Galo: na cadeia encontrei revolucionários

“Nunca fiz um trabalho de base tão potente como na cadeia”, contou o líder dos entregadores de aplicativos, Paulo Galo, que foi preso em julho após o incêndio na estátua do Borba Gato em São Paulo. Assista na TV 247

(Foto: Acervo pessoal | Defensoria/Divulgação)


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247 - O líder dos entregadores de aplicativos e articulador do movimento Revolução Periférica, Paulo Galo, contou em entrevista à TV 247 sua experiência na prisão, que se deu após o incêndio à estátua de Borba Gato, em São Paulo, em julho. O ativista, ou “político de rua”, como se autodenominou, relatou um intenso “trabalho de base” para conscientizar seus companheiros sobre as opressões que os levaram à condição de encarcerado.

“Nunca fiz um trabalho de base tão potente como na cadeia. O que tem na cadeia é um dos melhores conteúdos humanos que já vi. Nunca vi ninguém ouvir como as pessoas ouvem na cadeia. Tudo na cadeia é dividido. Todo dia tem o milagre da multiplicação do pão na cadeia. Na cadeia, o crime é acumular”, relatou Galo. “Eu nunca falei diretamente com as pessoas e vi o coração delas chacoalhar tanto quanto eu vi dentro da cadeia”. 

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Galo ensinou aos prisioneiros que “sem o crime, o banco não existe”. “Eu encontrei um monte de revolucionários. Falava para os caras assim: ‘está todo mundo aqui trabalhando para o banco. Já pararam para pensar que se vocês não colocarem medo na sociedade, a sociedade não pega o dinheiro dela e coloca no banco?’ A sociedade guarda o dinheiro no banco porque tem gente querendo roubar. O banco precisa de você”, explicou.

O ativista defendeu a humanização do sistema prisional, que tem um foco punitivista, e não reabilitativo. “A estrutura é: filho de rico está indo para a faculdade, e filho de pobre está vindo para a cadeia. Aqui está cheio de filho de pobre, e na faculdade está cheio de filho de rico. Vamos supor que o cara vai ficar aqui 20 anos preso, ele não poderia sair daqui formado um médico, um engenheiro, fazer faculdade aqui? Para sair daqui como um ser humano 10 vezes melhor. Tempo tem. Por que não tem uma faculdade para fazermos aqui? Porque a burguesia não quer. O espaço do doutor é do branco rico, e o seu é do trabalhador comum, miserável ou do criminoso”, completou.

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