Milton Temer: fundamental agora é a responsabilidade social, não a fiscal

Fundador do Psol defende independência do partido no governo Lula para liderar esquerda combativa no Congresso e na sociedade

Milton Temer
Milton Temer (Foto: Reprodução/YouTube)


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Opera Mundi - Tenente-coronel da Marinha cassado pela ditadura de 1964 e um dos fundadores do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), em 2003, o político e jornalista Milton Temer defende que seu partido não ocupe cargos no novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, com o propósito de se manter combativo na luta anticapitalista no Congresso Nacional e na sociedade brasileira. 

“É fundamental que haja uma manifestação independente, até para tensionar para que se concretize aquilo que Lula colocou no seu discurso: fundamental agora é a responsabilidade social, e não a fiscal”, afirmou o ex-deputado no programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (17/11), com Breno Altman. “Isso teria nosso apoio independente, de maneira muito mais ostensiva e eficaz”, completa.

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Crítico a posições econômicas mais à direita que percebe até dentro de seu partido, Temer cita o correligionário Guilherme Boulos, integrante da equipe de transição de Lula, para defender a manutenção de distância do próximo governo: “não é para fazer oposição sectária. É porque a melhor forma do Psol defender o governo Lula é mantendo sua independência. Um Boulos independente dando uma declaração pró-Lula é muito mais importante que um Boulos na transição ou no governo”. 

Afirmando compreender a posição delicada de Lula em relação à formação de maioria no Congresso e em negociações com o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira, ele descreve uma vantagem do petista de 2022 em relação ao de 2002.

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“Lula fez agora, em condições muito piores, um discurso muito mais avançado que o que fez na entrada de 2002. Tomara que isso represente uma disposição de luta para a formação de uma base social consistente, que não fique em casa esperando as decisões de Lula”, disse.

O ex-petista faz objeção, ainda assim, às tratativas do governo de transição no parlamento: “fazer um acordo com Arthur Lira para ter a PEC da transição é dar queijo para o rato, sem colocar armadilha”.

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A partir de sua experiência como militar, Temer afirma que, em 2002, o PT encontrou um estado de espírito antiliberal dentro das Forças Armadas, proporcionado pela pauperização da instituição durante os governos de Fernando Henrique Cardoso. Lula, em seu ponto de vista, deixou escapar a oportunidade.

Altman perguntou se Lula deveria seguir o exemplo do presidente colombiano Gustavo Petro ao enviar generais do país à reserva. “Não tem que fazer limpa, é só seguir a ordem natural das coisas. A lógica das Forças Armadas pressupõe a reforma compulsória, não tem sentido generais da ativa continuarem como tal nos Ministérios. Lula precisa provocar esse movimento. Se não provocar, vai ter contra ele o espírito conspiratório permanente contra qualquer transformação qualitativa na ordem social e econômica”, responde.

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Capitalismo atual

Temer admite a grande dianteira atual do capitalismo e de tendências neofascistas em relação aos ideais de esquerda radical e revolucionária, e encontra demonstração disso no segundo turno das eleições deste ano. “Esperávamos uma distância muito maior entre Lula e Bolsonaro. Por que dá quase meio a meio? Porque hoje existe uma base social ganha pelo sistema capitalista. A burguesia tem uma tradição de controle do poder que nós das classes revolucionárias não temos”, avalia. 

Em sua avaliação, a parcela reacionária da sociedade, que se mantinha como uma maioria silenciosa até as movimentações pelo golpe de 2016, continuará forte mesmo com a saída de Jair Bolsonaro da Presidência. 

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“A maior parte dos que estão na base bolsonarista é de pessoas alienadas. Quando o assalariado defende o fim da seguridade social, é porque é desinformado e absolutamente desligado da realidade”, interpreta Temer, para quem a esquerda terá, no próximo período, a tarefa de conscientizar um número crescente de pessoas e provocar mobilização popular em sentido oposto à da extrema direita. 

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