Milly Lacombe: Brasil precisa construir espaços de memória sobre a Lava Jato e o bolsonarismo

“A gente nunca teve isso. Como a gente nunca teve esse espaço de memória, a Ditadura nunca foi colocada em seu devido lugar”, afirmou a jornalista à TV 247

Milly Lacombe, Sérgio Moro e Jair Bolsonaro
Milly Lacombe, Sérgio Moro e Jair Bolsonaro (Foto: Reprodução/TV 247 | Agência Brasil)


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247 - A jornalista Milly Lacombe participou de entrevista no programa Boa Noite 247, da TV 247, e comentou as novas revelações de ilegalidades cometidas pelo ex-juiz suspeito Sérgio Moro, o ex-deputado Deltan Dallagnol e procuradores da operação Lava Jato, trazidas tanto pelo empresário Tony Garcia, quanto pelas novas mensagens divulgadas no âmbito da operação Spoofing. "Sempre esteve muito dado o enviesamento dessa operação. Quem queria ver tinha olhos de enxergar. Nunca foi contra a corrupção", disse Lacombe em entrevista ao jornalista Joaquim de Carvalho. 

Para a jornalista, que é comentarista do UOL, ao invés de sustentar sob o argumento da vingança e punição contra os envolvidos, o Brasil pode estar começando a construir espaços de memória sobre todas as ilegalidades e efeitos provocados pela Lava Jato. “A gente nunca teve isso. Como a gente nunca teve esse espaço de memória, a Ditadura nunca foi colocada em seu devido lugar. E aí a gente entendeu que havia uma coisa pior do que a Ditadura governando a gente: era o porão da ditadura governando a gente, que foi Jair Bolsonaro e sua tropa. Eram as pessoas que estavam ali no porão, limpando o sangue depois da tortura. Foi isso que a gente viu no Brasil. Então eu acho que a gente construir um espaço de memória é muito importante. Museus, contar a história como ela aconteceu, para que nunca mais a gente passe pelo que a gente já passou", afirmou. 

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Milly Lacombe também criticou a democracia brasileira, que não existe da mesma maneira para diferentes classes sociais do país. "A nossa democracia é geográfica. Ela existe em Higienópolis, ela não existe em Paraisópolis. Porque, se você pode entrar chutando uma porta, matar sem dar a mãe o direito da defesa, a gente não está numa democracia. E se nem todos têm acesso, a gente não tem uma democracia. Ou é para todo mundo ou não", afirmou. "O policial militar não é um problema. O problema é a Polícia Militar. O policial militar pertence à mesma classe que está sendo dizimada. O problema é a gente ter uma Polícia orientada por uma lógica militar, porque a lógica militar exige um inimigo. Eles e elas são formados desde cedo para achar um inimigo. Achar e eliminar. Essa lógica legitima tudo, joga um contra o outro. Existir uma polícia militar é uma aberração", afirmou a jornalista. 

Milly Lacombe também comentou os casos de racismo cometidos contra o jogador brasileiro Vinicius Júnior, do Madrid. A jornalista elogiou a reação de enfrentamento feita por Vini Jr ao episódio durante o jogo contra o Valencia. “Não ia dar em nada se Vini Júnior não tivesse peitado todo mundo. Ele peitou, então a coisa teve que andar e quem não estava vendo foi obrigado a ver. Eu acho que a frase ‘com o racismo não há jogo’ não é verdadeira porque está havendo. Essas manifestações não são de agora, o racismo está dentro do jogo há muito tempo, como o machismo, com a lgbtfobia. Vinícius resolveu pegar essa bandeira para ele e não precisava porque ele é a vítima. Mas eu acho legal que ele tenha pego porque ele vai puxar muita gente com ele. Ele vai ser um cara que pode ser maior do que o jogo. Ele já é um dos maiores do mundo e pode ser maior do que o jogo”, afirmou. 

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