Racismo entra em campo na França
Federao francesa de futebol teria imposto esquema de quotas, que limita em 30% o nmero de jogadores negros e norte-africanos
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Roberta Namour, correspondente do 247 de Paris – A xenofobia de Nicolas Sarkozy chegou ao futebol. Menos negros e menos árabes em campo! Segundo o site Mediapart, do ex-diretor do jornal Le Monde, Edwy Plenel, dirigentes da direção técnica nacional da Federação Francesa de Futebol (DNT), entre eles o treinador dos Bleus, Laurent Blanc, aprovaram em segredo no final de 2010 um sistema de quotas discriminatórias nos centros de formação e escolas de futebol no País. O objetivo é limitar o número de jogadores africanos e norte-africanos e aumentar a quantidade de brancos. A notícia de que a briga política pela defesa da identidade nacional da França tenha atingido o futebol já foi divulgada pelos quatro cantos da Europa.
De acordo com o site, no dia 8 de novembro de 2010, o diretor da DTN, François Blaquart, propôs em uma reunião limitar em 30% o número de “Blacks” e “Beurs” (termo usado para designar descendentes de imigrantes da África do Norte) na equipe dos Bleus. Concretamente, o sistema funcionaria com a aplicação de quotas no início da carreira dos jogadores, ou seja, quando garotos de 12 e 13 anos são selecionados nos centros de formação da equipe francesa ou dos times da Liga 1 – como a Clairefontaine, que formou Thierry Henry, William Gallas ou Nicolas Anelka.
Um dos argumentos utilizados pelo grupo é que muitos jogadores, com ou em vias de ter uma dupla nacionalidade, terminam por escolher a camisa de um time estrangeiro depois de terem sido formados em centros franceses. Desde 2004 o regulamento da FIFA autoriza o jogador a ser selecionado em um de seus dois países com a condição de nunca ter estado em outra equipe. O mais chocante é que as discussões não citaram nenhuma nacionalidade em particular, mas se referem apenas aos negros e aos magrebinos. “Em resumo, há muitos negros grandes e atléticos e poucos brancos pequenos e com inteligência de jogo no futebol francês”, teria dito um dos dirigentes.
O Mediapart afirma também que, depois do fiasco da Copa do Mundo na África do Sul, a DNT considerou os jogadores negros, como Patrice Evra, e de religião muçulmana, como Franck Ribéry, como os responsáveis pelos problemas de disciplina do grupo. Questionado sobre o assunto, François Blaquart, do DTN, respondeu : “Eu quero ver alguém provar por escrito ou testemunhar. Em nenhum caso de maneira institucional, oficial, escrita ou relatada isso foi sugerido.” Segundo Pape Diouf, ex-presidente do Olympique de Marseille, verdadeira ou não, essa revelação ilustra que o futebol francês é a imagem da sociedade francesa, que exclui e é racista. “O que é incrível nesse debate é a negação e os argumentos hipócritas. É preciso dizer as coisas como elas são”, afirma. O Ministério do esporte disse que vai investigar o caso.
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