Líder quilombola marisqueira denuncia ameaças na Bahia

Mulheres fizeram ato em frente à TV Record/Itapoan contra insultos sofridos por líder comunitária marisqueira em programa de TV na Bahia

(Foto: Reprodução)


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247 - Mulheres marisqueiras de Ilha de Maré, na Baía de Todos os Santos, em Salvador, fizeram um ato nesta terça-feira (27) em frente à TV Record/Itapoan, em Salvador, em protesto contra os ataques que a líder comunitária mariqueira e quilombola Eliete Paraguassu vem sofrendo no programa Balanço Geral Bahia, apresentado pelo jornalista Zé Eduardo, conhecido no noticiário local como Bocão.  

Em duas matérias, o apresentador de forma caluniosa chama Eliete, que é líder de uma associação de mulheres marisqueiras composta por oito mulheres, de “ignorante”. 

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Eliete, que faz parte da Articulação Nacional das Pescadoras, afirmou que as acusações eram mentirosas e caluniosas. “O processo é calunioso e difamatório e é vindo de um grupo da própria comunidade com interesses escusos ou inescrupulosos”, disse.

Para a ativista e líder da Coletiva Mahin Organização de Mulheres Negras, Vilma Reis, todas as batalhas e disputas podem acontecer, mas não podem vir para o nível de agressão, misoginia e racismo como o protagonizado no programa. “Essas mulheres são lutadoras históricas de Ilha de Maré, mulheres que sempre se posicionaram em defesa da comunidade. São elas que sempre botaram a cara na rua e sempre se lançaram a todos os perigos na defesa do meio ambiente, do mangue, do território. Por isso que entendemos que é muito justo que elas tenham o direito de se colocar e que suas vozes sejam  ouvidas”, acrescenta. 

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Além disso, em entrevista ao programa Giro das 11 da pós TV 247 desta segunda-feira (26), Eliete denunciou que ela, assim como as demais mulheres da Associação vêm sofrendo ameaças de morte por parte de empresários, inclusive da Petrobrás. Ela conta que desde 2018 foi incluída em um programa de segurança. “Estão querendo tirar as câmeras de segurança de minha casa. Eu tô pedindo ajuda. Estou com medo. Peço segurança não só para minha família, mas também da minha comunidade, das mulheres que estão comigo encampando essa luta”, enfatiza.

A equipe do Brasil 247  entrou em contato com a produção do programa Balanço Geral Bahia, que assegurou que garantiu o direito de resposta a Eliete.

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A Coletiva Mahin Organização de Mulheres Negras e mais 55 entidades assinam uma Nota de Repúdio e Solidariedade à Eliete Paraguassu:

Confira a nota na íntegra: 

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NOTA DE REPÚDIO e SOLIDARIEDADE de Organizações da Sociedade Civil, moradores e lideranças comunitárias de Ilha de Maré em apoio a Eliete Paragassu, Mulher Negra Feminista, Marisqueira, Quilombola e Liderança Comunitária. Integrante da Coletiva MAHIN Organização de Mulheres Negras, Colônia de Pescadores e Pescadoras Z4, Movimento de Pescadores e Pescadoras, Articulação Nacional das Pescadoras, ANQ Articulação Nacional das Comunidades Quilombolas e Coalizão Negra por Direitos.

Nós, abaixo assinado, organizações da Sociedade Civil, moradores e lideranças comunitárias de Ilha de Maré reforçamos nosso apoio a Eliete Paragassu, Mulher Negra Feminista, Marisqueira, Quilombola e Liderança Comunitária. Exigimos direito de resposta no programa Balanço Geral perante os ataques caluniosos e discriminatórios, sendo chamada de ignorante, pelo apresentador do programa Zé Eduardo. Eliete Paragassu é liderança reconhecida dentro do movimento social por sua seriedade na luta pelos direitos humanos de homens, mulheres crianças e idosos, sobretudo pelos direitos da população de Ilha de Maré.

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As organizações se somam aos diversos setores da sociedade que repudiam veementemente o ataque realizado contra Eliete Paraguassu e manifestam apoio à líder comunitária.

Nesta quarta-feira (07/07), acompanhamos com perplexidade a matéria que exibia a manifestação de alguns moradores da comunidade de Ilha de Maré, proferindo ataques mentirosos, levianos e graves contra Eliete Paraguassu, acusada de falsificar documentos e desviar cestas básicas. De forma austera, preconceituosa e discriminatória, o apresentador do programa, Zé Eduardo, reforça os ataques se referindo à mesma como ignorante.

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Essas afirmações não só violam os direitos individuais de Eliete Paraguassu, mas atacam a imagem de uma mulher íntegra, idônea e uma ativista do movimento social reconhecida internacionalmente por sua atuação nas lutas comunitárias.

Reforçamos que a liberdade de imprensa não pode ser conivente com ações que que recorrem sistematicamente a estereótipos discriminatórios de gênero para atacar mulheres, que são lideranças comunitárias comprometidas com as lutas por políticas públicas e transformações sociais essenciais para o país, especialmente neste momento crítico da nossa história. A imprensa é também responsável perante a comunidade por averiguar as informações antes da divulgação, pautando-se nos direitos humanos que proíbem qualquer forma de discriminação.

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Nesse sentido, além de chamar atenção para a gravidade do episódio, manifestamos todo nosso apoio e solidariedade a Eliete Paragassu, Mulher Negra e Liderança Comunitária reconhecida. Exigimos, portanto, a imediata apuração do ocorrido, direito de resposta, bem como retratação pública.

ASSINAM ESTA NOTA DE REPÚDIO E SOLIDARIEDADE:

Coletiva Mahin Organização de Mulheres Negras

Colônia de Pescadores e Pescadoras Z4

Movimento de Pescadores e Pescadoras

Articulação Nacional das Pescadoras

ANQ Articulação Nacional das Comunidades Quilombolas

Coalizão Negra por Direitos

CPP-BA

Instituto Búzios

Segundo a Ativista Vilma Reis, 

Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher

Agrupación Noviembre Negro en Argentina

Associação de Moradores do Nordeste de Amaralina

Uneafro Brasil

Afro-Gabinete de Articulação Institucional e Jurídica - AGANJU

Grupo de Pesquisa COLAPSO (UFBA)

Rede Jubileu Sul

Núcleo de Evangelicos do PT da Bahia

Ceará no Clima

Rede de Mulheres de Comunidades Extrativistas Pesqueiras da Bahia

Juventude AFRONTE!

350.org Brasil

Afronte - movimento nacional de juventude

FASE/ES

ÌROHÌN Centro de Documentação, Comunicação e Memoria Afro

PSOL ITACARE

Subverta/PSOL

ANP Piaui

COLETIVO MULHER POR MULHER

Coletivo Alafia de Mulheres Empreeendedoras e de Axé

Mulheres Unidas Contra Bolsonaro - MUCB

Mandato da Resistência Deputado Hilton Coelho PSOL

CAMA

Coletivo Maré Negra do PSOL

Marcha do Empoderamento Crespo

Fórum Social de Manguinhos (RJ)

Articulação da juventude-MPP

Rede de Mulheres Negras da Bahia

CFEMEA

Movimento Atitude Quilombola

MNU - Movimento Negro Unificado

Coletivo de Mulheres do Calafate

EIG-Evangélicas Pela Igualdade de Gênero

Instituto Soma Brasil

Articulação de Mulheres Brasileiras

Articulação de Mulheres Negras e Quilombolas do Tocantins

APESCA-Associaçāo de pescadores Artesanais

Articulação de Mulheres do Amazonas - AMA

Comissão Pastoral da Terra / Bahia

AMB/Núcleo Lauro de Freitas -Bahia

CPT - Ruy Barbosa

GTFEM

Fórum Marielles

Libertas Bahia

Abayomi Coletiva de Mulheres Negras

SOCIEDADE DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS - SDDH

SPD Associação Protetora dos Desvalidos

Mandato Vereador Jhonatas Monteiro - PSOL Feira de Santana

Coletiva de Mulheres Abayomi

AMB NÚCLEO DE LAURO DE FREITAS

Instituto Afroamerica

Coletivo de Mulheres do Calafate

Ile Axe Aja Omi Oba Ire Omo Oxe Oba

Bando de Teatro Olodum e Culinária Musical

Coordenadoria Ecumênica de Serviço - CESE

Movimento Cultural de Águas Claras

Grupo de pesquisa Geografar

NEEPES/ENSP

Grupo de pesquisa Costeiros - UFBA

Federação Nacional das Associações Quilombolas FENAQMS

FOPAAM - Fórum Permanente de Afrodescendentes do Amazonas


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