“As mulheres querem poder ser elas mesmas, sem serem assediadas por isso”

Convidadas do programa “Um Tom de resistência” na TV 247, Lucia Helena Issa e Mari Blue sugerem uma profunda reflexão dos homens quanto ao machismo estrutural e suas consequências sobre os corpos femininos. “Eles precisam estar juntos com as mulheres nessa luta”, opinam. Assista

Mari Blue e Lucia Helena Issa
Mari Blue e Lucia Helena Issa (Foto: divulgação)


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247 - Revelando que já passaram pela experiência de serem assediadas sexualmente, a cantora e compositora Mari Blue e a jornalista e escritora Lucia Helena Issa relataram o medo e até o sentimento de culpa que sentiram, diante de uma situação que ambas classificaram como nojenta e de extrema violência contra a liberdade da mulher.

“Eu já fui assediada por um importante político do Rio de Janeiro, quando fiz uma apresentação durante um evento na ALERJ. Um deputado queria me comprar sexualmente e ficou me oferecendo coisas. Disse que me colocaria para desfilar como destaque numa escola de samba, Outra vez foi um policial dentro de um ônibus de viagem. Ele sentou do meu lado armado e eu senti medo. Tanto que só fui contar para alguém o que aconteceu um ano depois”, relatou Mari Blue.

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Lucia Helena também descreveu duas situações de assédio sexual sofridas por ela e o pavor que sentiu no momento. “Eu sofri assédio por duas vezes exercendo o meu trabalho como jornalista. Uma na Itália e outra no Brasil. Na Itália foi um político ligado ao presidente Silvio Berlusconi, cujo governo era um verdadeiro símbolo de decadência, machismo e xenofobia. Estava ali como jornalista para fazer uma matéria sobre os refugiados na Itália e ele me assediou dizendo que a mulher brasileira é sensual e não costuma dizer 'não'. O outro caso aconteceu quando eu estava no primeiro ano da faculdade e fui entrevistar um pastor, que hoje ganhou certa proeminência em sua igreja. Ele me empurrou contra a parede e tentou me beijar a força, prometendo me abrir portas para entrevistar outras pessoas”.

O abuso de poder nas relações profissionais, nas quais alguns homens que possuem ascendência hierárquica sobre a mulheres se aproveitam dessa situação para tentar obter favores sexuais, também foi apontado como um fator motivador para crimes de assédio sexual. Reconhecendo a estrutura social machista da nossa sociedade, o apresentador Ricardo Nêggo Tom quis saber das convidadas o que os homens precisam fazer para deixarem de ser machistas. Para Lúcia, “os homens precisam mudar o ‘chip’ e, com a ajuda das mulheres, rever os seus conceitos. Estarem dispostos a ouvir quando falarmos que eles estão sendo machistas, trogloditas e medievais em algumas situações. Temos que lutar juntos e não como inimigos. Porque o machismo estrutural é tão forte, que ele acaba sendo muito sutil no comportamento masculino”, defende.

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Mari Blue concorda que essa mudança deve ser promovida com a participação dos homens. “Obviamente que sim. A gente precisa que a sociedade mude como um todo e os homens terão que acompanhar isso, ainda que por osmose. Eu sinto que eles estão com um pouco de medo do que está acontecendo, por causa da velocidade que vem sendo imposta nesse processo de mudança. Eu aconselho aos homens que estudem muito sobre o machismo estrutural, porque nós mulheres estamos estudando bastante e após quase dez mil anos de opressão, não espere de nós toda essa compreensão para resgatar todo esse tempo perdido. Queremos o nosso direito respeitado. Não somos frágeis. Somos bravas, somos fortes e temos o direito de ser quem quisermos. Seja santa ou seja puta”.

Segundo Mari e Lúcia, a estruturação do cristianismo sob a figura virginal da mulher e sob a autoridade patriarcal do homem também contribui para a perpetuação do machismo estrutural, quando estabelece a inferioridade da mulher diante do homem, e, no caso de algumas doutrinas, como o judaísmo, demoniza a sua figura atribuindo a ela a fraqueza e origem do pecado.

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