores das negocições sobre o clima), que lançou no início deste mês uma iniciativa contra o "greenwashing" das grandes companhias.
Coca-Cola se defende
Em um comunicado no site da COP27, a multinacional americana afirma que "o meio ambiente é uma questão-chave" para a empresa. A Coca-Cocla alega "compartilhar o objetivo de eliminar o lixo dos oceanos" e trabalhar para "reduzir em 25% as emissões de gás de efeito estufa até 2030 em relação a 2015".
As justificativas, no entanto, não convencem ambientalistas e parte dos consumidores mais atentos. Uma petição online de autoria de Georgia Elliott-Smith, uma das delegadas da COP26 em Glasgow, criada há duas semanas, reuniu até o momento quase 250 mil assinaturas. Os signatários pedem que a marca seja retirada da lista de patrocinadores do evento.
Para a ONG Corporate Accountability International, a presença da Coca-Cola na COP27 é "o último sinal do profundo controle corporativo sobre as Nações Unidas, sob o disfarce da chamada parceria múltipla". "Em vez de regulamentar as grandes corporações maciçamente responsáveis pela maioria das emissões globais até o momento, os poluidores estão recebendo 'oportunidades únicas' para patrocinar negociações políticas para enfrentar as crises globais que eles estão ajudando ativamente a exacerbar".
Em outras palavras, "é como se tivéssemos convidado a indústria do tabaco para as negociações sobre o controle do tabagismo ou os motoristas de trânsito contra os crimes de trânsito!", denunciam as ONGs que integram a campanha "Kick Big Polluters Out of Climate Policy".
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