Caso ianomâmi: governo Bolsonaro foi alertado, mas não adotou providências para não atrapalhar campanha eleitoral

A Funai encontrou 32 pontos ativos de garimpo em cerca de 800 km

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein)


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247 - A Fundação Nacional do Índio (Funai) enviou em agosto de 2022 um documento para o Ministério da Justiça, comandado por Anderson Torres, pedindo providências "urgentes, efetivas e assertivas" para ajudar indígenas ianomâmis em Roraima. Mas o governo Jair Bolsonaro (PL) não colocou em prática medidas de proteção dos nativos após receber o alerta da Funai, que encontrou 32 pontos ativos de garimpo em cerca de 800 quilômetros (km) percorridos nas calhas dos rios Uraricoera, Couto Magalhães, Auaris, Parima e Mucajaí.

"Entrou período eleitoral, estava com grande dificuldade de recursos nos ministérios", justificou Hamilton Mourão, atual senador pelo Republicanos-RS e vice-presidente da República na época. O relato foi publicado no portal Uol.

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A região de Uxiú, em Roraima, foi alvo de um ataque de garimpeiros em 29 de abril do ano passado: um indígena morreu com um tiro na cabeça e outros dois, baleados. No dia seguinte, oito corpos de não indígenas foram encontrados na região. A PF investiga as mortes.

No sobrevoo, a Funai identificou mais de 80 pontos ligados ao garimpo e fotografou quase todos eles. Garimpeiros mantinham ao menos 18 pistas de pouso só na área inspecionada, além de 13 pontos de apoio e três áreas descritas como portos.

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Outro lado

O documento da Funai foi enviado em 12 de agosto à Superintendência da Polícia Federal em Roraima e à Seopi (Secretaria de Operações Integradas) do Ministério da Justiça. Duas semanas depois, o então vice-presidente e hoje senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) demonstrou conhecimento da crise humanitária dos ianomâmis.

Na abertura de uma reunião de 30 de agosto, Mourão fala da necessidade de uma grande operação. "[O vice-presidente] Informou que garimpeiros continuam invadindo a área yanomami e que, por esse motivo, há necessidade de ser deflagrada uma operação de grande envergadura", consta na ata da reunião.

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Ao portal Uol, Mourão disse que dificuldades financeiras foram o motivo da falta de ações do governo. "Entrou período eleitoral, estava com grande dificuldade de recursos nos ministérios. Uma operação custa dinheiro porque tem que mobilizar aeronave, hora de voo, trazer gente de vários lugares do país. Ela não é barata. Não foi feito pedido formal nenhum, já tínhamos feito várias operações [na Amazônia]. [...] Em áreas inóspitas e mais afastadas como é a TI Yanomami requer uma mobilização maior de meios e de pessoal".

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