“Universidades são um espaço de embranquecimento”, diz Bárbara Carine

A professora da UFBA destacou a importância de políticas de permanência para as universidades brasileiras, pois mesmo após o avanço gerado por políticas de inclusão, elas ainda são espaços que representam “o homem, branco, cis e capacitista”. Assista

Bárbara Carine
Bárbara Carine (Foto: ABr | Reprodução)


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247 - A professora do Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA) Bárbara Carine defendeu, em entrevista à TV 247, a criação de novas políticas de permanência nas universidades brasileiras, que assegurem que estudantes negros e minoritários completem seus estudos. Durante participação no programa Giro das 11, ela relatou a sua própria experiência de vida universitária e de como foi difícil se sustentar até o final do curso, tendo que pagar transporte, alimentação e enfrentar diversos desafios.

Apesar do avanço gerado por políticas de inclusão, explicou a professora, o caráter branco, heteronormativo e capacitista das universidades não foi alterado. “A gente tem um histórico de políticas de ações afirmativas de acesso desses corpos, que não tem esse pertencimento. Das pessoas negras, das pessoas trans, de pessoas com deficiência, de pessoas que não estão no escopo desse sujeito universal, que é o homem, branco, cis, que performa a heteronormatividade, capacitista, que a gente tem tanto em mente como o humano. Essas pessoas tiveram a possibilidade de acessar [a universidade]”, disse Bárbara, que é fundadora em Salvador da Escola Afro-Brasileira Maria Felipa.

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Políticas de permanência, como um restaurante universitário e redes de transporte público entre as faculdades, são fundamentais para garantir o bem-estar dos alunos, defendeu. “Essas políticas também se estenderam no sentido da permanência. Eu não tive acesso, por exemplo, a um restaurante universitário, que está dentro do escopo de uma política de permanência. Passei quatro anos da minha universidade comendo enroladinho de salsicha com um refresco por dois reais na hora do almoço, porque eu tinha que sair da universidade para ir dar as minhas aulas particulares”, lembrou.

“Estou falando aqui no escopo da minha existência enquanto uma mulher negra, para as pessoas negras. Isso coloca a reflexão para todos aqueles que são tidos como outro nesse espaço, que é um espaço branco, patriarcal, cisgênero, capacitista. Essas instituições geralmente reverberam na vida desses estudantes como um espaço de embranquecimento, no entendimento da negação de si”, completou Carine.

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Um estudo divulgado na sexta-feira (27) trouxe o debate para um estágio de alerta ainda maior, apontando para o retrocesso em contexto de pandemia. O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), maior porta de entrada para a universidade pública no país, registrou em 2021 o menor número de inscritos desde 2007, com uma queda mais acentuada na participação de negros, pardos e indígenas, em comparação com a última edição da prova.

Na edição de 2020, eram aproximadamente 2,7 milhões de estudantes pardos - neste ano, foram 1,3 milhão (redução de 51,7%). A queda também ficou acima de 50% entre pretos (53,1%) e indígenas (54,8%). Por outro lado, considerando os candidatos brancos, a diminuição foi mais sutil: de 35,8%. A conclusão é de um levantamento do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp), feito a pedido da Globonews.

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