Acesso ao luxo
Okay, voc poupou, seu dinheiro cresceu e est na hora de fazer um upgrade: por que no um carro?
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Luciane Macedo _247 -- Confirmando uma tendência apontada já no início do ano pelo Luxury Institute, centro de pesquisas independente com sede em Nova York que avalia o mercado de luxo em escala global, os automóveis de luxo despontam como um dos segmentos que lideram o crescimento desse mercado de consumo no Brasil. Em outras palavras, para quem já alcançou estabilidade financeira e adquiriu bens como a casa própria e até mesmo um segundo imóvel para lazer, chegou a hora de dar um passo adiante em relação às compras mais ousadas.
De janeiro a julho deste ano, 22.022 automóveis de luxo foram emplacados no país, um aumento de 39,6% em relação ao mesmo período do ano passado, revelam os números da Fenabrave (Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores). O crescimento mais expressivo está entre os veículos de luxo que custam entre R$ 100 mil e R$ 399 mil. Esses carros têm sido comprados, na maioria dos casos, por famílias com renda mensal superior a R$ 20 mil. As facilidades de financiamento explicam o aquecimento no segmento.
O consumo de automóveis nessa faixa de preço aumentou em todos os meses do primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2010. E com o investimento de marcas como Audi e Mercesdes-Benz em carros de luxo cada vez mais sedutores ao brasileiro -- um apaixonado por carros, como diz a propaganda --, a tendência é de que o segmento continue aquecido e servindo como porta de entrada da classe média nesse ainda seleto mercado. Afinal, mesmo com a elevação nas vendas, apenas 2,5% da população, cerca de 4,8 milhões de brasileiros, podem realizar esse sonho. A expectativa de crescimento do mercado de luxo no Brasil, porém, é de 33% para 2001, segundo a MCF Consultoria, maior autoridade na avaliação do consumo de luxo no país.
Ao contrário de itens em segmentos como os de vestuário e perfumes de grifes de luxo, que ainda são mais consumidos pelos brasileiros em viagens internacionais ou free shops, os carrões importados agregam, fortemente, dois aspectos relevantes nesse tipo de consumo: o fator emocional, representado pelo status e satisfação pessoal, e, em segundo lugar, o fator utilidade. "O consumidor não quer apenas consumir por necessidade, ele quer ser encantado, quer possuir um produto que conte uma história ao longo do tempo, que tenha significado", comenta Carlos Ferreirinha, presidente da MCF . Cada vez mais famílias estão descobrindo o conceito do valor presente, aquele que é intangível, mas, nem por isso, menos perceptível. A pergunta de quem compra um bem extra é quase sempre a mesma: "Por que não"?
O mercado de carros de luxo aquecido por aqui contribui, também, para a ampliação do mercado, como um todo, de produtos considerados supérfluos. Outra vez, por facilidades como o crédito e também a valorização do real frente ao dólar, uma nova classe média, com mais poder aquisitivo e ávida por consumir, está indo às compras de produtos com valor mais elevado.
De acordo com pesquisa da MCF, 71% dos empresários do mercado de luxo manifestaram-se adeptos à democratização do consumo, mesmo que isso culmine na criação de marcas paralelas ou submarcas. Outro ponto a ressaltar é que 46% deles acreditam que, para que a promessa de expansão se cumpra, será preciso tornar os produtos de luxo mais acessíveis aos consumidores que ainda aspiram a esse mercado. "A nova classe, que já representa mais da metade do consumo nacional, possui um poder de compra maior do que a elite brasileira, o que gera a necessidade para as marcas de se democratizarem", analisa Ferreirinha. As marcas de carros luxuosos estão atentas a essa necessidade do mercado.
"Muitos estão realizando agora o sonho de ter o primeiro Mercedes-Benz com o C 180 Classic", conta Carla Silvia Augusto, da Comark. O sedan, que custa R$ 116.900, é veículo de entrada da Mercedes para os primeiros consumidores da marca principalmente entre os homens. Há um modelo ainda mais acessível, o B 180 Family Plus, que sai por R$ 99.800. Mas o apelo dessa mini van familiar é mais forte entre as mulheres. Segundo a vendedora, que tem 14 anos de experiência nesse mercado, o interesse também já é grande pelo C 180 Turbo Coupé, um modelo com teto solar que acaba de chegar às concessionárias e vai custar R$ 126.500, diferença sutil em relação ao Classic.
Nem a carga tributária, um dos principais obstáculos à expansão do mercado de luxo por aqui, desanima os amantes da Mercedes-Benz. O perfil do comprador, segundo Carla, é de homens jovens, na faixa dos 24 anos, e que já possuíam um carro importado, mas não de luxo. Eles podem financiar seu Mercedes em até 36 parcelas. "O uso do crédito no Brasil é um dos maiores no mundo, tanto que muitas marcas de luxo tiveram que se adaptar a esse novo hábito de consumo e disponibilizar a oportunidade da compra parcelada", comenta Ferreirinha. "A democratização do consumo e do acesso traz oportunidades não só às empresas, como para o consumidor em si", acrescenta o especialista.
O modelo de entrada da Audi para os recém-chegados ao mercado de luxo é ainda mais acessível, ficando abaixo da faixa dos R$ 100 mil. O A1, o primeiro modelo compacto da marca, chegou ao mercado brasileiro em maio, por R$ 89.900. As primeiras 450 unidades foram todas vendidas e já existe uma lista de espera para a próxima leva. O público-alvo do A1 é de jovens e o que a marca define como "elite moderna" -- 49% dos compradores têm entre 25 e 29 anos e 35%, entre 18 e 24. A expectativa da Audi é de dobrar as vendas no Brasil com o A1, fazendo dele o modelo mais vendido de 2011. No que depender do desejo do consumidor por seu primeiro carro de luxo, tudo indica que ela deva se cumprir. "O brasileiro tem um perfil muito peculiar no que se refere a consumo, somos muito impulsivos", diz Ferreirinha. "E quando você compara o consumidor tradicional de produtos de luxo com esse novo consumidor, o comportamento é o mesmo: 'Eu quero e quero agora'".
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