Cármen Lúcia inclui presidente do Ibama em inquérito que investiga Salles
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, são acusados de cometer delitos de advocacia administrativa, dificultar a fiscalização ambiental e impedir a investigação de infração penal que envolva organização criminosa
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247 - A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a inclusão do presidente do Ibama, Eduardo Bim, no inquérito que apura crimes do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A magistrada deu 30 dias para a Polícia Federal concluir as diligências necessárias, o que inclui a oitiva do presidente do Ibama, e encerrar as investigações.
Salles e Bim são acusados de cometer delitos de advocacia administrativa, obstar ou dificultar a fiscalização ambiental e impedir ou embaraçar a investigação de infração penal que envolva organização criminosa.
A ministra do STF, nesta segunda-feira, 7, negou um pedido da defesa de Ricardo Salles para retirar dos autos uma petição para que sejam juntados ao processo documentos relativos a outras investigações contra ele.
Na semana passada, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a abertura do inquérito contra Ricardo Salles, mas não incluiu Bim, que tem nome listado como um dos envolvidos na notícia crime encaminhada pela PF. Segundo Carmen Lúcia, a situação fática e jurídica do presidente do Ibama é semelhante à de Salles.
A notícia-crime foi apresentada pelo ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva. Saraiva acusa Salles de tentar atrapalhar a Operação Handroanthus, que investiga um esquema de desmatamento ilegal na região.
A Operação Handroanthus, da PF, investiga a importação ilegal de madeira brasileira aos Estados Unidos e resultou na apreensão de cerca de 200 mil metros cúbicos de madeira extraída por organizações criminosas.
Esta é a segunda investigação contra Salles no STF. A primeira está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que resultou até em operação de busca e apreensão contra o ministro do Meio Ambiente e foi batizada de Operação Akuanduba, na qual Bim também é alvo.
Desmatamento em terras indígenas aumenta 150%
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam o resultado das políticas ambientais de Jair Bolsonaro e do ministro Salles. O desmatamento na Amazônia cresceu 46% nos primeiros dois anos do atual governo se comparados ao período entre 2017 e 2018, chegando a mais de 21 mil km2 desmatados. Este é o maior número da década em dois anos consecutivos.
Em unidades de conservação, a taxa de desmatamento saltou 62% nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro em comparação aos dois anos anteriores. Nas terras indígenas o número é ainda mais aterrorizante: um crescimento de 150%.
Nesta sexta-feira, 4, o Inpe divulgou que o desmatamento em maio deste ano cresceu 40% em relação ao mesmo mês do ano passado.
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