A vida vem das estrelas?
Astrnomos chineses descobrem que a vida na Terra pode ter surgido nas profundezas do espao exterior
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Um grupo de astrônomos chineses acaba de anunciar a descoberta de compostos orgânicos cuja complexidade ninguém imaginava pudesse existir no espaço interestelar. Os resultados sugerem que tais compostos orgânicos complexos tenham sido criados por estrelas. Os professores Sun Kwok e Yong Zhang, da Universidade de Hong Kong, demonstraram que uma substância orgânica comumente presente em todo o universo contem um misto de componentes aromáticos (estruturas em anel) e alifáticos (estruturas encadeadas). Esses compostos são muito complexos e suas estruturas químicas se parecem às do carbono e do petróleo encontrados na Terra. Como estes últimos são restos de uma antiga vida orgânica na Terra, pensava-se que podiam formar-se apenas graças à presença de organismos vivos. A descoberta dessa equipe chinesa sugere, diferentemente, que compostos orgânicos dessa complexidade podem ser sintetizados no espaço inclusive quando inexiste uma atividade biológica.
A teoria mais aceita a respeito da origem dessas radiações era a de que elas provinham de simples moléculas de carbono e hidrogênio, chamadas moléculas PAH (Polycyclic Aromatic Hydrocarbon). A partir das observações feitas com o Infrared Space Observatory (ISO) e com o telescópio espacial Spitzer, Kowk e Zhang mostraram que os espectros têm características que não podem ser explicadas pela presença das moléculas PAH. A equipe de cientistas chinesas propôs então que as substâncias que geram essas emissões possuem estruturas químicas muito mais complexas. Analisando dessa forma o espectro da poeira de estrelas presente ao redor de estrelas conhecidas que explodiram e que são conhecidas como novae, a equipe demonstrou que após a ocorrência desses fenômenos ocorre a formação de compostos orgânicos em tempos extremamente breves, inclusive de poucas semanas.
Assim, tudo leva a crer que as estrelas não apenas produzem matéria orgânica complexa, mas também a expelem para o espaço interestelar. As conclusões que derivam desse trabalho dão suporte à ideia, que já fora proposta por Kwok, de que as estrelas mais velhas são fábricas moleculares capazes de dar vida a muitos compostos orgânicos complexos. “Nosso trabalho demonstrou que as estrelas não têm nenhuma dificuldade para criar compostos orgânicos complexos sob condições de vácuo” explicou Kwok. “Teoricamente isso seria impossível, mas na prática observamos que pode acontecer”.
Ainda mais interessante é o fato de que essa poeira estelar orgânica possui uma estrutura similar à de complexos compostos orgânicos descobertos em alguns meteoritos. Dado que os meteoritos constituem os restos da matéria primordial da qual se formou o nosso sistema planetário, essas descobertas fazem surgir a hipótese de que as estrelas tenham enriquecido o Sistema Solar antes e depois da sua formação com novos compostos orgânicos. A Terra primordial foi submetida a intensos bombardeios por parte de cometas e asteroides que podem ter trazido para nosso planeta muitos compostos orgânicos de origem estelar. Se esse material desempenhou ou não um papel fundamental no surgimento da vida na Terra, isso permanece ainda uma questão aberta sob muitos aspectos, mesmo que, sem dúvida, a presença desses materiais na Terra, originados in loco ou provenientes do espaço, foi absolutamente indispensável para que o fenômeno da vida ocorresse.
Na ilustração, a curva amarela torna visível o espectro de radiações obtido pelo Infrared Space Observatory (Iso). No fundo da imagem temos a Nebulosa de Órion, na qual foram descobertos compostos orgânicos complexos compatíveis com aqueles necessários para dar origem à vida. Na parte baixa da imagem são visíveis as estruturas das moléculas encontradas. Imagem ISO, NASA, HKU
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