Amara Moira: “Cuca foi um dos principais defensores de outro estuprador, o Robinho”

Em entrevista à TV 247, a colunista do UOL Esporte disse que técnico “blefou“ ao falar em inocência. Para o cronista Paulo Andel, a justiça suíça já provou que Cuca é um estuprador

Cuca e Amara Moira
Cuca e Amara Moira (Foto: Reprodução)


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247 - Durou apenas dois jogos a passagem do técnico Cuca pelo Corinthians. Após uma chegada bastante conturbada, onde ele enfrentou grande resistência por boa parte da torcida alvinegra, em função de sua condenação pela justiça da Suíça em 1987, quando era jogador do Grêmio, por ter mantido relações sexuais com uma menina de 13 anos de idade, junto com outros três companheiros de equipe, o treinador pediu demissão após a classificação do time para as oitavas de final da Copa do Brasil. O programa “Um Tom de resistência”, na TV 247, abordou o caso e convidou a professora, escritora e doutora pela Unicamp, Amara Moira, e o jornalista, escritor e cronista esportivo, Paulo Andel, para debaterem o caso.

Amara, que é comentarista e colunista esportiva do site UOL, avalia que Cuca “não contava com a mudança de comportamento, tanto da sociedade quanto da própria imprensa, em relação ao blefe que ele fez sobre a sua inocência no caso”.

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Contextualizando o caso, Moira lembra que a imprensa brasileira pouco falava sobre o assunto, até o escândalo sexual envolvendo o jogador Robinho ganhar repercussão na mídia, após a sua condenação em 2ª instância pela justiça italiana. “A partir daí, começaram a surgir algumas matérias sobre jogadores brasileiros envolvidos em casos de violência sexual e o caso envolvendo o Cuca voltou à pauta com mais força. Por coincidência, o Cuca era o técnico do Santos quando o time tentava contratar o Robinho após essa condenação e foi uma das pessoas que saiu em defesa do jogador, dizendo que ele era uma excelente pessoa e que não tinha nada que o fizesse acreditar no envolvimento do atleta no estupro coletivo pelo qual havia sido condenado”.

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A colunista lembra ainda que em 2021, quando seu nome era especulado para assumir o Atlético Mineiro, Cuca começou a enfrentar uma rejeição mais pesada ao seu nome. “Naquele momento, a torcida do Atlético começou a se mobilizar contra a sua contratação e ele resolveu dar uma declaração para a jornalista Marília Ruiz, gravando um vídeo com a presença da esposa e das filhas, dizendo que ele era inocente e que o julgamento foi injusto. Um blefe que foi publicado no Uol e depois em outros veículos de imprensa, sem que ninguém tivesse ido atrás de outras versões sobre o caso. Bastou a sua palavra naquela entrevista e dois ou três dias depois ele foi contratado pelo clube”.

O jornalista Paulo Andel atribui à dinâmica na comunicação dos dias atuais, todo esse processo de reabertura do caso. “Eu lamento muito tudo isso, porque eu vi o Cuca jogar na minha adolescência e quando essa situação absolutamente infeliz surgiu, é bom que se diga que a repercussão na mídia foi ínfima. Pessoas que trabalham com futebol e pesquisam futebol como eu, desconheciam esse fato até alguns anos atrás. Claro, que precisamos levar em conta a dinâmica na comunicação de hoje. Se alguém espirra no Amazonas, em dois minutos já estamos aqui debatendo. Antes não era assim”.

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Mesmo reconhecendo o talento e a competência de Cuca como treinador, Andel entende que o crime cometido por ele não deve ter a sua gravidade reduzida por causa de sua representatividade no futebol brasileiro. “Não podemos confundir as coisas. Ele é um grande profissional, tem uma carreira absolutamente vitoriosa, mas ele é um estuprador. Os fatos e as provas estão aí, houve julgamento e ele foi condenado. Não há o que discutir quanto a isso”.

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O machismo no ambiente futebolístico também foi abordado por Paulo Andel, que aponta a naturalidade através da qual a mulher costuma ser objetificada pelos boleiros, como um dos motivos para o silenciamento do caso na mídia esportiva e na sociedade. “Infelizmente, no futebol que a gente tanto gosta e ama, sabemos que existem muitas coisas ruins. E essa questão da objetificação da mulher, todo mundo sabe que ocorre no mundo da boleiragem. Temos uma turma que trata garotas de programa como se fossem objetos descartáveis. Já tivemos uma situação pavorosa em relação a isso, que foi o caso do goleiro Bruno. E mesmo apesar do crime que ele cometeu, ainda temos torcedores, não só do Flamengo, mas também de outros times, que ainda querem tirar foto com ele e o admiram”.

O cronista chama a atenção para a ingenuidade de Cuca com relação à versão por ele apresentada, e considera que ele subestimou a comunicação moderna acreditando que ela se sustentaria até o fim. “Apesar de ele ser um homem de meia idade, não o exime de ser uma pessoa antenada com a modernidade da comunicação. Na verdade, ele não blefou. Ele mentiu descaradamente. E deveria ter imaginado que essa mentira, em algum momento seria descoberta e daria uma grande repercussão”, avalia o jornalista.

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