Tathiana Chicarino: medo e desinformação mobilizam eleitores de Bolsonaro

Para cientista política, avanço neofascista é reação contra transformações culturais positivas e ampliação de direitos; veja vídeo na íntegra

Tathiana Chicarino e Jair Bolsonaro
Tathiana Chicarino e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/Youtube | REUTERS/Adriano Machado)


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Opera Mundi - O bolsonarismo segue mobilizando um tipo de indivíduo desagregado e atomizado que se identifica com uma figura simbólica que vem perdendo hegemonia na sociedade, do homem branco, de classe média ou alta, com formação superior. Essa é a avaliação da cientista política Tathiana Chicarino. 

Em conversa com o jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quinta-feira (14/07), Chicarino afirmou que a diminuição de poder desse sujeito antes hegemônico está por trás da reação conservadora às transformações culturais positivas e à ampliação de direitos ocorridas no Brasil nos últimos anos. 

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O medo e a desinformação são as ferramentas que mantêm um terço do eleitorado mobilizado nas hostes neofascistas. “Bolsonaro agenda seus eleitores sobre como devem falar e faz o enquadramento do discurso, dizendo como devem interpretar. A crise na economia é culpa da política do ‘fique em casa’, por exemplo”, ela analisa.

Segundo a retórica bolsonarista, o líder não governa porque é impedido pela esquerda ou por inimigos diversos, sempre externos a suas responsabilidades. “A resiliência desse apoio tem muito a ver com o discurso de Bolsonaro contra tudo que está aí. Esse significante vazio pode encaixar em muitos discursos: contra tudo que está aí é o STF, são os políticos que não o deixam governar", disse.

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Um inimigo-chave a ser combatido é o “globalismo", que tornaria o mundo todo parecido e uniformizado, em detrimento de valores nativistas e soberania local. 

Ela observa que, enquanto na Europa e nos Estados Unidos o peso do inimigo recai sobre a questão da imigração, no Brasil a esquerda seria o inimigo-alvo, supostamente disposto a mudar o que somos e a acabar com nossas tradições. 

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“Não importa que Bolsonaro não seja evangélico, é como se ele fosse um pan-cristão”, exemplifica Chicarino, uma das organizadoras dos livros Lideranças Políticas no Brasil - Características e Questões Institucionais, lançado em maio, e do futuro Fake News e Desinformação nas Eleições de 2020.

A mídia e a Lava Jato

Outro inimigo imaginário e contraditório definido por Bolsonaro é a mídia hegemônica, que apoiou e apoia seu governo, ao mesmo tempo em que o presidente ataca constantemente seus valores editoriais e políticos. 

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“O discurso tecnocrático e burocrático da direita liberal não resolve os problemas das pessoas, não cria identificação e engajamento. O bolsonarismo conseguiu mobilizar esse discurso político baseado em afetos de medo e extermínio. O discurso tecnocrata hoje só cabe no estado de São Paulo, e olhe lá”, avalia. 

Para a pesquisadora, a Operação Lava Jato teve papel primordial na consolidação do bolsonarismo, à medida que marginalizou a política institucional e instaurou uma política de extermínio do adversário, baseada na lógica do inimigo. 

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Quanto às relações entre as Jornadas de Junho de 2013 e o avanço neofascista, Chicarino classifica o conjunto de manifestações como um evento histórico complexo. “Não dá para dizer de forma muito dicotômica que abriu as portas para o fascismo. Havia outras questões, como a instituição da Comissão da Verdade no governo de Dilma Rousseff, que já começou a movimentar uma relação difícil da democracia com os militares”, pondera.

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