Rosa Amorim: MST é quem produz comida de verdade no Brasil

Eleita deputada estadual por Pernambuco afirma que MST é o 'maior' movimento negro do país e que reforma agrária e luta antirracista avançam juntas

Rosa Amorim
Rosa Amorim (Foto: MST PE)


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Opera Mundi - A militante do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) Rosa Amorim afirmou durante o programa SUB40 desta quinta-feira (07/10) que é a organização que produz comida de verdade no Brasil. 

Para ela, o impacto do MST na alimentação dos brasileiros e a mudança de imagem do movimento têm marcado as eleições de 2022, o que se reflete na bancada eleita no enfrentamento ao poderio acumulado pelo agronegócio.   

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Ao jornalista Haroldo Ceravolo Sereza, Amorim disse que parte da sociedade "começa a mudar a imagem que tem do MST, porque cada vez mais começa a aparecer quem produz comida de verdade ou de veneno. O povo está morrendo envenenado, com câncer, e a raiz disso está naquilo que a gente come e na forma como se produz”, compara.

Segundo ela, o discurso que o MST é "invasor de terra violento" aparece cada vez menos entre os brasileiros, apontando que na realidade o movimento está conhecido como o "maior produtor de arroz orgânico do país, que produz mais comida agroecológica orgânica que qualquer empresa”. 

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Na entrevista, ela também mencionou as políticas de solidariedade do movimento durante a pandemia também colaboraram para mudar a visão disseminada historicamente pela direita: “o MST doou mais de 10 mil toneladas de alimentos que vieram do campo para as periferias das cidades que estão passando fome. Nós furamos a bolha da esquerda sobre a imagem do MST”.

De acordo com a ativista, o combate à fome terá prioridade em seu mandato e demonstra indignação pelas afirmações negacionistas de Bolsonaro a esse respeito. O avanço da miséria e da insegurança alimentar, para Amorim, não é uma casualidade: “não se morre de fome, se mata de fome. As pessoas que morrem de fome estão sendo assassinadas por um projeto, o mesmo que diz que não existe fome no Brasil”.

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Aos 25 anos, Amorim elegeu-se deputada estadual por Pernambuco, num contexto inédito em que sete representantes da organização conquistaram cargos parlamentares, afirmando que, hoje, “temos uma bancada do MST ocupando um espaço na política institucional”.

A eleição da maior bancada de negros e negros para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) integra o mesmo processo, caracterizando a articulação entre as lutas de gênero, racial e pela terra, fortalecida pela decisão do MST de, pela primeira vez, enviar 15 de seus militantes como candidatos. “Afirmamos hoje que o movimento sem terra é o maior movimento negro do Brasil. O rosto do povo trabalhador rural é preto. A pauta da reforma agrária avança na medida que a luta antirracista avança”, argumenta.

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Com um histórico de ativismo no movimento estudantil e no Levante Popular da Juventude (originado no MST), a deputada estadual eleita tem formação também em teatro, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde ingressou em meio à luta campal que levou ao golpe de 2016 contra Dilma Rousseff.

“Nasci numa das lutas mais simbólicas do MST em Pernambuco, a conquista do assentamento Normandia, em Caruaru, que hoje abriga nosso Centro de Formação Paulo Freire”, descreve. Ela se orgulha de ter crescido dentro do programa Ciranda Infantil, que agrega crianças para que mães sem terra possam participar dos processos de formação e do debate político entre os sem terra. 

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Primeiro turno das eleições 2022

Amorim interpreta dois movimentos ocorridos paralelamente no primeiro turno de 2022, de conquista relativa de terreno por Jair Bolsonaro no Nordeste e de avanço de Luiz Inácio Lula da Silva em regiões metropolitanas como São Paulo. 

“Estamos vivendo um país da fome. A picanha está muito distante de nós, o povo brasileiro precisa de feijão e arroz, do básico do básico para se alimentar. Bolsonaro deu a cartada do Auxílio Brasil, que fez um aceno para o povo na extrema pobreza”, reflete. 

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O retraimento em grandes centros urbanos ela atribui a algum grau de conscientização das classes médias sobre o extremismo ideológico de Bolsonaro, que resultou em votos para Lula. “É um voto silencioso, do medo, que não vai botar camisa vermelha nem bandeira estendida na casa”, observa.

Na direção oposta, o presidente neofascista difundiu a imagem de um pistoleiro com a arma levantada, em suposta comemoração ao Dia do Agricultor. “O que ele autoriza com essa imagem? O agronegócio está destruidor, não para cima do MST, mas dos povos originários, indígenas, quilombolas, dos protetores da natureza”, protesta. 

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