“Sequência de violências obstétricas permitiu que anestesista cometesse estupro”, diz médica

Segundo Liduína Rocha, “temos que discutir o estupro, mas também toda assistência obstétrica que permite que violências sejam sistematicamente realizadas”

Giovanni Quintella Bezerra
Giovanni Quintella Bezerra (Foto: Divulgação/DEAM-RJ)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

247 - Em entrevista à TV 247, a médica obstetra Liduína Rocha criticou as falhas da cultura de assistência obstétrica brasileira ao analisar o caso do anestesista Giovanni Quintella Bezerra, que estuprou uma paciente grávida durante o parto.

Liduína pontuou que houve uma “sequência de violências obstétricas”, além do estupro. De acordo com a médica, não há necessidade de sedação para a realização de uma cesariana e a gestante tem o direito de estar acompanhada por qualquer pessoa de sua escolha durante todo o processo de pré-parto, parto e pós-parto, a fim de ter mais conforto e segurança. “Pelo que está sendo reportado, a criança nasceu e o acompanhante, que ficou brevemente no centro cirúrgico, saiu com o bebê. A mãe foi sedada e perdeu a possibilidade de ter contato pele a pele, que é uma recomendação da OMS e uma prática baseada em evidência”.

continua após o anúncio

Ao ficar sozinha e sedada, a vítima ficou em situação de vulnerabilidade mesmo dentro de um ambiente médico, que não proporcionou as condições ideais para garantir sua segurança, diz a obstetra, que complementa: “a gente tem que discutir o crime de estupro, mas também toda a cultura de assistência obstétrica brasileira que permite que violências sejam sistematicamente realizadas, culminando com um nível de vulnerabilidade tal que permite que aconteça um estupro dentro de um ambiente de centro cirúrgico, no qual a mulher deveria ter seu corpo e sua integridade física e emocional salvaguardadas”.

“Foi uma sequência de violências obstétricas que precisam ser ditas, assumidas. É importante a gente compreender que todas as vezes que a uma mulher é subtraído o direito de escolha autônomo em relação ao seu parto, isso é uma violência. Ela pode ser física, emocional, psicológica, e ela se dá por toda a ambiência e por todo o cenário de assistência ao parto. A gente precisa rever essa cultura”, concluiu.

continua após o anúncio

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247