“Galo de Ouro” faz 75 anos
Eder Jofre, o maior pugilista brasileiro em todos os tempos, recorda suas glrias
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247 - “Foi a vitória mais difícil da minha carreira”, lembra o ex-pugilista Eder Jofre, que completou no sábado 27 seu 75º aniversário. Campeão mundial em 1960, na categoria peso galo, e em 1973, como peso pena, Eder lutou 81 vezes, com 75 vitórias, 53 por nocaute, quatro empates e duas derrotas, ambas para o japonês Masahiko “Fighting” Harada, ambas no Japão. Ex-vereador em São Paulo, o aniversariante gosta de lembrar que foi o autor da lei municipal que permite aos maiores de 65 anos não pagarem pela passagem de ônibus. “Alguma coisa eu fiz de bom na política”, diverte-se ele.
Eder guarda uma certa amargura pelo que considera ser a falta de memória do público. “Hoje, poucos lembram o que as gerações anteriores fizeram pelo País”, aponta. “Deixar a memória de lado é um erro”. Em sua casa, Eder guarda os troféus, as fotos e as memórias de um passado tão glorioso quanto duro. Em razão de sua técnica, ele é considerado pelas entidades mundiais de boxe como o melhor lutador peso galo do mundo. Um de seus fãs é o ex-peso-pesado Mike Tyson. “Foi o Emerson Fittipaldi quem me contou essa história”m diz Eder. “Eles estavam numa festa nos Estados Unidos, sentaram-se lado a lado e Tyson disse que admirava um lutador brasileiro. O Emerson fez referência ao Popó, que naquele tempo estava no auge, mas Tyson retrucou: ‘não, é o Jofre’”, recorda.
Consagrado e admirado pelos americanos, o pugilista entrou para o Hall da Fama do boxe em 1992. "A maioria dos fãs norte-americanos não tiveram a oportunidade de vê-lo em ação, mas nos anos 60 Eder Jofre foi considerado o melhor lutador libra por libra em todo o mundo", afirma Ed Brophy, diretor executivo do Hall da Fama. "Ele tinha tudo que um grande lutador deve possuir. Para coroar o pacote, ele também tinha um queixo de ferro e de resistência, a exemplo de Jake LaMotta e Carmen Basilio", escreveu o site especializado Cyber Boxing Zone. "Talvez a qualidade mais impressionante tenha sido a capacidade de adaptação. Jofre era um lutador muito inteligente, que poderia mudar seu estilo para se ajustar a qualquer tipo de adversário. Ele poderia ser brigador, clássico... O cara era uma obra de arte."
Eder Jofre é mesmo um conquistador. "Com um poder de soco em ambas as mãos, Jofre também tinha grandes habilidades técnicas e reflexos, ao melhor estilo Sugar Ray Robinson", analisa o jornalista norte-americano Ted Sares. "Ele tinha o gancho e o direito em linha reta; um inferno. Ele tinha tudo. Um perfurador de corpos."
"Eder Jofre só não é maior por causa da falta de imagens de seus combates", diz o escritor Thomas Hauser, que escreveu, entre muitas outras obras, biografias de Muhammad Ali. "Jofre foi um dos maiores de todos os tempos." A lendária revista The Ring classificou Eder como o 9º melhor de todos os tempos. Dan Cuoco, diretor da International Boxing Research Organization (Organização Internacional de Pesquisa de Boxe), vai além. "Vi muitas lutas dele e posso dizer, sem medo de errar, que Eder Jofre foi o melhor boxeador que nasceu abaixo do Equador." Debaixo da linha do Equador, ele é a maior referência do boxe. "Quando penso em Brasil, penso em Eder Jofre. Assisti a muitos teipes de suas lutas e gostava do seu estilo agressivo. Foi um grande campeão", diz a lenda Mike Tyson, ex-campeão mundial dos pesados.
Apesar do peso da idade, Eder segue se exercitando, mantém bom reflexo e continua com um forte soco. "75 anos! Puxa vida! Passou rápido. Mas não posso me queixar. Deus foi bom comigo", agradece o Galo de Ouro.
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