Renato Freitas: racistas me escolheram para servir de exemplo

Vereador petista relata luta contra cassação de mandato, acusa prefeito de tramar por sua saída e critica fala de Lula

Vereador Renato Freitas
Vereador Renato Freitas (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)


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Opera Mundi - O vereador Renato Freitas (PT), que havia sido cassado pela Câmara Municipal de Curitiba, afirmou no programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quinta-feira (07/07), com o jornalista Breno Altman, que o processo que enfrenta desde março corresponde a uma tentativa de usá-lo como exemplo para a contenção da luta racial.

“Como nosso clamor não é do interesse de Curitiba, que é uma cidade absolutamente racista, tentam asfixiar nossa denúncia como um ato final de racismo”, interpreta, referindo-se a suas manifestações contra o assassinato reiterado de cidadãos negros no Brasil.

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A participação do vereador num protesto dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi o pretexto utilizado para a abertura do processo por suposta quebra de decoro parlamentar. 

Freitas vê ingerência do prefeito Rafael Greca (PSD) no processo, por ter combatido um projeto de lei que proibia a doação de alimentos à população em situação de rua em Curitiba. “Dar comida a quem tem fome era crime, no projeto dele”, critica. 

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“Fiz vídeos demonstrando a desumanidade do projeto e dizendo quais foram os 13 vereadores que assinaram. Ao invés de debater o projeto, me xingaram de vagabundo, criminoso, maconheiro e ‘mano’, como se ser mano fosse xingamento", disse.

Ele voltou ao cargo depois que a desembargadora Maria Aparecida Blanco de Lima suspendeu as sessões que resultaram na cassação com os votos de 25 de 37 vereadores em primeiro turno e por 25 votos a cinco em segundo turno. Freitas argumenta que a punição por falta de decoro está para vereadores da mesma maneira que a de desacato está para policiais. 

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Advogado criminalista e professor universitário, Freitas diz ter sido abordado na rua e preso várias vezes, todas vezes sob a alegação de desacato: “sempre olho nos olhos do policial. Eu sei o que ele faz, porque venho de lá, das ruas de barro, onde eles chegam, metem pé, xingam nossa mãe, humilham, dão tapa na cara. A princípio, ele sente vergonha, porque sabe que está errado. Mas logo depois vem um sentimento de raiva, porque sou testemunha de um ato criminoso que ele comete, logo tenho que ser silenciado, eliminado talvez”.

E explica que o mesmo acontece no contexto da Câmara Municipal, quando olha os vereadores e "sei quem eles são".

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Processos de cassação

O vereador já havia enfrentado um processo de cassação no início do mandato, fundamentado pelo fato de ter escrito com spray num muro do Carrefour como forma de protesto contra o assassinato de João Alberto Freitas no supermercado em Porto Alegre (RS). 

“Em todas as reportagens dos grandes meios de comunicação fui tratado como vereador pichador, depredando patrimônio privado, criminoso, vândalo, e ninguém mostrou o conteúdo da manifestação nem a frase que escrevi", afirmou Freitas.

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A cassação de Freitas deve voltar à pauta na volta do recesso parlamentar, em agosto, e repercutirá no projeto do vereador de se candidatar a deputado estadual pelo PT. Lutando judicialmente pela manutenção do mandato, ele afirma que a causa antirracista não cabe na urna eleitoral e que tem recebido menos apoio do diretório estadual do PT que da militância petista de base, a qual acredita colaborar para politizar racialmente. 

Eleitor entusiasmado de Luiz Inácio Lula da Silva na próxima eleição, o vereador vê como paternalista a manifestação do ex-presidente, contrária à cassação, mas cobrando pedidos de desculpas de Freitas pelo protesto na igreja. 

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“Foi de um paternalismo que, obrigado, nós dispensamos. Tenho 38 anos, sobrevivi no campo de extermínio das periferias, para ser chamado de menino? Nos Estados Unidos, as pessoas brancas, quando querem diminuir uma pessoa negra, chamam de ‘boy’, de garoto, como se não fosse desenvolvido afetivamente e intelectualmente para. Não sou um menino, sou um homem", defende.

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