Enfeite a casa e aqueça o bolso
Antes de se preocupar com a valorizao de uma obra de arte, investimento deve ser visto como um prazer do comprador
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247_Os trabalhos dos artistas brasileiros contemporâneos estão entre as mais valiosas compras no mercado internacional de leilões. O maior exemplo desse novo momento da arte nacional aconteceu há alguns anos, quando o quadro “O Mágico” da pintora carioca Beatriz Milhazes alcançou a impressionante valorização de mais de 6.560% em cinco anos. A venda, concretizada por pouco mais de US$ 1 milhão na Sotheby’s, de Nova York, foi a mais alta conseguida para um artista brasileiro vivo. A expressiva valorização superou a renda fixa, os fundos e a bolsa de valores no mesmo período. Foi esse retorno sobre um investimento proporcionalmente muito menor (US$ 15 mil) que chamou a atenção dos que gostam de arte e de quem deseja, apenas, embolsar um bom lucro.
O interesse instantâneo por esculturas, pinturas e outros objetos de artistas nacionais criou a falsa impressão de que a valorização é uma consequência matemática. Comprou por um preço baixo, vendeu com ganhos. Mas não é bem assim. O mercado de arte é muito específico e exige cuidados. Os fatores subjetivos valem mais do que o resultado financeiro. Algumas ondas de preferência por determinados artistas podem simplesmente passar e é preciso estar consciente que uma aquisição por impulso pode não se transformar em uma revenda. Antes de pensar como um investidor, veja a obra como um admirador. Os especialistas aconselham a compra de quadros e esculturas que deem prazer a quem for adquirir, afinal, será preciso conviver com ela uma boa parte do tempo. E antes de fechar um negócio, faça três perguntas básicas: essa obra de arte combina com o meu estilo? Ela ficará bonita na minha casa? Posso gastar esse dinheiro e não me preocupar com o retorno? Com essas respostas fica mais difícil se iludir no futuro.
Para começar uma coleção, as galerias de arte são os melhores locais para aprender sobre a tendência do mercado e conhecer os novatos. É importante saber todos os detalhes, como a linha criativa e o preço médio das últimas vendas. Essas informações podem ajuda-lo a entender se a aquisição será de grande valia para a sua casa ou o seu bolso. Uma rápida pesquisa também pode livrá-lo de uma falsificação, muito comum para artistas conhecidos ou em ascensão. Mas, atenção, os marchands (responsáveis pela distribuição desses trabalhos) podem supervalorizar uma obra de um profissional que está apenas no começo de sua carreira. É bom lembrar que um artista só chega a um nível elevado de preço quando atinge a maturidade artística, o que pode levar décadas. O valor, portanto, deve ser analisado com todo o cuidado, principalmente para fugir das promessas de alto retorno em um curto espaço de tempo.
Uma alternativa que pode ser rica e divertida é visitar o atelier dos artistas para conhecê-lo e, quem sabe, negociar a aquisição de um trabalho. É provável que o preço seja menor do que o encontrado em galerias, afinal, não existirá o custo do intermediário. Mas, é claro, o risco também é maior. Nem todas as criações terão valor no futuro e um especialista não estará por perto para orientar. Portanto, o seu gosto será decisivo – como sempre. E antes de sair batendo à porta desses profissionais, ligue e informe-se se ele aceita receber visitantes. A maioria deles está aberto aos interessados, mas é melhor avisar para o artista preparar um cafezinho.
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