Sob o reinado do dinheiro de plástico
Os cartes conquistaram definitivamente os brasileiros: eles j so 650 milhes em circulao, facilitando o poder de compra. Saiba como lidar com este meio de pagamento sem se machucar financeiramente
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Luciane Macedo _247 - Responda rápido: quantos cartões com poder de compra você tem na carteira? Seja você um jovem com as despesas controladas na ponta do lápis ou um profissional liberal com grande poder aquisitivo, é quase certo que pelo menos um cartão está em seu poder. Com o aquecimento da economia e o aumento do poder de consumo do brasileiro, é cada vez mais frequente o uso do dinheiro de plástico no país. O número é retumbante: já são mais de 650 milhões os cartões com poder de compra em circulação no Brasil, o que dá uma média de pelo menos três cartões para cada cidadão -- mais do que o número de aparelhos celulares. Os dados da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) impressionam ainda mais quando se leva em conta que o cartão de crédito, invenção americana do pós-guerra, só chegou ao Brasil no final da década de 1960.
No ano passado, foram nada menos que 7,1 bilhões de transações realizadas no território nacional com o chamado dinheiro de plástico, que já é aceito em quase 100% dos estabelecimentos comerciais. Do cafezinho ao táxi, passando por uma tarde de compras no shopping ou pela aquisição de um carro novo, sem esquecer do comércio pela internet, pagar com cartão traz vantagens para o consumidor e para os lojistas. Fatores como praticidade, segurança, controle de gastos e promoções fazem com que os brasileiros se afastem cada vez mais do dinheiro de papel e mais ainda do cheque. Isto, é claro, está mudando hábitos de consumo. A expectativa para fechar 2011 é de que sejam efetuados 8,3 bilhões de pagamentos com dinheiro de plástico. Olhando-se apenas para os cartões de crédito, o Brasil estará entre os seis primeiros colocados no ranking mundial de uso até 2015.
A grande aposta de expansão está no crescimento de renda e emprego, cada vez mais abrangente, entre as classes D e E. Mas o acesso ao crédito também pode acarretar mais endividamento pessoal ou familiar e orçamentos fora de controle. Neste sentido, para o presidente da Abecs, Claudio Yamaguti, "não adianta endividar os clientes e mantê-los por curto prazo". Sua estratégia é orientar o consumidor para usufruir do poder de crédito, e não fazer dele um inimigo.
Quem não é lá muito disciplinado com seu planejamento financeiro prefere usar o cartão de débito. Não precisar sacar dinheiro no caixa eletrônico com frequência, o que significa mais segurança e também tempo livre, foi outra vantagem apontada pelos usuários nas pesquisas da Abecs. O cartão de débito é usado principalmente para pequenas despesas imediatas, geralmente abaixo de R$ 50,00: banca de jornal, almoço, uma corrida de táxi, a pizza delivery de sexta-feira à noite. Guarde os comprovantes e certifique-se de que estas despesas do dia-a-dia não ultrapassem o que você já tem reservado para elas no seu orçamento.
A disciplina financeira também é, surpreendentemente, um atrativo entre os fãs de cartões de crédito. Este seleto grupo de consumidores gosta de poder escolher, entre vários cartões, aquele que será mais vantajoso no momento da compra. E parcelar sem juros no cartão de crédito, dizem estes usuários, é bem mais prático do que nas formas de papel -- com cheque, boleto bancário ou os antigos carnês. O truque para não perder o orçamento de vista é exercitar o controle de gastos desde cedo, com um cartão de limite pequeno mantido pelos próprios pais -- uma espécie de mesada de plástico. Pesquisas mostram que estes consumidores conseguem manter a disciplina financeira ao longo da vida adulta.
Para quem ainda não tem esse tipo de autocontrole ou mesmo uma renda compatível com a manutenção de vários cartões de crédito, o melhor é ter apenas um ou dois. E por mais tentadora que seja a oferta da operadora sobre o limite do cartão, lembre-se: quem vai pagar a conta é você. Não caia na ilusão do dinheiro disponível. Na verdade, este é um dinheiro que você apenas pensa que tem, porque na hora de usá-lo estará fazendo, na prática, um empréstimo sem burocracia, mas com juros altíssimos. Endividar-se no cartão de crédito pode resultar em uma bola de neve de juros da qual o consumidor não consegue se livrar depois – não, ao menos, sem muita dificuldade e tempo de negociação para conseguir parcelar a dívida.
Além de manter o foco no limite do cartão, procure saber sobre as vantagens extras oferecidas, como milhagens para viajar, ingressos mais baratos, promoções e sorteios variados. Muita gente consegue viajar sem os custos das passagens aéreas só com as milhagens acumuladas ao longo do ano.
Quanto aos cartões de lojas, é bom tê-los pelos benefícios oferecidos, como bônus acumulados em compras e promoções exclusivas para seus portadores. Mas a principal vantagem é mesmo o parcelamento sem juros. Várias lojas tiram os juros em seus cartões só para que os consumidores se fidelizem. Adquira o seu caso você realmente faça compras frequentes nestes estabelecimentos. Caso contrário, será plástico acumulado na carteira.
E quem gasta mais, afinal? Homens ou mulheres? Deu empate: 75% de cada dez entrevistados de ambos os lados disseram que "com o cartão, você gasta mais". Quando indagados sobre o "uso controlado do dinheiro de plástico", a diferença foi sutil: 74% de cada dez mulheres responderam afirmativamente, contra 72% dos homens. Disciplinados ou não, o fato é que o uso do dinheiro de plástico cresceu de 63% para 67% em 2010. Entre as faixas etárias, a maior expansão se deu justamente entre jovens (de até 34 anos), um bom indicador de que este novo hábito de consumo só tende a se ampliar.
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