Após "Crespúsculo", os jovens estão sim, lendo mais
A histria do amor impossvel entre uma humana e um vampiro motivou mudanas nos hbitos de leitura entre os jovens
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Bruna Cavalcanti_247 - Alguns podem até torcer o nariz, mas a verdade é que antes do fenômeno da série "Crespúsculo", escrita pela americana Stephenie Meyer, nunca se viu tanta gente jovem lendo como agora. Uma prova disso são os números do mercado. Ao todo no Brasil, a série vendeu mais de cinco milhões de exemplares e arrebatou fãs em todos os lugares. E não para por aí. O sucesso foi tão grande que muitos clássicos da literatura também acabaram pegando carona nesse fenômeno. Um bom exemplo disso é o clássico da literatura mundial "O Morro dos Ventos Uivantes", da editora Lua de Papel, escrito pela inglesa Emily Brontë. Depois que foi citado em "Crespúsculo", o romance, publicado originalmente em 1847 e que é considerado um dos mais bonitos de todos os tempos, ganhou uma nova edição com o seguinte apelo na capa: "O livro preferido de Bella e Edward". Correta ou não, a estratégia funcionou e deixou a obra por semanas na lista dos mais vendidos nas livrarias de todo o País.
"Estas séries são repletas de citações de outros autores e isso motiva os jovens a lerem mais". Essa é a opinião da mestre em linguística e professora de literatura da Faculdade Joaquim Nabuco, Elizângela Silva. Segundo ela, o mais importante é que as pessoas deem o primeiro passo na leitura. "Os grandes clássicos da literatura são mais parados e introspectivos. Já esses livros geram identificação no leitor e são um incentivo para outros", afirma.
A mesma opinião também é compartilhada pela estudante Amanda Ricken, 17 anos. Antes de "Crespúsculo", Amanda não conseguia sequer ler os livros obrigatórios do ensino médio exigidos pela escola em que estudava. "Estava na 8ª série e não lia muito. Se tinha muitas páginas então, demorava meses. Quando vi uma amiga minha lendo "Crepúsculo" decidi comprar e li desesperadamente. Devorei o livro em três dias e depois dele, não parei mais de ler. Fui mordida pelo bichinho da leitura", conta entusiasmada. Hoje, Amanda possui mais de 200 livros e uma paixão admirável por esse universo. "Depois dos livros de vampiros, comecei a prestar mais atenção em todo livro que ia ler. Você quer sempre comprar mais e mais. Isso me deu mais agilidade na hora da leitura, inclusive dos textos preparatórios para o vestibular. Cheguei inclusive a pensar em fazer letras", afirma a estudante. E não são só as histórias com temáticas sobrenaturais que se encontram em sua estante. Um dos últimos livros que ela releu foi "Crianças de Grozni - Um Retrato dos Órfãos da Chechênia", da jornalista Asne Seierstad. "Costumo ler todo tipo de gênero. Já li todos os livros da Jane Austen, Shakespeare e outros clássicos. Meus dias mudaram completamente".
Outra que se interessou bastante pelo universo da leitura depois de ter lido a saga “Crespúsculo” foi Maria Eduarda Moura Maciel, 13 anos. A estudante começou a ler a obra por influência das amigas assim que a série foi lançada e não parou mais. No entanto, hoje, ela diz que prefere ler outros tipos de livros. “No começo eu gostava muito, mas hoje prefiro outras histórias. Nesse momento, por exemplo, estou apaixonada por “Sonho de uma noite de verão”, de William Shakpespeare. Além do romance, os personagens são muito engraçados e divertidos”, revela animada. Só esse ano, Duda já leu mais de 20 livros. Além disso, tanto a professora quanto a mãe dela tem percebido uma melhora da aluna nas redações do colégio. “Ler me fez conhecer algumas expressões e palavras que eu sequer conhecia. Me tornei mais criativa. Tenho feito até poemas”, revela a estudante.
Assim como Amanda e Maria Eduarda, vários jovens se aventuraram pelo universo da literatura. Só em Recife, há diversos sites de fãs, blogs e redes sociais onde o assunto mais comentado sempre está ligado à leitura. "Todos esses livros tem em média trezentas páginas e mesmo assim criaram uma comoção e mobilizaram leitores em todos os lugares. Certamente os adolescentes estão lendo mais e continuam aquecendo o mercado", afirma Danielle Machado, da editora Íntrinseca.
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