Em regime de confinamento, casais petroleiros passam por desafios

A rotina de um na terra e outro no mar com o trabalho offshore é marcada por desencontros, mas também muito diálogo e menos brigas

Iara e Victor, com os filhos Vitória e Lucas
Iara e Victor, com os filhos Vitória e Lucas (Foto: Ellen Fernandes)


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FUP - Comemorado no próximo domingo, 12 de junho, o Dia dos Namorados foi inicialmente criado com fins comerciais, mas acabou se tornando uma grande celebração do amor no Brasil. Mesmo tendo espaço cativo no calendário da população brasileira, a data assume contornos mais especiais para casais que trabalham em regime de confinamento, uma vez que o próprio relacionamento se desenrola “em turnos”, e as comemorações nem sempre podem acontecer efusivamente.

Quando se conheceram, em 2009, Geisa Sacramento, 41 anos, e Augusto Mozart, 44, trabalhavam na Transpetro, e se tornaram amigos. Em 2010, Augusto foi transferido, mas os dois seguiram se correspondendo por mensagens, embora a frequência tenha diminuído, já que trabalhavam em regimes diferentes – ela, confinada, e ele, no administrativo, em Manaus. Em 2016, Augusto voltou a trabalhar embarcado, na mesma escala de Geisa. “A reaproximação foi inevitável. Já acompanhávamos a vida um do outro mesmo à distância, imagina trabalhando juntos novamente? Em um ano de relacionamento viramos um casal e, desde então, são cinco anos juntos, na ponte aérea Salvador-Manaus. Hoje, estamos noivos”, conta a petroleira, que pretende fixar residência em Salvador, após o enlace.

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No caso de Iara da Silva Sales Chrispim, 39 anos, e Victor Alves Chrispim, 40, a parceria no trabalho offshore também acabou no casamento, que já dura 14 anos e rendeu dois filhos, Vitória e Lucas, com 11 e 4 anos, respectivamente. O casal, que mora em Macaé, se conheceu quando começou a trabalhar junto, em 2003, na plataforma P20 do Campo de Marlim, da Petrobrás, engatou no namoro em 2006, no noivado em 2007 e, em 2008, oficializou a relação. “Desde então, nunca mais nos separamos. Nessa época, trabalhávamos no mesmo grupo: ele como operador de máquinas, e eu como operadora de planta de óleo. Em 2011, tivemos nossa primeira filha. Fiquei afastada durante a licença-maternidade e em seguida retornei aos embarques. Ela ficava com meus pais para que nós pudéssemos trabalhar”, lembra Iara.

Em 2013, Iara foi promovida à Coordenadora de Produção e se tornou chefe do marido. Entretanto, ela garante que a hierarquia na plataforma nunca foi uma questão para o casal, que não dividia camarote e cama nos embarques, já que não é permitido. “Trabalhar juntos nunca nos atrapalhou, sempre fomos muito éticos em nossas funções. E tínhamos uma sintonia e parceria fantásticas. Ele sempre foi meu braço direito e grande incentivador e motivador.”

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A rotina de trabalho offshore continuou, mesmo após a chegada do segundo filho, em 2018, até que, com o início da pandemia, em 2020, se complicou. Os embarques passaram a durar 21 dias, mas Iara e Victor atuavam em escalas diferentes para que sempre tivesse um deles em casa com as crianças. “Nesse momento, percebi que tinha chegado o momento de parar de embarcar. Em maio de 2020 consegui minha transferência para o Centro de Operações Integradas da Bacia de Campos, na base de Imbetiba. Desembarquei, mas meu coração ficou no mar”, desabafa Iara, que hoje cursa Engenharia de Automação no Instituto Federal Fluminense (IFF), além de trabalhar e cuidar da família.

Embarques, desembarques e relacionamento

Há fases boas e outras mais difíceis na vida dos casais que trabalham em regime de escala. Tudo por causa da distância. Na vida a dois de Geisa e Augusto, por exemplo, desde 2021 a rotina foi marcada por desencontros, porque Augusto passou a trabalhar na Engie -  empresa que, junto com a TAG, opera o gasoduto Urucu/Manaus. Augusto tem uma escala diferente da noiva. Ela, que trabalha no Terminal Aquaviário de Coari, fica 14 dias embarcada e folga por outros 21, enquanto ele faz o regime 14/14 em uma estação de compressão de gás no meio da Floresta Amazônica.

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Neste Dia dos Namorados, por exemplo, Geisa estará em terra. Augusto também, mas na floresta. Para Geisa, por causa de momentos como este “devemos cultivar muito o amor, porque a distância pesa”. O lado positivo disso tudo, ressalta a petroleira, é o fato de não haver rotina, como ocorre com muitos casais. “Não há briga. Ultimamente, não estamos mais na mesma escala nem na mesma base, então o tempo para ficarmos juntos é curto. Quando surge algum problema, resolvemos no diálogo. Combinamos de sempre focarmos na solução”.

Enquanto Augusto e Geisa vão comemorar o dia 12 de junho separados, Iara e Victor estarão no mesmo endereço: em casa. E melhor ainda: de folga. Mas foi mesmo por um golpe de sorte do destino. O petroleiro passaria a data trabalhando, mas foi liberado no último domingo, 5/6, com suspeita de infecção por Covid-19. Victor foi encaminhado para um hotel pela Petrobrás, testou negativo e foi liberado para voltar para casa até que seja definido o período da sua próxima escala. “Como não sabemos quando será a nossa próxima celebração juntos, estamos bem animados para festejar o Dia dos Namorados, porque as datas especiais nem sempre combinam com os nossos dias de folga”, finaliza Iara. 

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