Matheus Carvalho: estética tosca de Bolsonaro comunica mais que redes sociais engessadas de Lula

Comunicador avalia que caça-cliques, ódio e intriga predominam na internet e fazem postura ética da esquerda parecer menos popular; veja vídeo na íntegra

Matheus Carvalho, Jair Bolsonaro e Lula
Matheus Carvalho, Jair Bolsonaro e Lula (Foto: Reprodução | REUTERS/Ueslei Marcelino | REUTERS/Suamy Beydoun)


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Opera Mundi - O comunicador, designer gráfico e fotógrafo Matheus Carvalho, em entrevista ao jornalista Breno Altman no programa SUB40 desta quinta-feira (07/07), avaliou que a esquerda ainda opera em desvantagem nas redes sociais em relação à direita bolsonarista, que conseguiu se apropriar das redes muito antes e, em sua opinião, segue dominando as ferramentas da comunicação direta digital. 

“A esquerda tem uma ética, e a rede favorece o caça-clique, o ódio e a intriga. Como a esquerda não entra sempre nesse tipo de embate, é lida como um setor que não consegue ter uma comunicação mais popular”, argumentou o comunicador, que é filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

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Nascido em João Pessoa (PB) e radicado em Brasília desde a infância, Matheus Carvalho é formado em comunicação organizacional e criou o perfil "Militante Cansado" no Instagram para fazer o que chama de design ativismo, como forma de lutar contra o estresse e a exaustão da militância progressista no auge da pandemia. Um de seus trabalhos como design ativista é recuperar símbolos apropriados pelo bolsonarismo. “Eu e outros designers fazemos artes com bandeira do Brasil, que são muito usadas como protesto que mostra luto, morte, genocídio”, explica.

Carvalho interpreta as estratégias dos dois principais candidatos à presidência em 2022 e avalia que as redes sociais de Luiz Inácio Lula da Silva são engessadas em comparação com as de Jair Bolsonaro. “Fica muito nítido nas redes de Lula que é uma equipe de comunicação. As fotos são muito bem tiradas, enquanto Bolsonaro traz a imagem feita com celular, meio tosca, que qualquer um faria. Falta um pouco essa flexibilidade, se a equipe de Lula desse uma quebrada e fizesse posts mais descontraídos ficaria mais natural”, disse o comunicador.

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Ele destaca, no entanto, que talvez essa diferença seja proposital e o a estratégia petista seja a de transmitir uma imagem mais institucional, em contraste com a antipolítica apregoada por Bolsonaro. Um exemplo da eficácia desse modo mais direto e áspero de comunicar, para ele, seria a deputada direitista Carla Zambelli, “pelo jeito debochado, a fala ácida, falta de filtro que beira o sem-noção”, chegando a extremos de viralizar foto de sua unha encravada.

No meio desses dois caminhos estaria o candidato Ciro Gomes. O político do Partido Democrático Trabalhista (PDT) "tem feito uma tentativa de comunicação multiplataforma, que ainda não está conseguindo fazer ele ser uma figura bem vista nas redes. Vejo mais as respostas negativas do que o que Ciro tem feito”.

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O comunicador descreve o pioneirismo reacionário no avanço sobre a comunicação digital, quando grupos do Facebook e fóruns incitavam o bolsonarismo que viria a surgir anos depois. “Agitavam Bolsonaro como a figura antissistema, disruptiva, diferente de tudo. Também houve um papel importante de alguns canais de TV e programas específicos, como o CQC, que conseguiu dar um tom de humor para Bolsonaro”, lembra Carvalho. 

O conservadorismo do próprio Facebook também entraria como componente da arrancada direitista, mas a rede padece do abandono crescente por parte de parcelas mais jovens dos consumidores. “Por minha experiência com páginas de esquerda, é mais complicado furar uma bolha no Facebook que em outras redes, e quando fura vem a rede de ódio. Eles disparam conteúdos sempre iguais e em massa, e operam também em grupos fechados de WhatsApp e Telegram, que a gente não consegue visualizar”, descreve. 

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Em outro vetor, o Tik Tok mobiliza as gerações mais novas que a de Carvalho. “Eu, com 26 anos, demorei para pegar o ritmo e ainda não peguei. É uma plataforma muito fácil para dança e informação rápida, e as figuras públicas estão penando para entender como essa rede pode favorecer na eleição”, diz. Uma rede de confluência seria o Twitter: “É a que mais se aproxima do debate público. Não tem como estar fora do Twitter”.

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