Disposição para poupar, investir e consumir

Consumidor brasileiro impulsionado por altas doses de confiana no s na economia, mas tambm na prpria situao financeira, diz pesquisa



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Luciane Macedo _247 -- Tranquilidade no emprego, acesso ao crédito e inflação sob controle. Estes são alguns dos principais fatores que fazem do brasileiro, neste momento, um consumidor bastante otimista e com várias aspirações, disposto a realizar não só seus sonhos de consumo, mas também de poupar e investir em si mesmo, na família e no próprio negócio. É o que mostram os indicadores do Índice Nacional de Confiança (INC), pesquisa realizada em agosto, em 70 cidades brasileiras, e divulgada esta semana pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

Embora haja uma certa cautela com relação ao consumo de bens duráveis a crédito, como casa e carro, ela se deve à insegurança do consumidor frente ao noticiário da crise internacional e impactos que ela possa gerar na nossa economia. Mesmo assim, isso não abala a confiança do consumidor e a expectativa da ACSP é que as taxas de crecimento em relação ao consumo devem continuar em alta significativa pelos próximos meses.

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"O otimismo se reflete em toda a economia", comenta Marcel Solimeo, economista da ACSP. "O consumidor está confiante e isso não muda sensivelmente até o final do ano", projeta o especialista. Segundo Solimeo, fatores como inflação e emprego estáveis impulsionam o consumo, enquanto que a queda no preço do dólar aliada à oferta de crédito faz os preços caírem e torna as prestações das compras a prazo ainda mais acessíveis. "Setores como o de eletro-eletrônicos, eletrodomésticos e telecomunicações continuam aquecidos, mas também o varejo como um todo", assinala o economista.

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Os consumidores das regiões Norte e Centro-Oeste despontaram como os mais otimistas e também com a maior alta no INC em relação a julho, um salto de 19 pontos. "As expectativas do consumidor são movidas, principalmente, por emprego e renda, então quando a economia regional está aquecida, o otimismo aumenta", explica Solimeo, assinalando que a agricultura de exportação e a alta de preços nos produtos agrícolas contribuíram para uma boa geração de renda na região, impulsionando a economia local.

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O Sudeste aparece em segundo lugar no INC, com a primeira grande alta (dez pontos) desde o início do ano. "Havia um temor de desaceleração da economia e isso afetou as expectativas do consumidor na região", comenta o economista. "Mas baixaram os juros e isso não aconteceu", diz ele, referindo-se à redução da taxa Selic.

Nordesde e Sul registraram queda no INC. O impacto das enchentes na economia sulista foi o principal fator para uma forte queda na confiança do consumidor, que tem declinado desde junho. "É um impacto real, que afeta o emprego e a economia, mas também psicológico, que reflete um estado de espírito", diz Solimeo. Já no Nordeste, embora haja emprego, a expansão da economia desacelerou em relação ao ano passado, o que contribui para um certo desânimo do consumidor na avaliação do economista da ACSP.

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Entre as classes sociais, a C aparece na pesquisa como a mais otimista, depois de registrar fortes quedas no INC entre março e maio. "A classe C é também a que possui mais aspirações de consumo e possibilidades de atingi-las", comenta Solimeo. "Com a queda dos juros, a melhora na renda familiar e a expansão do crédito, eles estão otimistas porque vislumbram a possibilidade de realizar os mesmo sonhos de consumo da classe B", diz o economista, referindo-se a bens como TVs de LCD, celulares mais modernos e serviços como internet de banda larga, entre outros. "Mais de 30 milhões de consumidores tiveram acesso ao crédito recentemente, e isso faz uma diferença fantástica no padrão de vida das famílias", assinala Solimeo. "Grande parte da classe C já tem um carro usado e vai trocar por um novo, e o sonho da casa própria, muitos também já realizaram com incentivos do governo", acrescenta.

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A realização gradual e contínua de desejos de consumo faz com que os consumidores também manifestem intenções de poupar e investir no próprio futuro, seja pessoal, familiar ou profissional, outra tendência apontada no INC. Os entrevistados, em sua maioria, disseram que se sentem mais à vontade não só para comprar eletrodomésticos (em comparação a seis meses atrás), mas também estão mais seguros para guardar dinheiro e fazer algum tipo de investimento. A percepção de uma economia fortalecida e a expectativa de que ela permanecerá assim pelos próximos seis meses aparecem na pesquisa da ACSP e contribuem para a disposição do consumidor de investir no próprio negócio ou no aperfeiçoamento das habilidades profissionais.

A maioria dos entrevistados por todo o Brasil avaliou sua situação financeira como boa e manifestou a expectativa de que ela vai melhorar ainda mais ao longo deste ano. "Com tranquilidade no emprego e a expectativa de aumento no salário mínimo, que já teve um impacto nos reajustes salariais em curso, principalmente entre as classes mais baixas, o otimismo e as expectativas positivas para o futuro tendem a se manter", conclui Solimeo.

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