Sangue, óleo e lágrimas
Tragdias como a do piloto Gustavo Sondermann eram triviais no passado; confira os mais graves acidentes da histria do automobilismo
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A morte do piloto Gustavo Sondermann, em prova da Copa Montana, no domingo, mereceu chamadas de destaque no noticiário esportivo internacional. Ás e Marca, da Espanha, e Bola, de Portugal, foram alguns dos diários que noticiaram a tragédia ocorrida na curva do Café, no autódromo de Interlagos, em São Paulo. “Accidente mortal em la curva em la que Alonso sufrió su accidente em Interlagos”, manchetou o Marca, lembrando o desastre do bicampeão mundial espanhol no GP do Brasil de 1983.
Há 40 ou 50 anos, é provável que a morte de Sondermann tivesse passado em branco no exterior. Em primeiro lugar, pela precariedade dos canais e ferramentas de comunicação existentes à época. E, além disso, pela rotina de sangue, óleo e lágrimas que reinava nas pistas internacionais. A morte de pilotos era algo corriqueiro, razão pela qual só os óbitos dos mais ilustres ases do volante se transformavam em “notícia”.
Em 1970, quando Emerson Fittipaldi estrou na Fórmula 1, por exemplo, a principal categoria do automobilismo registrou três baixas definitivas: Piers Courage, Bruce McLaren e o austríaco Jochen Rindt, que se sagrou o primeiro, e até agora único, campeão mundial post-mortem. Companheiro de Emerson na Lotus, Rindt, perdeu a vida durante os treinos do GP da Itália, em Monza, e não teve seus 45 pontos na tabela alcançados pelos concorrentes. Nas cinco temporadas seguintes, outros oito pilotos da F1 perderam suas vidas nas pistas: Jo Siffert, Roger Williamson, Helmut Koinig, Peter Revson, François Cevert, Pedro Rodríguez, Mark Donahue e Joakin Bonnier.
A carnificina só foi contida graças ao esforço de alguns heróis, casos de Emerson e do escocês Jackie Stewart, que lutaram por mais segurança nas pistas e nos carros. Foi um processo lento, mas que deu resultados. A Fórmula 1, vale lembrar, não registra uma única morte desde o fatídico acidente de Ayrton Senna em Imola, há quase 17 anos.
Confira, a seguir, algumas das maiores tragédias do esporte.
LE MANS 1955
O francês Pierre Levegh (1905-1955) era um homem azarado. Em 1952, esteve a ponto de se tornar o único piloto da história a vencer as 24 Horas de Le Mans sozinho ao volante, mas um raro problema mecânico, a 60 minutos do fim da corrida, acabou com o seu sonho. Quatro anos depois, ele se tornou o protagonista da maior tragédia do esporte motor, na mesma prova: a bordo de um Talbot, ele foi atingido na reta principal do circuito francês pelo Austin-Healey de Lance Macklin e lançado sobre as arquibancadas. O carro de Levegh explodiu e matou o piloto e 83 espectadores. Por conta da tragédia, a Mercedes-Benz se retirou das pistas e a Suíça proibiu a modalidade em seu território.
www.youtube.com/watch?v=4K3Y9jpiy20
MILLE MIGLIA 1957
Lembrada por Federico Fellini em “Amarcord”, a Mille Miglia, uma prova de resistência que percorria ruas e estradas, foi o maior evento automobilístico da Itália por décadas. A prova chegou ao fim em 1957, em Brescia: um pneu da Ferrari do espanhol Alfonso De Portago explodiu e ele, acompanhado do copiloto Edmund Nelson, mergulhou num canal às margens da pista. No trajeto, eles atropelaram e mataram dez espectadores, dos quais cinco crianças. O piloto e seu parceiro também perderam as vidas no acidente.
www.youtube.com/watch?v=jKQ83OEhNBA
GP DA ITÁLIA 1961
O alemão Wolfang Graf Berghe von Trips era o líder do campeonato e o favorito para a conquista do título mundial de 1961. Na segunda volta do GP da Itália, na reta que antecede a famosa curva Parabólica, ele disputava a posição com Jim Clark quando a sua Ferrari tocou na Lotus do “escocês voador”. O bólido de Trips decolou girando como uma hélice em direção à plateia. Matou 11 espectadores e o próprio piloto.
www.youtube.com/watch?v=w0-9Mls-5E0
14 mortos
GP DA ESPANHA 1975
O alemão Rolf Stommelen liderava a prova à frente do brasileiro José Carlos Pace, da Brabham, até o aerofólio traseiro de sua Lola se desprender. O carro, sem sustentação aerodinâmica, decolou, saltando sobre os guard rails e matando cinco espectadores. Depois da tragédia, o precário e perigoso circuito de Montjuich foi banido da Fórmula 1.
www.youtube.com/watch?v=wznN4kLa59I
www.youtube.com/watch?v=B8tQmAR8DKc
GP DA ÁFRICA DO SUL 1977
Depois que o italiano Renzo Zorzi, da Shadow, parou na reta do circuito de Kyalami, dois fiscais cruzaram a pista para ajudá-lo a apagar um princípio de incêndio. Um deles, Jansen van Vuuren, nunca chegou ao destino. Atingido pelo carro do inglês Tom Pryce, companheiro de equipe de Zorzi, ele teve o corpo despedaçado e atirado, como um saco de batatas, ao acostamento. O extintor que ele carregava afundou o capacete e o crânio de Pryce, que teve morte instantânea. Seu carro, sem comando, deslizou pela reta, bateu nos guard rails à direita, voltou para a pista e ainda atingiu a Ligier de Jacques Lafitte.
www.youtube.com/watch?v=_X59ylVEmgw&oref=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fresults%3Fsearch_query%3DPRYCE%2B1977%2B%2522SOUTH%2BAFRICA%2522%26aq%3Df&has_verified=1
2 mortos
GP DO JAPÃO 1977
O sueco Ronnie Peterson, da Tyrrel, e o canadense Gilles Villeneuve, da Ferrari, eram ossos duros de roer – e de ultrapassar. No vácuo de Peterson, o pai do futuro campeão mundial Jacques Villeneuve forçou a passagem, mas acabou batendo na traseira do carro de Peterson e decolou para fora da pista. Ao cair, no gramado, seu carro iniciou uma série de capotagens, matando na hora um espectador e um fiscal de pista.
www.youtube.com/watch?v=SF00xiSXCew
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