Imersão nos cinemas se faz presente (e necessária) até nas obras mais “simples” da sétima arte

(Foto: Reprodução)


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Nos tempos atuais, muito se aprecia a capacidade dos ramos associados às ciências naturais e matemáticas em promover vários dos avanços que fazem nossas vidas ficarem mais fáceis. Engenheiros, cientistas e matemáticos trabalham em uníssono, criando novos métodos de experimentação, novas ferramentas para aplicação nos mais diferentes campos e indústrias, e até mesmo novos materiais que se integram aos chips dos nossos smartphones e às grandes gruas de construção civil.

A admiração a esses campos é bem-vinda, e também totalmente justificável, afinal a ciência salva. Entretanto, muitas das vezes ela vem acompanhada de um certo desprezo pelas ciências sociais e humanas que tentam de todas as formas explicar as múltiplas nuances que seres humanos como indivíduos e como seres sociais demonstram ao longo de suas vidas. E também como essas nuances se expressam, desde o ato de escolher um parceiro para um relacionamento, até o funcionamento dos grandes mercados financeiros movidos pelos ânimos de seus investidores.

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A produção que advém das ciências sociais e humanas requer um degrau de “imersão” e de investimentos bem grandes, como mostra a China em seu esforço de melhorar sua produção científica nesse ramo. E isso é algo que pode ser visto também nas produções artísticas, principalmente as de Hollywood, que exigem de diretores, roteiristas e atores uma flexibilidade semelhante aos dos “faz-tudo” que resolvem quaisquer problemas que apareçam numa residência. Estes precisam aprender, desaprender e reaprender papéis, cenas, cenários e às vezes até mesmo universos inteiros para produzirem nos palcos ou nas telas uma representação fidedigna da história que eles desejam contar.

Quanto a esse elemento de construção de universos e imersão absoluta nos mesmos, os primeiros exemplos que vem a mente são obras como Avatar, do diretor James Cameron, e os filmes da trilogia O Senhor dos Anéis, baseados na obra de mesmo nome de J.R.R. Tolkien. Entretanto, mesmo os filmes considerados “pipoca” - caso de A Casa Caiu: Um Cassino na Vizinhança - pode apresentar esse nível de demanda em imersão, e até de complexidade na sua “construção de mundo”.

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Problemas e soluções

A Casa Caiu: Um Cassino na Vizinhança é um filme estadunidense que foi lançado em 30 de junho de 2017 nos Estados Unidos, chegando no Brasil no dia 14 de setembro do mesmo ano. Seu elenco é liderado por dois grandes nomes da comédia dos Estados Unidos, que atuaram juntos no seriado semanal Saturday Night Live: Will Ferrell e Amy Poehler, que interpretam o casal Scott e Kate Johansen.

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Junto da dupla, há também o comediante Jason Mantzoukas, mais conhecido por sua extravagância nas séries de televisão Parks and Recreation, Brooklyn Nine-Nine e The Good Place. Outro comediante com papel relevante na trama é Nick Kroll, que atuou com Poehler e Mantzoukas em Parks and Recreation, e também ator e produtor de Big Mouth, série da Netflix na qual Mantzoukas é parte do elenco.

A trama começa a partir de uma história relativamente comum para famílias estadunidenses em tempos atuais, onde o casal Johansen matricula sua filha Alex - intepretada por Ryan Simpkins - para a Universidade Bucknell, instituição onde o casal também estudou. Devido às condições financeiras desfavoráveis da família - uma realidade que também acomete as casas brasileiras, a maneira de se pagar pelos estudos de Alex é através de uma bolsa de estudos oferecida pela comunidade onde vivem.

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Entretanto, os planos da família são frustrados por Bob Schaeffer (Kroll), que anuncia a construção de uma piscina comunitária ao invés de oferecer o programa de bolsas de estudo. E sob a negativa de vias alternativas para financiar os estudos de Alex, como empréstimos e um aumento no emprego de Scott, o casal resolve abrir um negócio caseiro para poder manter sua filha em Bucknell.

A recepção da crítica especializada ao filme não foi tão favorável. Mas o grande público aprovou o que viu nas telas. Pelo CinemaScore, uma empresa de pesquisa de mercado dos Estados Unidos que avalia a opinião de espectadores quanto aos filmes que acabaram de ver no cinema, A Casa Caiu ganhou nota B- equivalente a um 8 de 10 no sistema de notas brasileiro. E nas bilheterias, o filme arrecadou quase 35 milhões de dólares mundo afora.

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Uma tática narrativa interessante

No processo de escolha de um negócio caseiro propício para que os estudos de Alex fossem financiados, o casal Johansen decidiu abrir um cassino em casa. E essa decisão demandou do diretor Andrew Jay Cohen um processo de imersão profunda nos cassinos de Las Vegas e das grandes cidades canadenses, para que ele pudesse reproduzir da forma mais autêntica possível o ambiente dessas casas de jogos em seu filme.

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Para isso, Cohen acabou criando uma ferramenta narrativa bastante interessante ao transformar os jogos de cassino em personagens do seu filme. É algo que pode ser visto através das mesas de craps onde Frank (Mantzoukas) faz suas apostas em Las Vegas. O blackjack, um jogo de cassino bem conhecido, é outro personagem da trama. Este é o famoso “vinte-e-um”, também encontrado em jogos de blackjack online, onde o objetivo é chegar o mais próximo dos 21 pontos com as cartas em sua mão, com o crupiê a sua frente tendo o mesmo objetivo. As mesas de pôquer que fazem parte do recinto aberto pelo casal Johansen também servem como personagens do filme. E para além dos jogos de mesa, os caça-níqueis que fazem brilhar a casa dos Johansen também são um elemento importante da história.

Com isso, Cohen traz uma incorporação bem diferente a elementos que outrora seriam mesmos elementos do cenário em uma trama parecida. Em A Casa Caiu, os jogos do seu estabelecimento tem papel vital na trama, até mesmo decidindo o destino de alguns personagens. E eles ajudam Scott a se tornar o “Butcher”, ou “açougueiro”, deixando para trás sua timidez e trazendo a si um ar muito mais destemido.

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O que será de uma sequência?

Mesmo com A Casa Caiu não sendo um grande sucesso entre a crítica especializada, seu sucesso entre o grande público pode ser o fator motivacional necessário para que a mesma ganhe uma sequência nos cinemas. Algo que seria muito bem-vindo entre os fãs dos primeiro filme.

Seria interessante continuar a explorar a boa química entre Ferrell e Poehler, considerados dois dos maiores atores que já passaram pelo “SNL” - algo que não foi muito bem desenvolvido quando a dupla atuou ao mesmo tempo no seriado entre 2001 e 2002. Além disso, uma sequência poderia explorar mais a “jornada” de Alex em Bucknell, e também colocar mais holofotes nos talentos de improvisação de Mantzoukas.

Além disso, depois de todo o esforço de imersão de Cohen e cia. em se integrar ao ambiente de cassinos e reproduzir isso nos cenários do seu filme, colocar este conhecimento em prática mais uma vez seria algo muito mais tranquilo. Com menos fricções de tempo e de “estudo de caso”, é bem possível que a sequência supere seu antecessor em avaliações da crítica, recepção do público e também em bilheteria.

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