Tem sapo na Bombonera?

Em pssima fase e h dois anos longe da Libertadores, o Boca Juniors j desconfia da praga de um pastor



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As coisas andam feias para o lado do Boca Juniors. Ausente pela segunda vez consecutiva da Taça Libertadores da América, a tradicional equipe de Buenos Aires ocupa a modestíssima 18ª posição no Campeonato Argentino e já acumula quatro derrotas. A péssima fase, para muitos analistas e torcedores, é fruto da falta de planejamento, mais especificamente da inércia da diretoria, que não souber conduzir, na segunda metade da década passada, o processo de renovação de uma equipe vencedora, sim, mas recheada de veteranos. O argumento é mais do que procedente, mas outros aficionados xeneizes também creditam a entressafra ao fato de a bruxa, ou melhor, o bruxo andar solto.

 

A figura em questão é o dublê de pastor e radialista Juan Bosso. O sujeito caiu nas graças do técnico Claudio Borghi durante a conquista, pelo Argentino Juniors, do Torneio Clausura do ano passado. Batia ponto em todos os treinos. Quando Borghi, hoje treinador da Seleção do Chile, foi contratado pelo Boca, Bosso passou a frequentar o estádio da Bombonera. Começou bem, abençoando os jogadores do clube antes da vitória por 2 a 1 sobre o Velez Sarsfield, em 29 de agosto. Cheio de moral, o sacerdote acabou requisitado novamente, dessa vez por Chino Batista, auxiliar de Borghi, às vésperas do superclássico contra o arquirrival River Plate, em novembro, mas a maionese desandou.

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Irritado com o destaque dado pela mídia ao sacerdote, um outro membro da comissão técnica do Boca barrou Bosso nas dependências do clube. Coincidência ou não, o time acabou derrotado pelo River por 1 a 0, e passou a colecionar maus resultados daí em diante. O pastor se vingou, e segue tirando “lasquinhas” do clube. “Quem não me deixou entrar (no Boca), na realidade, foi o Senhor. Hoje, Deus está fora da Bombonera. Até que me deixem entrar para transmitir Suas mensagens, o Boca não vai sair dessa situação”.

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Bosso assume, assim, a condição de Arubinha do futebol platino. Personagem de uma célebre crônica de Mario Filho, Arubinha jogava no modesto Andaraí, do Rio de Janeiro, que em 1937 recebeu o Vasco da Gama em casa, em partida válida pelo Campeonato Carioca. Recebeu de braços abertos, diga-se, pois o visitante chegou com muito atraso, por conta de um dilúvio na Cidade Maravilhosa. O árbitro Haroldo Dias da Motta, por mais de uma vez, pensou em declarar os donos da casa vencedores por WO, mas a turma do Andaraí o convenceu a esperar. Todo encharcado, o Vasco chegou, entrou em campo e ganhou por 12 a 0 do simpático time da Zona Norte. Isso mesmo: 12 a 0 .

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Terminada a partida, Arubinha se ajoelhou no gramado, juntou as mãos, olhou para o céu e pediu: "Se há Deus no céu, o Vasco tem de passar 12 anos sem ser campeão." Surgia o Sapo de Arubinha. A referência ao batráquio traduzia a certeza de que, além de fazer o pedido ao Todo Poderoso, o jogador também teria enterrado um sapo no estádio de São Januário, colocando o azar no caminho do Vasco. Arubinha bateu na trave: o Almirante do futebol carioca só voltaria a ser campeão carioca em 1945, depois de amargar 11 anos de jejum. É melhor, portanto, o Boca fazer logo as pazes com Bosso.

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