Matthew Ehret explica conspiração de Steve Bannon contra a China

A conspiração de Steve Bannon e Soros contra a China

Steve Bannon
Steve Bannon (Foto: Steven Hirsch/Pool via REUTERS)


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Artigo de Matthew Ehret publicado no site do autor em 02.01.23. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

“Eu considero Xi Jinping o inimigo mais perigoso das sociedades abertas do mundo.” – George Soros, 2011
“A China emergiu como a maior ameaça econômica e de segurança nacional que os EUA jamais enfrentaram.” – Steve Banon, 2019 Como Derrubar o Partido Comunista da China

Em 4 de junho de 2020, o expurgado bilionário operativo do Estado profundo Guo Wengui (aka: Miles Guo), que agora opera da cidade de Nova York, estabeleceu uma nova organização chamada de ‘O Novo Estado Federal da China’, com uma nova bandeira brilhante, uma constituição e um hino “cheesy” — devotada inteiramente à derrubada do governo chinês… o que indubitavelmente ocorrerá a qualquer dia, segundo a mais selvagem imaginação de Guo.

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Quando este projeto foi lançado, Steve Bannon e Guo estavam lado a lado no iate de US$ 28 milhões do milionário asiático no porto de Nova York, tendo a Estátua da Liberdade como pano de fundo e aviões sobrevoando, carregando bandeiras que anunciavam o novo Estado Federal da China.

Desde 2014, quando ele escapou da prisão na China, Guo logo fez uma parceria com Steve Bannon, financiando o seu programa de radiodifusão ‘War Room’, tornando-se co-fundador de diversas plataformas de mídias e de fundações como a GTV, Gnews, a Fundação do Estado de Direito e a Sociedade do Estado de Direito.

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Apresentando Miles Guo

Miles Guo representava-se como um típico oligarca local na China, acumulando uma vasta fortuna que teve o seu ápice acima de US$ 1 bilhão em 2014, quando ele era o chefe da imobiliária Zenith Enterprises e do Morgan Investments (um tentáculo da JP Morgan na China).

Porquanto jamais tenha se tornado membro do Partido Comunista — diferentemente da figura desgraçada do Estado profundo Jack Ma, do site Alibaba e famoso em Davos — Guo fez a sua fortuna de maneira muito similar aos oligarcas russos nos anos liberalizantes de 1990: via chantagens, suborno e “plunder”. Na China dos anos de 1990, exatamente como vimos durante os anos de 1990 na Rússia, uma vasta “looting” predatória ocorreu “para” as mãos de piratas sem consciência comprometidos com os seus controladores ocidentais em Londres e em Wall Street.

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Guo estava dentre o primeiro bando de jovens sociopatas que desempenharam um papel na tentativa de fazer uma revolução colorida financiada por Soros e liderada pelo ativo de Soros, Zhao Ziyang (ex-Premier de 1980 a 1987 e chefe do Partido Comunista Chinês de 1987 a 1989).

Quando Zhao foi removido do poder em junho de 1989, durante a sua tentativa de golpe de Estado na Praça Tiananmen, que levou ao banimento vitalício de Soros mais tarde durante aquele ano, Guo foi um dentre as centenas de ativos de Zhao que foram presos, tendo passado quase dois anos na prisão no início dos anos de 1990. [1]

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Após a sua libertação, Guo voltou rapidamente ao trabalho, reconstruindo o seu império sem se furtar de usar truques sujos e com a ajuda de figuras importantes do ministério de segurança do estado da China e da bilionária gangue de Shanghai e dos ex-presidentes do PCCh Jiang Zemin (1989-2002) e Hu Jintao (2002-2012).

A sorte de Guo acabou em 2014, quando ele se viu enfrentando dezenas de acusações de suborno, extorsão, chantagens e estupros. O inevitável julgamento de Guo foi alimentado por um desmanche muito maior do estado profundo da China, liderado pela campanha anticorrupção de Xi Jinping.

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Xi Jinping drena o pântano

Entre 2012 e 2022, mais de 4,7 milhões de autoridades do partido chinês enfrentaram punições sob acusações de subornos e corrupção, quando os grupos de fachada da CIA ligados ao National Endowment for Democracy (NED) foram desligados dos seus apoiadores ocidentais. Os operativos os serviços de inteligência dos EUA, incluindo o neocon John Bolton, concederam isto num artigo da Bloomberg de 10 de novembro de 2021, que dizia:

“Os esforços ‘sweeping’ de Xi para mudar a política doméstica da China e consolidar o seu controle também ‘taken a toll’ aos serviços de inteligência estadunidenses… A mudança de um sistema de liderança ‘coletiva’ sob os antigos presidentes Jiang Zemin e Hu Jintao para um dominado por Xi significou que a CIA teve que mudar seu foco dos círculos internos de sete ou até nove altos líderes para, efetivamente, apenas um.”

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Alguns exemplos de altas autoridades purgadas de posições de vastos poderes na China incluem autoridades do Ministério de Segurança do Estado como Ma Jian (vice-ministro de Segurança Pública de 2006 a 2015) e Zhou Youngkang (ministro de Segurança Pública de 2002 a 2007) — os quais foram presos em 2015 e 2018, respectivamente.

Segundo o repórter investigativo Pepe Escobar, ambos estes homens eram manipulados por Miles Guo e foram aliados íntimos de Ling Jihua (Chefe da “Staff” de Hu Jintao) — que foi condenado por suborno e sentenciado à prisão vitalícia em 2016. Um outro associado desta “hive” foi Sun Zhengcai, que se viu sendo expulso como membro do Politburo e sentenciado à prisão vitalícia em 2018. No topo desta lista, estava o antigo vice-ministro da Polícia Sun Lijun, preso em 2022 sob a acusação de corrupção. O chefe chinês da Interpol Meng Hongwei foi aprisionado por 13,5 anos em 2019 por acusações de suborno, enquanto o antigo Ministro da Justiça Fu Zhenghua recebeu uma sentença suspensa de morte em 2021.

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Uma lista muito mais longa se segue, mas já dá entender o ponto.

Miles Guo chega aos EUA

Enquanto os seus manipuladores e associados iam para a prisão, a utilidade de Guo na China se esgotou; então, ele juntou-se a milhares de outros traidores bilionários que receberam santuários no exterior, onde ele foi posto a trabalhar nos EUA, conduzindo operações assimétricas de guerra contra a sua pátria.

Em janeiro de 2021, dois ‘think-tanks’ controlados por Bannon e Guo sob os nomes de Sociedade do Estado de Direito e Fundação do Estado de Direito financiaram o relatório conduzido pelo pesquisador Dr. Li Meng, baseado em Hong Kong, que apontou a China como a agência singular que espalhou o vírus da COVID-19 no mundo. Apesar desta alegação não estar baseada em qualquer evidência verdadeira, as suas conclusões foram amplificadas através de ‘think-tanks’, agências governamentais e canais de mídias ocidentais, enquanto ignoravam os laboratórios biológicos 320+ controlados pelo Pentágono e espalhados por todo o planeta.

Dentre os amigos íntimos de Guo estavam ninguém menos do que Tony Blair (que escreveu uma carta de recomendação para Guo quando ele se inscreveu para comprar o seu primeiro condomínio de US$ 60 milhões em Nova York, em 2015) e Connie Morgan, herdeira da dinastia JP Morgan, que também é uma importante apoiadora do Estado Federalista da Nova China de Guo.

Durante um evento em 4 de junho de 2022, celebrando o segundo aniversário do Estado Federalista da Nova China (e o aniversário da falida revolução colorida da Praça Tiananmen), Guo entrevistou a senhora Morgan, quando a herdeira explicou que o clã Morgan são heróis estadunidenses, por terem salvado os EUA na época das crises financeiras de 1903 e 1913; isto foi reenfatizado por Guo, que sentiu orgulhosamente que ele havia passado a limpo o registro histórico de uma vez por todas.

No meio da sua entrevista, Guo declarou:

“A senhora Morgan deixou muito claro. Não havia “stakeholders” da família Morgan no Federal Reserve, nem eles se envolveram com o estado profundo. Portanto, isto são rumores… A família Morgan é constituída de verdadeiros patriotas dos EUA”.

Uma palavra sobre Steve Bannon 

Vale a pena tomar um momento para revisar o papel desempenhado pelo íntimo associado e devoto combatente da Guerra Fria anti-China Steve Bannon, a quem o presidente Trump corretamente chutou para fora da sua equipe em agosto de 2017.

Desde 2017 até o presente, Bannon tem trabalhado duro para agrupar apoiadores de Trump na direita estadunidense e europeia numa frente unida anti-chinesa, enquanto faz reviver com vingança a doutrina neocon de “conflito de civilizações” — modificada como exceção para uma audiência da direita alternativa que desconfia das táticas convencionais dos neocons tradicionais.

Um dos principais canais que Bannon escolheu desde o início para desenfrear este assalto se intitulava Comitê sobre o Perigo Presente da China — o qual ele fundou em março de 2019, junto com um grupo de operadores de inteligência, neocons raivosos e golpistas. Rotulando a Nova Rota da Seda da China como um novo império que ameaça desfazer os EUA e escravizar o mundo, o ‘think-tank’ de Bannon declarou:

“Assim como ocorreu com a União Soviética no passado, a China comunista representa uma ameaça existencial e ideológica para os EUA e para a ideia da liberdade — uma ameaça que requer um novo consenso estadunidense com relação às políticas e prioridades requeridas para derrotar esta ameaça.”

Bannon também se viu trabalhando cada vez mais proximamente com o culto anti-Beijing Falun Gong financiado pela CIA — o qual está banido na China desde 1999 e foi usado pela CIA como uma arma de propaganda contra a China, alegando evidências anedotais de que Beijing estivesse roubando órgãos humanos e matando minorias religiosas.

Apesar de venderem-se a si próprios como um grupo de meditação, o seu líder Li Hongzhi localiza-se nos EUA, onde ele tem vivido num “427-acre compound” chamado de “Dragon Springs” no estado de Nova York, comandando um império cultural e de mídias multibilionário em dólares. Semelhantemente à Igreja de Cientologia, os iniciados do culto de Li são levados a acreditar que o seu guru fundador tem poderes mágicos que permitem que ele cure todas as doenças, leia mente e levite. Também é dito a eles que o mestre tem poderes mágicos que impedem que forças do mal que vivem em outros planetas ou até em outras dimensões destruam o mundo.

Como foi registrado numa entrevista de 1999 na revista Time Magazine, Li Hongzhi prega que ele é a única salvação da humanidade — a qual se tornou corrupta por alienígenas interdimensionais que se apossaram dos corpos dos seres humanos no último século e que levaram à corrupção, promovendo progressos científicos durante todo o século XX. Vale a pena rever aqui uma parte desta entrevista:

Li Hongzhi: … desde o início deste século, os alienígenas começaram a invadir as mentes humanas, a sua ideologia e a sua cultura.

TIME: De onde eles vêm?

Li: Os alienígenas vêm de outros planetas. Os nomes que eu uso para estes planetas são diferentes. Alguns deles são de dimensões que os seres humanos ainda não descobriram… Os alienígenas introduziram máquinas modernas, como computadores e aviões. Eles começaram ensinando a espécia humana sobre a ciência moderna, de modo que as pessoas acreditam cada vez mais na ciência e, espiritualmente, elas são controladas pelos alienígenas. Em termos de cultura e espírito, eles já controlam os humanos. A humanidade não consegue viver sem a ciência.

[…]

TIME: Você é um ser humano?

Li: Você pode me considerar como um ser humano.

TIME: Você é da Terra?

Li: Eu não desejo falar sobre mim mesmo como estando em um nível superior. As pessoas não entenderiam isso.

TIME: O que os alienígenas estão procurando?

Li: Os alienígenas usam muitos métodos para impedir que as pessoas se libertem da manipulação deles. Eles fazem com que os terráqueos tenham guerras e conflitos, e desenvolvam armas usando a ciência — tornando a espécie humana mais dependente da ciência e tecnologia avançadas. Desta maneira, os alienígenas introduzem as suas coisas e fazem preparativos para substituírem os seres humanos. A indústria militar conduz outras indústrias, como a de computadores e equipamentos eletrônicos.

TIME: Você pode descrever isto?

Li: Um tipo se parece com um ser humano, mas tem um nariz feito de osso. Outros se parecem com fantasmas. No início, eles pensaram que eu estava tentando ajudá-los. Agora, eles abem que eu os estou varrendo para fora.

Bannon tem tido uma interface íntima com o Falun Gong em uma variedade de projetos, incluindo a promoção da organização Epoch Times, afiliada ao Falun Gong e que serve como a joia da coroa do império de mídias New Tang Dinasty do Falun Gong. Bannon produziu um filme financiado pelo Falun Gong entitulado ‘Claws of the Red Dragon’ — o que o colocou no mesmo barco da sua imagem de mão esquerda de George Soros, que também financia o Falun Gong através da Freedom House, que é uma organização parceira da Fundação Open Society.

A contradição que surge desta aliança de sociopatas pró-Trump trabalhando junto com sociopatas anti-Trump só faz sentido quando se percebe o jogo anti-humano de cima para baixo, ao invés de vê-lo de baixo para cima.

Montando o palco para uma Nova Cruzada

É aqui que começamos a uma imagem mais completa da natureza do jogo falso de ‘esquerda versus direita’ que está sendo jogado — quando observamos um ‘tink-thank’ baseado na City of London chefiado por Bannon, chamado de Dignitatis Humanae Institute, o qual se localiza num antigo monastério de 800 anos chamado de Abbey of Tristuli. Esta abadia foi construída em 1204, seguindo ordens do Papa Inocêncio III, para celebrar a Quarta Cruzada, que testemunhou o saque estrategicamente importante de Constantinopla pelas hordas de mercenários cruzados cristãos que mataram irmãos cristãos.

Esta vitória foi um verdadeiro golpe para os oligarcas venezianos, que rapidamente tomaram controle das vastas rotas marítimas de Constantinopla, de estados estratégicos e da cidade de Creta — que também viu a ascensão à proeminência do Clã Kalergi, que desempenharia um papel muito importante e surpreendente nesta estória. O Papa Inocêncio II expandiu vastamente as Cruzadas durante o seu reino de 18 anos, levando aos maiores banhos de sangue de cristãos, matando muçulmanos na Espanha e na Terra Santa, bem como à desastrosa Cruzada ‘das Crianças’ de 1212 — na qual milhares de crianças europeias foram enviadas para retomar a Terra Santa, junto com experientes mercenários Templares. O que ocorreu com estas crianças permanece sendo um mistério, mas é provável que elas foram mortas ou vendidas como escravas naquilo que foi a primeira operação registrada de tráfico de crianças na história mundial.

Inocêncio III também sancionou uma nova ordem em 1209, conhecida como os Franciscanos, liderada pelo ‘santo ecologista’ Francisco de Assis — que declarava poder falar com animais. Mais tarde, esta ordem serviu como a base para a criação da ordem dos Jesuítas durante a tomada de Roma pelos espanhóis de Habsburgo no início do século XV.

Bannon, treinado pelos Jesuítas, tornou-se membro deste “instituto” que planeja unir a direita internacional em torno de valores cristãos, com uma pletora de outras figuras altamente conectadas que foram recentemente expostas num poderoso relatório do pesquisador Stan Ezrol.

No seu estudo de 2019, Ezrol descrveu outros quatro patronos deste grupo católico como sendo “o Arquiduque Otto Von Hapsburg, sucessor do trono do Sacro Império Romano quando este foi dissolvido; Sua Majestad Real Charles de Bourbon das duas Sicílias e Duque de Castro, uma importante figura da ala anti-renascentista da nobreza europeia; o Marechal de Campo e Lorde Guthrie GCB (Cavaleiro da Grande Cruz), LVO (Tenente da Ordem Vitoriana), OBE (Ordem do Império Britânico); e o Padre Matthhew Festing.”

Um ex-presidente e atual membro do instituto incluem até um membro da Família Real Britânica, o Lorde Nicholas Windsor, quem, como o antigo operador anglicano Lord Guthrie e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, se converteu ao catolicismo para tornar-se um manipulador aspirante da extrema-direita global.

Pan-Europa 2.0 e a nova cruzada de Bannon

Seguindo a verdadeira moda dos Cruzados, a noção de Bannon sobre a Cristandade não é compatível com a noção de respeito às diferenças de outras religiões. Ao invés disso, ela é uma visão chauvinista que exige a total submissão das fés menores delineadas na sua declaração sobre o Neo-Conflito de Civilizações feita à publicação Breitbart em 2016, a qual diz o seguinte:

“… nós [os EUA] iremos à guerra no Mar do Sul da China dentro de cinco a dez anos… não há dúvidas sobre isso.”

Numa outra entrevista ao The Economist, Bannon declarou:

“Eu quero que o mundo olhe 100 anos para trás e diga que o sistema mercantilista confuciano deles perdeu. O Ocidente liberal Judaico-Cristão venceu.”

Ignorando completamente as mãos da CIA-MI6 que estão por trás o crescimento do terrorismo islâmico nos últimos quarenta anos, em 2014 Bannon fez seus comentários sobre a inevitável guerra global contra o Islã, declarando que:

“Nós estamos em uma guerra total contra o fascismo jihadista islâmico. E eu penso que esta guerra está entrando em metástase mais rápido do que qualquer governo possa lidar… Estamos nos estágios iniciais de um conflito global e, se não nos unirmos com outros, como parceiros em outros países, este conflito entrará em metástase… Eu acredito que agora estamos nos estágios iniciais de uma guerra global contra o fascismo islâmico.”

A vindoura Guerra Santa de Civilizações só pode ocorrer se os abusados grupos conservadores direitistas do Ocidente consigam se unir numa frente comum; para conseguir fazer isto, Bannon criou em 2018 uma fundação baseada na Europa que se chama simplesmente de ‘O Movimento’, planejada para reviver as operações neo-bolcheviques pós-modernas financiadas por George Soros em todo o Ocidente.

Apesar de a crise econômica ainda não ter polarizado suficientemente as populações abusadas da Europa ou dos EUA para arrebanhar multidões conservadoras para a rede de Bannon, estejam certos que a infraestrutura e o plano de jogo para armar as pessoas já estão prontos.

A nobreza negra e Bannon

A conexão aos escalões internos da nobreza negra europeia, centrada em torno das redes de Otto von Hapsburg, nos leva até o centro nervoso que move o fascismo internacional, que conformou tanto do século XX.

Foi Otto von Hapsburg quem liderou o Movimento Pan-Europeu (aka: Pan Europa) entre 1973 e 2011 e foi este mesmo movimento que foi criado e liderado pelo mentor de Otto Hapsburg, o Conde Richard Coundenhove Kaleergi (1984-1972) — que fundou a organização em 1922. Originalmente, a Pan-Europa foi montada como uma organização conservadora católica guarda-chuva, em resposta à propagação do bolchevismo que foi recentemente usado para derrubar o governo russo e ameaçou se propagar em toda a Europa, com vasta influência na Hungria e na Alemanha. Muitas das figuras que lideraram estas reformas pós-modernistas no governo bolchevique na Hungria (como o bolchevique Ministro da Cultura George Lukacs), se tornaram figuras importantes da Escola de Frankfurt e logo se viram absorvidas pela CIA na esteira da Segunda Guerra Mundial.

Como é quase sempre o caso com falsos dualismos destes, a propagação do próprio Bolchevismo foi financiada pelas mesmas agências oligárquicas que financiaram simultaneamente os reacionários conservadores do Pan-Europa que estavam enojados pela destruição dos valores e normas tradicionais executada por radicais bolcheviques.

É digno de nota que o próprio Coudenhove-Kalergi foi um rebento de duas antigas famílias nobres venezianas. A linhagem dos Kalergi chegou ao poder durante a tomada da possessão bizantina de Creta por Veneza após a Quarta Cruzada em 1204 e foi adiante para desempenhar um papel proeminente nos assuntos de estado para os venezianos e, depois, para o Império dos Habsburgo nos oito séculos seguintes. Quanto ao lado Coundenhove da família, o Conde descreveu um outro ponto de conexão com a Cruzada, dizendo:

“A linhagem dos Coudenhove remonta ao século XI, quando dois irmãos Coudenhove se juntaram à primeira Cruzada em 1099, quando Jerusalém foi conquistada pela primeira vez pelos exércitos unidos dos cavaleiros cristãos da Europa. Eles pertenciam à nobreza mais antiga do Brabant Norte, que agora faz parte dos Países Baixos. No final do século XVIII, os Coudenhoves foram ordenados como Condes do Império Sagrado Romano.”

Infelizmente, o jovem Conde se viu desempregado uma vez que o império Austro-Húngaro foi desmantelado na esteira da Primeira Guerra Mundial.

Este vazio foi preenchido pela sua nova nomeação para restabelecer-se como um oligarca importante num império feudal renovado e mundial; conquanto isso possa surpreender você, o próprio projeto para a União Europeia (que também pode ter sido inspirado pelo desenho da Novo Estado Federalista da China um século depois), incluindo o uso da 9ª Sinfonia de Beethoven como seu hino, foi inicialmente projetado em detalhes pelo próprio Kalergi.

Dentre a grande gama de apoiadores iniciais da Pan-Europa, Coudenhove-Kalergi incluía alguns como Benito Mussolini, Winston Churchill, Walter Lippmann, o ministro nazista das finanças Hjalmar Schacht e o geopolítico nazista Karl Haushofer, enquanto os financistas Max Warburg e Louis de Rothschild financiavam a organização.

No seu livro de 2022, ‘The Empire on Which the Black Sun Never Set’, Cynthia Chung escreve:

“Segundo Kalergi, a sua introdução a Max Warburg ocorreu em 1924 através do Baron Louis Rothschild. Warburg deu imediatamente uma doação de sessenta mil marcos de ouro para ajudar o movimento nos seus primeiros três anos. Kalergi sugeriu que a doação fosse dividida em partes iguais entre a Alemanha e a Áustria. ‘Nós concordamos sobre a nomeação de dois curadores: Geheimrat Fritsch do Banco Dresden para a parte alemã e o Vice-Presidente Brosche do Kreditanstalt para a parte austríaca.’ Mais tarde, o Banco Dresden seria uma importante parte interessada na empresa de construção de Auschwitz. O vice-diretor do banco de 1908 a 1915 foi Hjalmar Schacht e ele continuaria a trabalhar intimamente com o banco depois. O Banco Dresden era conhecido como o banco preferido da SS de Heinrich Himmler.” 

Em 1932, Coudenhove-Kalergi fez um discurso celebrando a grande restauração da ordem imergiria no esforço pan-europeu unificado para reprimir o anarquismo bolchevique, dizendo:

“Esta guerra eterna só pode acabar com a constituição de uma república mundial… A única maneira que resta para salvar a paz parece ser uma política de força facífica, segundo o modelo do Império Romano, que teve sucesso ao ter o período mais longo de paz no Ocidente, graças à supremacia das suas legiões.” 

Em 1954, Coudenhove-Kalergi delineou a visão para a Conspiração Pan-Europeia Aberta, dizendo:

“A União Pan-Europeia deveria tornar-se a representante não-oficial da Nação Europeia multilíngua — indo além de todas as línguas e partidos — sem qualquer tipo de infiltração comunista. Isto forçará a União Pan-Europeia a tornar-se um sólido grupo internacional, um clube político, um tipo de conspiração aberta, como H.G. Wells descreveu em um dos seus livros.” 

A religião governante deste novo regime global não seria efetivamente qualquer coisa assemelhada à Cristandade autêntica, mas vestiria meramente uma roupa cristã da mesma maneira que a Inquisição usou o simbolismo cristão meramente como um disfarce para fazer avançar um programa de guerra global e genocídio. A verdadeira religião desta elite seria simplesmente uma reinstrumentalização da eugenia, como declara Kalergi:

“A ciência da eugenia, que deveria levar à consciência da biologia prática, pertence ao futuro. Ela será dentro em breve ser associada com a visão de mundo de Nietzsche e, através dela, ganhar o impressionante poder de uma religião. A eugenia ensina sobre a reprodução superior de seres humanos, a exclusão dos menos desejáveis de reproduzirem-se mais. A nova reprodução seletiva.”

Apesar de a Pan Europa ter sido criada como uma oposição “católica conservadora” e fascista à propagação do Bolchevismo (este próprio sendo gerenciado por agências de inteligência durante o século XIX e o início do século XX), não é uma ironia menor que o Bannon treinado por jesuítas modela as suas táticas nas de Lenin.

Jogos em jogos: como não ser usado em jogos

Num artigo de 22 de agosto de 2016 no Daily Beast, o jornalista Ronald Radosh descreveu uma conversa que ele teve com Bannon dois anos antes, que diz:

“… tivemos uma longa conversa sobre esta abordagem à política. Ele jamais chamou a si mesmo de “populista” ou um “nacionalista estadunidense”, como muitos de nós pensamos sobre ele hoje em dia. ‘Eu sou um Leninista’, proclamou Bannon orgulhosamente. Chocado eu lhe perguntei o que ele queria dizer. Ele respondeu, ‘Lenin queria destruir o Estado e esta também é a minha meta. Eu quero fazer tudo desabar e quero destruir todo o ‘establishment’ atual’.”

Em 21 de outubro de 2021, Bannon jogou combustível na narrativa liberal da “insurreição MAGA” [Make America Great Again] de 6 de janeiro de 2001, conclamando 20 mil soldados a “tomarem o governo”.

Apesar de um século ter passado desde que a Pan Europa foi fundada por Coudenhove-Kalergi, os mesmos princípios estão conformando os contornos da nossa época atual. Assim como vastas crises sistêmicas ameaçam as vidas da maioria das almas que vivem em nosso planeta pressionarem ameaçadoramente o nosso futuro, como fizeram há um século, técnicas similares de oposições controladas e de jogos dentro de jogos são usados pela mesma classe oligárquica que orquestraram o atual estado de coisas. Muitas boas pessoas, cujos corações são grandes demais e cuja compreensão é rasa demais, já foram absorvidas por narrativas falsas que enquadram estes inimigos mortais do Ocidente como a Rússia ou a China, enquanto ignoram a mão causal daquelas mesmas agências oligárquicas que buscam reduzir todas as nações e culturas soberanas a destroços sob uma nova Cruzada.

Não caiam nessa.

Notas:

[1] Quando falhou a faísca do banho de sangue, produzindo apenas 200-300 mortes (muitos dos quais sendo soldados do Exército Popular de Libertação da China), o plano foi abortado e a maioria dos provocadores radicais reconhecidos pela operação de Soros foram levados para locais mais seguros nos EUA e no Canadá sob uma operação combinada do MI6 e da CIA chamada “Operação Pintassilgo” [Operation Yellowbird / Pássaro Amarelo]. Contando com a vasta assistência das tríades de Hong Kong, estes incitadores saíram da China, onde muitos deles receberam luxuosas recompensas e bolsas de estudo em universidades da Ivy League nos EUA, formando aquilo que o jornalista Gavin Hewitt, do Washington Post, descreveu como “o núcleo de um movimento de democracia no exílio”. Muito foi escrito sobre a verdade dos eventos da Praça Tiananmen em 1989, e para qualquer pessoa honesta que avalie a evidência apresentada sobre este tema (como aqui, ou aqui, ou aqui), o caso deveria ser considerado como encerrado.

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