Mônica Valente: direita depende de mecanismos de exceção para derrotar onda vermelha latino-americana

Estratégias antidemocráticas de setores liberais geram extrema direita de massa, afirma coordenadora do Foro de São Paulo; veja vídeo na íntegra

Mônica Valente
Mônica Valente (Foto: Lula Marques/Agência PT)


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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - Para a dirigente petista Mônica Valente, coordenadora-executiva do Foro de São Paulo, a direita latino-americana tem dependido de mecanismos de exceção para quebrar a hegemonia de esquerda iniciada no início dos anos 2000 e atualmente retomada em 11 países da região. 

“No combate à primeira fase progressista, não foi possível para os setores  neoliberais e ultraliberais fazerem voltar seus projetos econômicos. Tiveram que usar mecanismos de exceção, que fazem gerar uma extrema direita organizada em massa”, analisou no programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (25/11), em conversa com o jornalista Breno Altman.

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A contraofensiva conservadora à onda vermelha do início dos anos 2000 teve como característica a adoção de mecanismos golpistas, autoritários e/ou de lawfare, e a explicação para o rápido declínio eleitoral dos projetos de direita dos últimos anos, como no caso do bolsonarismo no Brasil, deve ser buscada em seus próprios governos: “é pela política econômica e social que buscam implementar, que é muito antipopular, baseada em privatização, diminuição do papel do Estado, redução salarial, retirada de direitos trabalhistas”. 

No processo de substituição da direita liberal pela extrema direita de inclinação neofascista, a esquerda tem obtido vitórias por margens estreitas, e Valente considera épica a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, pelo uso extremo da máquina pública pelo bolsonarismo.

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O Foro de São Paulo

Criado em 1990 por partidos latino-americanos progressistas, o Foro de São Paulo surgiu no combate ao neoliberalismo que se tornava hegemônico à época. A partir de 2023, diversos matizes à esquerda estarão governando Brasil, México, Argentina, Colômbia, Venezuela, Chile, Cuba, Bolívia, Panamá, Honduras e Nicarágua, num arco que abrange 80% da população latino-americana e quase 90% do Produto Interno Bruto (PIB) regional. 

Um 12º país, o Peru, vive crise institucional com adoção de políticas neoliberais pelo presidente Pedro Castillo e sua renúncia do partido que o elegeu.

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Valente argumenta que a unidade em torno da luta anti-imperialista não arrefeceu numa suposta onda rosa em vez de vermelha. “O Foro de São Paulo nasceu para construir uma alternativa socialista ou democrática radical ao modelo neoliberal. No caso latino-americano, isso tem tudo a ver com o enfrentamento ao imperialismo e com nossa capacidade de gestar políticas e propostas para um desenvolvimento autônomo e soberano”, disse.

Para ela, o desprestígio do conceito de imperialismo, mesmo em setores brasileiros progressistas, caiu por terra diante da interferência do aparelho do Estado profundo norte-americano no processo da Lava Jato. 

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A pandemia de covid-19 desnudou a falência neoliberal, mas também a necessidade de a esquerda regional repensar a inserção internacional dos países latino-americanos, diz Valente. “A ideia de cadeia de suprimento global, seringa aqui e vacina acolá, simplesmente desapareceu. Houve a quebra das cadeias de produção, precisamos repensar esse tal de desenvolvimento autônomo”, afirmou.

Formada em psicologia e ex-presidente do Sindicato de Trabalhadores Públicos da Saúde (Sindisaúde) de São Paulo, a dirigente se surpreende com a guinada da imagem do Sistema Único de Saúde (SUS) durante a pandemia, inclusive em meios conservadores: “nunca pensei que ia ouvir tantos elogios rasgados ao SUS, da parte de gente que nunca imaginaria. Ou seja, o modelo neoliberal faliu. Saúde e educação são um caos”. 

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