Sâmia Bomfim: sementes do 'Ele Não' podem garantir derrota de Bolsonaro em 2 de outubro

'É injusto atribuir resultado negativo em 2018 à luta das mulheres, que levou ao crescimento das bancadas feministas', diz deputada

Sâmia Bomfim
Sâmia Bomfim (Foto: Reprodução/Twitter)


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Opera Mundi - A deputada federal Sâmia Bomfim, uma das líderes do clamor “Ele Não”, que tentou deter a vitória de Jair Bolsonaro em 2018, afirma que tal movimento proporcionou a ampliação das bancadas legislativas de mulheres pelo país e pode garantir a derrota do presidente na eleição de 2 de outubro. 

“Quatro anos depois, o ‘Ele Não’ segue tendo uma consciência feminina e feminista”, avaliou a candidata à reeleição pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), em entrevista ao jornalista Haroldo Ceravolo Sereza, no programa SUB40 desta quinta-feira (22/09).

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Ela discorda da tese de que o movimento tenha contribuído para a vitória de Bolsonaro sobre o petista Fernando Haddad, ao favorecer que o candidato de extrema direita se fixasse na pauta moral e distanciasse mais a esquerda de parcela expressiva da sociedade: “acho muito injusto quem avalia que o resultado de 2018 a culpa foi do ‘Ele Não’ ou das mulheres feministas. Tem a ver com muitos outros fatores, com erros coletivos da esquerda, mas não no aspecto de gênero ou da luta feminista”.

Bomfim argumenta que o peso da crise econômica e do bolsonarismo recai com mais força sobre mulheres, em especial as mulheres negras, trabalhadoras e periféricas. 

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“Esses aspectos, junto com o machismo do Bolsonaro, a misoginia, o estímulo ao ódio e à violência, ainda estão latentes na sociedade, e desta vez o pêndulo está para o nosso lado”, considera, citando como fatores de aversão para a maioria feminina o modo como Bolsonaro trata mulheres jornalistas, a própria filha e a esposa, que tenta atrair o eleitorado feminino na campanha.

“A figura que Michelle Bolsonaro procura ser nesta eleição, o ideal de princesa e dona do lar, já não diz mais nada para muitos segmentos de mulheres. Não dialoga, não combina", afirma.

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Filiada ao PSOL desde 2011, Bomfim, hoje com 33 anos, participou intensamente das Jornadas de Junho de 2013, desde que a motivação era impedir o aumento das tarifas de transporte público. Nove anos depois, avalia que as mobilizações, ao final, culminaram com a deposição da presidente Dilma Rousseff: “concordo que quando foi se massificando, por conta da repressão policial, o movimento foi capturado pela Globo, pelos partidos de direita, pela grana empresarial. E não são algumas centenas de jovens indignados com a tarifa que vão ter autoridade para liderar ou dirigir um processo impagável como aquele”. 

Para a candidata, 2013 foi sintoma inicial do que aconteceria no Brasil nos anos seguintes, mas, novamente, não deve ser usado como bode expiatório para explicar a derrocada que jogou o país no colo de Bolsonaro. 

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Congresso Nacional

Dois anos depois, na esteira do "Ele Não", Bomfim se elegeu deputada federal com 249 mil votos, resultado que também a surpreendeu, mas dessa vez apoiado por maior planejamento e menor amadorismo e acaso. "É mais difícil ser alguém entre os 513 deputados, ainda mais tendo uma trajetória como a minha, que não é de apadrinhamento ou experiência política consolidada”, avalia o trabalho parlamentar. 

A pandemia em meio ao mandato foi outra das grandes dificuldades: “perdeu-se o calor da Câmara, que é o trabalho presencial. Ficava meia dúzia de parlamentares, e até hoje é assim, em modelo semi-remoto. Isso esvazia a discussão política”, lamenta.

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Em 2022, o site Congresso em Foco considerou Bomfim a deputada federal que mais faz oposição ao governo Bolsonaro. Popular entre a juventude por sua combatividade, ela também enfrenta oposição reacionária: “me detestam, xingam e esculhambam. Se juntam, numa frente, jovens bolsonaristas e jovens ligados ao Partido Novo e afins, com a ideologia liberal de que que não se pode falar mal de bilionário”. 

Inicialmente partidária de que o PSOL lançasse candidatura própria à Presidência da República, Bomfim considera “corretíssimo" o partido integrar o movimento para eleger Lula no primeiro turno, por questão de sobrevivência. Defende que a legenda permaneça independente e sem cargos no próximo governo, mas “não para atrapalhar o governo Lula”, para quem prevê dias difíceis após a provável vitória no dia 2.

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“Bolsonaristas serão eleitos, infelizmente. Vão estar ainda mais enraivecidos pela derrota, e o Centrão, muito chantagista e cheio de dinheiro do orçamento secreto”. Diante disso, o papel do PSOL deve ser altivo, de responsabilidade, sem ajudar a criar instabilidade, arremata.

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