Noam Chomsky: Europa sofrerá declínio e desindustrialização se ficar no sistema dominado pelos EUA

Intelectual afirma que a região deveria se aproximar mais da China

Noam Chomsky
Noam Chomsky (Foto: Reprodução/BBC)


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Sputnik – A Europa enfrentará um provável declínio e desindustrialização se optar por permanecer dentro do sistema dominado pelos Estados Unidos, alertou o renomado acadêmico e filósofo norte-americano Noam Chomsky em entrevista à Sputnik. Chomsky levantou questionamentos importantes sobre o futuro da Europa e sua relação com os EUA, destacando a necessidade de tomar uma decisão crucial.

"Será que a Europa vai permanecer dentro do sistema dominado pelos EUA, enfrentando um provável declínio e, até mesmo, a desindustrialização? Ou vai buscar se adaptar ao seu parceiro econômico no Leste, rico em recursos minerais que a Europa precisa e uma porta de entrada para o lucrativo mercado da China?", questionou Chomsky.

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O acadêmico ressaltou que essas questões vêm sendo discutidas de uma forma ou de outra desde a Segunda Guerra Mundial. Ele expressou sua esperança de que a Europa se incline para a visão do ex-líder soviético Mikhail Gorbachev, que propunha a criação de um "lar europeu comum" que se estendesse de Lisboa a Vladivostok, livre de alianças militares e com esforços conjuntos em direção a um futuro social-democrata.

Enquanto a Europa tem a opção de seguir essa visão de cooperação e integração, os Estados Unidos escolheram adotar a opção atlantista, baseada na OTAN. Chomsky observou que a OTAN tem se expandido recentemente na região do Indo-Pacífico, em uma tentativa liderada por Washington para envolver a Europa em seu confronto com a China. O filósofo expressou o desejo de que o futuro caminhe em direção à visão de Gorbachev antes que seja tarde demais.

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Chomsky também mencionou um acordo firmado entre o ex-presidente dos EUA George H.W. Bush e Mikhail Gorbachev, no qual concordaram que a Alemanha deveria ser unificada e se juntar à OTAN, mas a aliança militar não deveria se expandir "uma polegada para Leste" da Alemanha. O filósofo destacou que o presidente Bush cumpriu o acordo, mas seu sucessor, Bill Clinton, o violou, ignorando objeções tanto de diplomatas de alto nível quanto de uma ampla gama de analistas políticos, que alertaram que a expansão da OTAN era imprudente e provocativa.

Vladimir Putin, presidente da Rússia, tem apelado repetidamente para a formação de uma Europa unida e pacífica, desde Lisboa até Vladivostok, mostrando-se favorável à visão de Gorbachev. Essa visão busca uma ordem mundial multipolar, baseada nas Nações Unidas, em contraposição a um sistema unipolar no qual os Estados Unidos ditam as regras e as desconsideram quando convém.

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Chomsky concluiu afirmando que há muita controvérsia sobre a forma do sistema mundial emergente, mas a esperança de uma Europa que busque novos caminhos de cooperação e integração se mantém. Resta saber se a Europa será capaz de tomar a decisão certa para seu futuro e evitar um possível declínio e desindustrialização no sistema dominado pelos Estados Unidos.

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