Vera Lúcia Pereira: “Bolsonaro é xenofóbico e estimula o preconceito contra o Nordeste”

À TV 247, a cientista social que foi candidata à presidência da república pelo PSTU declarou apoio a Lula no 2º turno em defesa das liberdades democráticas

Vera Lúcia Pereira
Vera Lúcia Pereira (Foto: Divulgação campanha Vera)


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Por Ricardo Nêggo Tom - Não há dúvidas de que o segundo turno das eleições presidenciais é uma disputa entre o resgate da democracia e a continuidade da barbárie que representa o atual governo. A degradação das condições de vida do povo brasileiro durante a gestão Jair Bolsonaro, que culminou em mais de 33 milhões de pessoas em situação de fome no país, foi apontada por Vera Lúcia Pereira, do PSTU, como a principal reclamação ouvida por ela nas ruas durante sua campanha à presidência da República. A ex-dirigente sindical avalia que “essa degradação se dá por conta da elite capitalista e por conta das medidas econômicas do governo e do congresso nacional, porque Bolsonaro não governa sozinho. Nos estados onde eu estive, nas quatro regiões do país, a realidade é emblemática no que diz respeito a essas necessidades que afetam a maioria da classe trabalhadora, sobretudo os mais pobres. E, consequentemente, são afetados aqueles que são as principais vítimas de opressão na sociedade, que são as mulheres, os negros, as mulheres negras e as mães solo”. Ela também aponta o contraste entre o lucro obtido pelo agronegócio no governo Bolsonaro com a exportação de alimentos, e a condição de insegurança alimentar enfrentada por milhões de brasileiros, que já acordam sem saber o que irão comer durante o dia.

Vera lembra que “Bolsonaro se orgulha em dizer que o agronegócio vai muito bem e que tem alimentado um bilhão de pessoas mundo afora. E isso é verdade. O agronegócio vai muito bem e, de fato, o Brasil tem alimentado muita gente em todo mundo que pode comprar. Enquanto isso, no Brasil o povo passa fome. Mais da metade da população brasileira não tem comida em casa guardada, não tem feijão, não tem farinha, não tem arroz, café, pão. É muito comum, por exemplo, a gente conversar com mães que moram em ocupações nas periferias da cidade, e elas dizerem que acordam sem saber o que darão de comer aos seus filhos”. Nordestina da cidade de Inajá, que fica no sertão de Pernambuco, Vera Lúcia comentou as declarações preconceituosas feitas pelo atual presidente contra o povo nordestino, ao qual ele chamou de “analfabeto” por ter votado majoritariamente em Lula no primeiro turno. Ela considera Bolsonaro “xenofóbico”. “Ele e os bolsonaristas estimulam todo o tipo de preconceito. Inclusive, o preconceito que existe contra o Nordeste não é de agora, é um preconceito que vem de séculos. Muito embora, a classe trabalhadora nordestina tenha migrado para o sudeste para sobreviver e com a força do seu trabalho tenha ajudado a construir essas grandes metrópoles, nós ainda somos tratados nessas regiões com muito preconceito. Por exemplo, dizer que todo nordestino é baiano ou paraibano, é uma forma de externar esse preconceito, porque o Nordeste possui 9 estados e essa simplificação apenas tem o objetivo de nos ridicularizar”.

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Consciente de que a luta contra o fascismo no Brasil não acaba com a derrota de Bolsonaro nas urnas, a cientista social convoca não apenas os nordestinos, mas também a toda a classe trabalhadora do país, a irmanarem-se no combate a todo tipo de preconceito e para o atendimento de suas necessidades sociais. “Nós nordestinos, e todos os trabalhadores do Sudeste, do Sul, do Centro-Oeste e do Norte, devemos nos irmanar e sabermos que nós, trabalhadores do país, independentemente de sermos homens, mulheres, negros, brancos, héteros ou lgbt’s, devemos ser solidários enquanto classe trabalhadora para termos atendidas as necessidades que são nossas. E, para isso, vamos ter que lutar muito contra todo tipo de preconceito. Porque sabemos que o Brasil é um país conservador e preconceituoso. Mas quando você tem esse tipo de governo, que estimula o preconceito, as pessoas se sentem fortalecidas e encorajadas a externarem todo o preconceito contido dentro delas. Que também é uma reação conservadora à resistência e à luta que os nordestinos, os negros, as mulheres e os lgbt’s têm travado contra o preconceito sofrido”.

Em defesa das liberdades democráticas, que sempre estiveram em risco no governo Bolsonaro, o PSTU de Vera Lúcia definiu o seu apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno das eleições. A candidata, que obteve 25.625 votos no primeiro turno, ficando na décima posição dentre os 11 postulantes, entende que o apoio ao candidato do PT é um ato de defesa da democracia e de sobrevivência popular em meio à barbárie bolsonarista que vem destruindo o país. “Bolsonaro é um risco às liberdades que nós temos, que são poucas e que precisamos assegurá-las. Sobretudo a de organização de manifestação e expressão do pensamento. Por isso, nós também estamos apoiando a candidatura de Lula e já deliberamos isso em decisão partidária. Mas uma coisa é votar em Lula para tirar Bolsonaro do comando do país, mas sabendo que isso não acaba com o bolsonarismo e nem resolve, de fato, os problemas da classe trabalhadora, uma vez que ele também tem em sua aliança representantes do centrão, da direita e de setores conservadores. Mesmo o apoiando, nós fazemos um chamado a todos os ativistas dos sindicatos e das entidades que apoiam a sua candidatura, que exijam que o seu futuro governo revogue as reformas trabalhistas e previdenciárias, que reestatize todas as empresas que foram privatizadas, que resolva o problema interno do pleno emprego, redução da jornada de trabalho sem redução de salário e que assegure condições de moradia aos que residem em ocupações.

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