Mombaça: combate ao racismo estrutural passa pela eleição de Lula

Parceiro de Martinália, compositor carioca acredita que o momento atual “é um trabalho de dedetização. Tem que jogar veneno e espantar todos esses ratos”

Compositor Mombaça
Compositor Mombaça (Foto: Reprodução)


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Por Ricardo Nêggo Tom - As políticas afirmativas, sejam raciais, sociais ou de gênero, sempre causaram polêmicas na sociedade em função da resistência conservadora em aceitar a promoção da igualdade e a inclusão, de fato, das chamadas minorias nos ambientes sociais. A sub-representatividade preta, feminina, indígena e LGBTQIA+ no ambiente político e nos espaços de poder é o fator preponderante para que essa desigualdade ainda seja perpetuada dentro de uma estrutura forjada sobre a racialização das pessoas. A importância de voltarmos a fomentar essas políticas como forma de combater o racismo estrutural é vista por Mombaça como fundamental para o crescimento social do país. “A minha própria presença física no cenário de um parlamento predominantemente branco como o nosso já é uma situação anômala e incômoda. E o jeito que nós temos para combater o racismo é manter em alta as pautas que nos incomodam e fazem parte do nosso dia a dia desde que nos entendemos por gente. Desde a convivência comunitária no meu bairro, onde eu tive que me impor quando criança, como adolescente, como adulto e agora como homem maduro”, declarou, em entrevista ao programa Um Tom de resistência, da TV 247.

O músico entende que é necessário que os negros que ocupam o parlamento levem para os seus mandatos a experiência pessoal vivenciadas por eles sob o racismo estrutural da sociedade. “Precisamos levar a nossa capacidade de observação e de amadurecimento na vivência dessas pautas para dentro dos parlamentos e buscar fazer com que as leis sejam ressignificadas. Inclusive, as leis que foram criadas para favorecer o povo preto. Desde a lei Afonso Arinos, passando pela lei Caó e por todos os desdobramentos a partir delas, como, por exemplo, a lei 10.639, que obriga o ensino da história da África e dos afrodescendentes nas escolas. Aperfeiçoar esses mecanismos de correção e de judicialização dos crimes raciais. Essa é uma das maneiras de nos manifestarmos, nos rebelarmos e reagirmos contra todas as atrocidades que o racismo estrutural nos impõe”. Mombaça também associa os casos de racismo cada vez mais explícitos na sociedade à ascensão do bolsonarismo. “Não são coincidência esses casos. Na verdade, os casos de racismo sempre aconteceram, só que agora estão sendo filmados e divulgados, sem precisar passar pelo crivo da grande mídia. A mídia oficial sempre soube que havia racismo e ela sempre o praticou, dando protagonismo aos brancos no jornalismo e na teledramaturgia, por exemplo”.

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Na opinião de Mombaça, esse processo de combate ao racismo estrutural, assim como a libertação do mal que o bolsonarismo representa para a sociedade atual, passa pela eleição de Lula como presidente da República. “É um trabalho de dedetização. Tem que jogar veneno e espantar todos esses ratos. E o Lula é o veneno que vai matar os ratos e promover a limpeza necessária nesse momento que estamos nos intoxicando com esse governo flagrantemente racista, sexista, misógino e armamentista. Ele se diz cristão, coloca Deus acima de tudo, mas ele é o anticristo. Ele é o sinal da besta, o cramulhão. Bolsonaro é uma figura desumana incapaz de ter empatia, em qualquer que seja a circunstância. E demonstrou isso durante a pandemia. Aquela história de pesar preto em arroba, comparando preto a animal, é muito doloroso. E de pensar que muitos da nossa comunidade preta, principalmente, aqueles que pertencem a comunidades evangélicas, ingenuamente ou por uma questão de profissão de fé, se associaram a isso e se deixaram contaminar pelo veneno diabólico do bolsonarismo”.

Diálogo com a comunidade preta

A vereadora do PSOL carioca Thais Ferreira, também presente no programa, lembrou a importância de manter o diálogo entre a comunidade preta para dar sequência na luta contra o racismo estrutural e a sub-representação negra na política. “Precisamos continuar nos falando, dialogando, para mostrar para o nosso povo que a gente consegue, que a gente tem competência, que temos trabalho, que temos história, e que esse nosso processo de retomada dos espaços de poder, é parte, de verdade, da reparação histórica que precisamos implementar no Brasil. No meu mandato como vereadora, o nosso fundamento é o combate irrestrito ao racismo, e sabemos que política radical de verdade começa ainda na infância, que é quando precisamos corrigir as desigualdades para criarmos uma sociedade que seja, de fato, liberta desses traumas todos, desde a escravização do nosso povo. Então é importante demais pautar o bem viver do povo preto, pobre, periférico e trabalhador. É importante demais alcançar aqueles que estão afastados dos grandes centros, como os povos originários, os quilombolas. É importante demais termos uma representação que seja comprometida com a nossa cultura, porque cultura para nós também é sistema imunológico. E precisamos de investimento, fortalecimento e formalização para os nossos agentes culturais”.

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