Negacionismo da pandemia e grupos antivacina estão revivendo doenças já eliminadas, alerta infectologista da UFRJ

Segundo Roberto Medronho, o discurso negacionista de Bolsonaro foi responsável pelo aumento do ceticismo na ciência e pela redução do número de vacinados no país. Assista

Jair Bolsonaro e Roberto Medronho
Jair Bolsonaro e Roberto Medronho (Foto: Divulgação/ABr | Reprodução/CNN)


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247 - O infectologista e professor titular da Faculdade de Medicina da UFRJ, Roberto Medronho, analisou em entrevista à TV 247 a política bolsonarista para imunização de rebanho durante a pandemia de Covid-19. Segundo o médico, o retardo na aplicação das vacinas e o discurso negacionista foram responsáveis pelo aumento do ceticismo na ciência e na consequente e significativa redução do número de vacinados no país.

Medronho, que coordenou o Grupo de Trabalho Multidisciplinar para Enfrentamento à Pandemia de Covid-19 da UFRJ, comparou a evolução natural de vírus comuns com a propagação do coronavírus, um vírus selvagem, destacando a negligência da gestão daquela crise: “é uma situação jamais vista na história da nossa saúde, nem na Ditadura. A ciência estava acima de tudo, dessa vez vimos um negacionismo, uma falta de empatia.”

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Além disso, o epidemiologista destacou o recorte racial e de classe dos mais atingidos pela política deliberada de infecção: "além dos determinantes biológicos da interação do vírus com o hospedeiro, nós temos as variantes sociais e eles foram fundamentais para que o maior número de pessoas da população negra e pobre fosse as mais atingidas não apenas pelo processo infeccioso mas também e fundamentalmente pelos óbitos então se há uma face dessa pandemia ela é fundamentalmente negra e pobre."

À parte dos desafios de lidar com as sequelas da infecção do vírus e de um cenário politico absolutamente marcado pela desastrosa governança de Jair Bolsonaro (2018-2022), o professor atenta para a necessidade de equilibrar a ansiedade gerada naquele período e o retorno às atividade sociais: “é fundamental que a gente volte às nossas atividades. É fundamental que a gente faça nossas atividades físicas. É fundamental que a gente cuide também da nossa saúde mental porque isso é qualidade de vida."  

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Medronho observa que a flexibilização gradual das medidas de isolamento são recomendadas pelas autoridades em ciência no Brasil, que estão monitorando as variantes e o progresso de vacinação: "estamos passando um pente fino neste vírus e a tendência é que com a vacinação nós tenhamos sim cada vez menos óbitos e menos casos graves."

Por conseguinte o epidemiologista alerta que as vacinas, independente dos efeitos colaterais, que podem apresentar são fundamentais para este controle do patógeno e que diversas mortes ao longo da pandemia poderiam ser evitadas se não houvesse a disseminação de informações falsas ou confusas.Hoje a cobertura vacinal do nosso país é muito baixa, está em níveis muito graves e nós podemos ter doenças que já tínhamos controlado e até mesmo eliminado, retornando para o cenário da saúde pública por conta dos movimentos antivacina”.  

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O epidemiologista lembra que a vacinação é um ato coletivo de proteção e adverte que quanto maior a cobertura vacinal, maior é a segurança individual para retorno e manutenção das nossas atividades diárias e da saúde mental. Sobre isso, o médico lembra que as redes sociais foram um ambiente determinante para disseminação de pânico e ódio e que neste sentido concorda com as ações propostas pelo Governo Federal para regular as redes sociais: “tem que haver um controle por parte do governo para que isso se reduza. Tem um aspecto quase transmissível. Tem que ser responsabilizada a rede social e aquele que fez o discurso de ódio”. Assista no vídeo abaixo.

Atualmente Roberto Medronho é candidato a reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro para o mandato que vai de julho de 2023 a julho de 2027. Ele encabeça a chapa “UFRJ para Todos: Autonomia, Inclusão e Inovação”, sob o número 10, que tem a professora Cássia Turci como candidata à vice-reitora. 

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