Amapaenses veem descaso federal: 'se o apagão fosse em São Paulo, estaria esquecido?'
"Se o apagão fosse em São Paulo, estaria esquecido ou tendo uma comoção nacional?", questionou o estudante André Luiz Fonseca, após a falta de abastecimento de energia que atingiu quase 90% da população do Amapá. "Se fosse no Sudeste, isso jamais estaria acontecendo", reclamou a administradora Daylane Barreto, 31 anos, que também criticou a cobertura da imprensa

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247 - "As pessoas esquecem que Amazônia não é só floresta", disse o estudante André Luiz Fonseca. "São pessoas, animais, cidades. É muito fácil colocar uma hashtag para salvar a Amazônia, pra gerar engajamento. Se o apagão fosse em São Paulo, estaria esquecido ou tendo uma comoção nacional?", questionou. As entrevistas foram publicadas em reportagem da BBC.
Quase 90% da população do Amapá, o equivalente a cerca de 765 mil pessoas, foram atingidas pela falta de energia após o apagão, na noite do dia 3 de novembro. Ao todo, 13 das 16 cidades do Amapá estão sem o fornecimento total de serviços elétricos. A Delegacia de Crimes Contra o Consumidor (Deccon) pediu o sequestro de R$ 500 milhões em bens e ativos da concessionária que opera a subestação. A Justiça estadual concedeu o pedido em parte e bloqueou R$ 50 milhões.
De acordo com um laudo preliminar da análise no transformador que pegou fogo, o incêndio em uma subestação em Macapá (AP) teve início após uma peça do equipamento superaquecer.
A administradora Daylane Barreto, 31 anos, criticou a cobertura da imprensa sobre o caos enfrentado pelo estado. "Se fosse no Sudeste, isso jamais estaria acontecendo. Teria plantão 24 horas na televisão, o dia inteiro falando do problema, influenciadores da internet cobrando uma solução. O que a gente tem visto são reportagens de um minuto, coisa rápida. Aí volta o apresentador, falando: 'agora vamos falar mais sobre as eleições nos Estados Unidos'", afirmou.
A administradora Daylane Barreto também reclamou que o rodízio de energia tem favorecido bairros mais ricos. "Há comunidades de periferia onde a energia só chega por 2 hora ao dia, às vezes só por 20 minutos", continuou.
"A gente liga para os números de reclamação da empresa de energia e do governo, mas nada funciona. Não estamos só às escuras porque não tem eletricidade, mas também por falta de informação. É um descaso total", complementou.
No sábado (7), a Justiça Federal determinou que a multinacional Isolux restabeleça até esta quinta-feira (12). Se não voltar a fornecer 100% da energia no prazo, a empresa terá que pagar R$ 15 milhões de multa.
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