Curva assassina

Morte trgica de Gustavo Sondermann pode mudar o circuito de Interlagos



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Letícia Moreli_247 - O piloto Gustavo Sondermann, de 29 anos, que perdeu a vida neste domingo, em prova da Copa Montana, foi a segunda vítima fatal da curva do Café, em Interlagos, neste ano. No fim de fevereiro, o fotógrafo João Lisboa passou reto no local com uma motocicleta durante um track day para pilotos amadores e bateu no muro, não resistindo aos ferimentos. Antes disso, em 2007, a curva assassina já havia ceifado a vida Rafael Sperafico – por ironia, companheiro de equipe de Sondermann na Stock Car Light naquele ano. Seu acidente foi semelhante ao de Sondermann: o volante paranaense derrapou, bateu nos pneus de proteção e voltou atravessado à pista, sendo atingido em cheio pelo carro de Renato Russo. Sperafico teve traumatismo craniano e morreu no local.

O sinistro currículo da curva do Café registra ainda outros dois graves episódios em circunstâncias parecidas. Em 2003, durante o Grande Prêmio dos Brasil, o espanhol Fernando Alonso bateu sua Renault em uma roda solta do Jaguar de Mark Webber e provocou a interrupção da corrida em um acidente visualmente impressionante. Mais recentemente, em agosto de 2009, a prova dos 500 Quilômetros de São Paulo foi interrompida a três voltas do final por um desastre no local. O Porsche 911 de Nonô Figueiredo perseguia a Ferrari F430 de Daniel Serra e, ao entrar no fatídico trecho, tocou no Spyder Race de Claudemir Barros, que foi arremessado contra as defensas. Ao voltar para o asfalto, foi colhido pela Ferrari F430, que conseguiu evitar um choque frontal.

Interlagos é uma pista segura. Praticamente não há lugar para bater forte. As áreas de escape são grandes e os muros têm pneus. Mas no Café não há espaço para erros. O muro é muito próximo ao traçado. Quem passa reto acerta a parede. Quem sai rodando bate, volta para o traçado e quase sempre é acertado por outro piloto, que sobe ali a cerca de 200 km/h (são 55,5 metros por segundo). Foi o que aconteceu com Sondermann e com Sperafico, que tiveram o azar de voltar para a pista e foram acertados por outros pilotos que vinham atrás.

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Em provas de motociclismo, o piloto que passa por lá com o acelerador totalmente aberto, precisa ter estômago para sentir a moto espalhar até a faixa branca, a apenas dois ou três metros do muro. Um erro quase sempre é fatal. Por isso não dá para entender como aquela curva continua lá. Em 1992, na única vez em que o Mundial de Motovelocidade realizou uma prova em Interlagos, uma chicane foi colocada antes do Café. Mas nunca se fez uma obra definitiva. Nunca se contratou uma empresa para estudar o que poderia ser feito. Nunca se falou em arrancar a arquibancada e criar uma área de escape ou mudar o traçado, mesmo com a chicane.

Tricampeão da Stock Car e vencedor da corrida de domingo da categoria em São Paulo, Cacá Bueno defendeu nesta segunda-feira a realização de mudanças no circuito de Interlagos, após o acidente mortal sofrido por Gustavo Sondermann na Curva do Café (na subida para a reta dos boxes), em prova da Copa Montana - evento suporte da Stock Car. "O circuito é muito bom, melhor do País, aprovado internacionalmente, mas temos um problema grave ali", afirmou Cacá em entrevista à TV Globo. "Precisamos fazer uma mudança ali. O automobilismo é uma coisa perigosa e nós não queremos que novas coisas ocorram. O ideal é uma área de escape", completou.

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A opinião de Cacá Bueno foi compartilhada por Luciano Burti, que também compete na Stock Car e já participou da Fórmula 1. "É preciso encontrar espaço necessário, derrubar a arquibancada para ter área de escape. A segurança precisa estar em primeiro lugar. A solução existe, é preciso união para realizar mudanças antes que aconteça um quarto acidente ali", alertou Burti, em entrevista ao SporTV.

Sondermann foi atingido três vezes antes de o carro parar, após quatro voltas da prova da Copa Montana, que acontecia com chuva. O local do acidente é problemático pela alta velocidade e proximidade com o muro. Quando ocorre uma batida, o carro retorna para a pista e é atingido por outros em alta velocidade, como ocorreu no domingo e provocou a morte do piloto. A Confederação Brasileira de Automobilismo decretou luto oficial de sete dias.

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