Futebol brasileiro retorna à China

Campeonato Brasileiro será transmitido até 2023 pela China Sports Media. Especialistas veem potenciais e desafios para o Brasileirão

Taça do Campeonato Brasileiro
Taça do Campeonato Brasileiro (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)


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Por Hélio Rocha, na China Radio International

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a plataforma chinesa de streaming esportivo K-Ball, pertencente ao grupo Chinese Sports Media, formalizaram em setembro mais uma importante iniciativa de intercâmbio econômico e cultural entre o Brasil e a China. A empresa vai exibir jogos do Brasileirão (nome comercial do Campeonato Brasileiro de Futebol) três vezes por semana, em acordo assinado para até o fim de 2023. Com isso, as partidas brasileiras retornam ao público chinês depois de cinco anos.

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Diante disso, jornalistas dos dois países e um especialista em marketing esportivo compartilharam suas opiniões sobre as potencialidades e desafios para o Brasileirão no mercado chinês, nesse processo de reconquista do público oriental pelo futebol mais importante da América do Sul.

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Para o jornalista Bruno Guedes, da Agência Efe, dois pontos podem ser destacados. “O futebol brasileiro está cada vez mais interessante para o público mundial. Os jogadores já não são mais apenas jovens e veteranos que retornaram tardiamente da Europa, mas atletas relevantes e conhecidos com passagens de sucesso nas principais ligas, como Filipe Luís e Hulk. Além disso, o país frequenta o Mundial de Clubes, portanto seus clubes se apresentam frequentemente ao público de todo o mundo”.

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Na mesma linha de Guedes, o jornalista Douglas Rocha aponta que o público internacional confia no futebol brasileiro. “Além da hegemonia dentro do futebol da América do Sul, tem a curiosidade de ver nascer novos craques. A galera de fora quer saber quem é o novo Neymar, o novo Vinícius Jr. Somando isso aos jogadores que retornam, ainda em alto nível, do futebol europeu, torna-se fácil vender um jogo como Flamengo contra Palmeiras, dois times que não devem nada para times das melhores ligas do mundo”.

No histórico recente, Palmeiras e Flamengo fizeram jogos equilibrados contra potências europeias, Chelsea e Liverpool, nas finais do Campeonato Mundial de Clubes. Mas Rocha alerta: “O produto ainda tem o que melhorar. As arbitragens, o juiz de vídeo, os gramados, o calendário, são aspectos que colocam o Brasileirão devendo para ligas como a Premier League, do Reino Unido; a La Liga, da Espanha, e mesmo a Major League Soccer, dos Estados Unidos”.

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“É preciso criar estratégias de marketing”, diz pesquisador

Para o professor Ary Rocco Jr., pesquisador em marketing esportivo pela Universidade de São Paulo, o futebol brasileiro incorpora elementos que vão além do presente. “Tem a história vencedora do futebol brasileiro, que cria uma mística em torno do campeonato.” Porém, ele aponta dificuldades organizacionais para entrar no mercado chinês, onde já há a concorrência das ligas europeias.

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“A venda dos direitos de transmissão é um começo. Mas, para ser efetivo, é necessário que a CBF e os clubes, de forma estruturada, façam ações mais profundas no país. Os clubes precisam se dedicar ao mandarim, como já fazem com o inglês, terem página na internet e pessoal de marketing nessas línguas. Aliás, devem excursionar à China para partidas amistosas e pequenos torneios e manter lojas com seus produtos no país, de forma conjunta. É necessário vincular-se com o público, não somente passar o jogo.”

Li Hailong chines

Fuso-horário pode ser barreira

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Para o jornalista chinês Li Hailong, que cobre futebol brasileiro para o jornal Titan Sports, a preocupação maior é com a diferença de horário. Os jogos do Brasil ocorrem ou durante as madrugadas chinesas, ou pela manhã, em dia de trabalho. “Nos dias úteis, as pessoas não vão poder assistir aos jogos. É um desafio. O público chinês adora o futebol brasileiro, sobretudo a seleção brasileira, e a transmissão no K-Ball será um bom início para o povo conhecer mais o futebol brazuca”, analisa Li.

Entre potenciais a explorar, melhorias a fazer e barreiras a vencer, o saldo, entre os profissionais da comunicação, é positivo. Quem sintetiza é o jornalista Thiago Kern Copetti, que foi correspondente em Beijing para o Jornal do Commercio, acompanhou a repercussão da Copa do Mundo de 2018 e afirma que o povo chinês se interessa muito pelo futebol e, especialmente, pelo Brasil.

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“Mesmo ainda não sendo um destaque no futebol, os chineses prestam atenção na Copa e nos principais jogos do mundo. E, sempre, há referências ao Brasil quando se trata de seleções. O desafio, agora, é levar os clubes brasileiros a eles, mas a abertura ao Brasil é muito grande. Uma vez eu estava entre chineses que não falavam português, nem outro idioma que não o mandarim, e começaram a falar ‘Ronaldinho’ ao saber de onde eu era. É um nome universal para os chineses quando veem um brasileiro.”

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