O Muhammad Ali brazuca

Irreverente como o ex-campeo dos pesos pesados pesados, Michael de Oliveira, de apenas 20 anos, venceu suas 14 lutas como profissional, 11 por nocaute



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Ele se intitula o Rocky Brasileiro, mas por seu comportamento nos ringues parece mais uma versão Brasuca do grande Muhammad Ali. Michael Oliveira, de apenas 20 anos, ainda vai ter de gastar muita sola de sapatilha nos rigues para conquistar 10% do prestígio do maior peso-pesado da história, mas pelos menos duas coisas ele já tem comum com o mestre: a irreverência e um cartel, em início de carreira, invejável. No dia 26, o garoto obteve sua 14ª vitória em 14 lutas como profissional, sendo 11 por nocaute. O triunfo por pontos, diante do argentino Abel Adriel, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, garantiu-lhe o título latino dos supermédios (até 76,2 quilos). A luta foi equilibrada, mas Michael ganhou por decisão unânime dos jurados: 97/93, 98/92 e 98/92.

“Ele veio muito preparado e lutou muito bem. Eu tiro o chapéu para ele. Agora, vou treinar até o diabo dizer chega e vou ser campeão mundial”, afirmou o novo campeão. Durante o embate, eles esbanjou confiança e bom humor. Enquanto se esquivava dos golpes do até então invicto Adriel, mandava beijos para o juiz, os jurados e a família, à beira do ringue. Muhammad Ali puro, embora parte do público não tenha gostado muito das brincadeiras. Na segunda metade da luta, o brasileiro fez valer sua maior virtude, a resistência. Ele suportou sem maiores dificuldades os golpes do argentino que superavam suas esquivas e, embora sem regularidade do adversário, encaixou os melhores golpes da luta.

A nova esperança do box brasileiro tem sotaque americano. Nascido em São Paulo, a 20 de abril de 1990, ele seguiu com os pais, quando contava menos de um mês de vida, para a Flórida, onde vive até hoje. Vestiu as luvas pela primeira vez aos 13 anos, chegou a treinar com o grande Eder Jofre e fez sua estreia como amador aos 17. Pouco tempo depois, em 21 de agosto de 2008, debutava como profissional diante do americano Kevin Bartlett, em Mount Pleasant, na Carolina do Sul. A luta estava programada para quatro rounds, mas foi encerrada no segundo com o nocaute de Bartlett.

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Apesar do forte vínculo com a terra de Ali, Foreman e Tyson, Michael se considera paulista e brasileiro. E já sonha em se juntar ao seleto clube formado por Eder Jofre, Miguel de Oliveira e Acelino “Popó” Freitas, até hoje os únicos campeões mundias de boxe do País. A equipe do jovem pugilista, comandada pelo paizão Carlos de Oliveira, acredita que com mais uma vitória ele poderá se candidatar à disputa do título. Decisivo, esse confronto tem grandes chances de ser realizado ainda este ano em São Paulo, contra um adversário a ser definido. Até lá, Michael seguirá com os treinos, nos Estados Unidos, enfrentando aquilo que, para ele, a modalidade oferece de mais difícil. “A luta é a parte fácil do boxe, o treino e a disciplina são as difíceis”, garante.

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