Marina dos Santos: MST entrou na disputa eleitoral para defender agroecologia e combater ovo da serpente

Movimento Sem Terra se lança contra bolsonarismo, agronegócio e agrotóxicos, afirma candidata a deputada estadual pelo Rio de Janeiro; veja vídeo na íntegra

Marina dos Santos
Marina dos Santos (Foto: Divulgação / Instagram)


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Opera Mundi - A dirigente nacional do Movimento Sem Terra (MST) Marina dos Santos explicou no programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (15/09), com Breno Altman, os projetos eleitorais do movimento, que pela primeira vez lança candidatos a deputado estadual e federal em 11 estados do Brasil. Os objetivos principais, além da luta por reforma agrária, incluem fortalecer a agricultura e a agroecologia em detrimento do agronegócio “destruidor da natureza e das pessoas”, hoje dominante nas chamadas bancadas ruralistas dos parlamentos. “A partir das experiências concretas que temos, queremos fortalecer a agroecologia e o meio ambiente e avançar na luta contra os venenos e agrotóxicos”, define a assistente social, que milita também pelos direitos femininos e pela participação das mulheres na política.

A candidatura foi um chamado do MST, segundo conta a dirigente, que participa do movimento desde 1989, quando tinha 13 anos: “Mais uma vez estou cumprindo uma tarefa indicada pela minha organização, num momento crucial da democracia brasileira, especialmente aqui no Rio de Janeiro, aqui nasceu o ovo da serpente desse momento”. Ela e os demais candidatos concorrem pelo Partido dos Trabalhadores.

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A mesma motivação levou a assistente social e mestra em geografia a se estabelecer no município fluminense de Campos dos Goytacazes em 1996, quando o MST se expandia além do Sul e transferia militantes para outras regiões do país. “Me alistaram, foi uma surpresa. O MST desafia a gente, e essa é uma das grandes qualidades e capacidades desse movimento igrejeiro e marxista, que exercita muito a prática de ‘não sabia, era impossível, foi lá e fez’”, conta a militante que nasceu no oeste do Paraná e trabalhou no campo desde a primeira infância. "Realmente não me lembro quando comecei, foi desde muito criança. De sair nas madrugadas como boia fria lembro que foi desde os 8 anos”.

Sonhando inicialmente em ser freira catequista franciscana, Santos diz que são fortes as ligações do movimento com as religiões, primeiro com a Igreja Católica, mas hoje principalmente as correntes evangélicas. “O MST é formado com muita participação das comunidades eclesiais de base, de freiras, padres e estudantes da teologia da libertação, que também participaram da construção do movimento”, recorda. Pelo lado marxista, suas influências incluem Dorothy Stang, Pedro Casaldáliga, Frei Betto, Leonardo Boff e Julio Lancellotti. 

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O vínculo religioso não impede que o preconceito histórico contra o MST prevaleça bonda no presente. “Ainda nos dias de hoje o MST sofre um processo de criminalização, especialmente dos grandes meios de comunicação, que reproduzem o que grandes proprietários de terra sempre falaram e usaram para defender a grilagem, explorar o trabalho, destruir o meio ambiente e produzir commodities apenas para a exportação”, protesta. 

Citando o que disse Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao Jornal Nacional, Santos afirma que o MST não existe mais como era nos anos 1980, mas de forma muito mais qualificada. “Não luta só por reforma agrária, mas é um movimento social e político do conjunto da classe trabalhadora. É o maior produtor de arroz orgânico na América Latina”, afirma. “Sou fruto e também sou parte desse movimento, tenho um orgulho disso que você não faz ideia.” 

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A convocação para militar na região rural fluminense aconteceu em 1996, quando a dirigente voltava de viagem a Cuba para participar das das atividades dos 35 anos da reforma agrária cubana. Ela explica a escolha pelo interior fluminense: “Aqui no estado também há altíssima concentração da terra e muita exploração do trabalho. Em 2009, Campos dos Goytacazes foi considerado o município com maior índice de trabalho análogo à escravidão do país. Tem muita marca da sociedade escravista latifundiária”. 

Altman lembrou que em Campos fica a Usina Cambahyba, utilizada para incinerar corpos de desaparecidos políticos da ditadura de 1964, segundo apontou a Comissão da Verdade. “Campos foi o último município do Brasil a abolir a escravidão. Se o Brasil foi o último país do mundo, Campos dos Goytacazes foi o último município do mundo que aboliu a escravidão”, ela completa, lembrando que hoje o MST tem 24 assentamentos no estado do Rio, 11 deles em Campos.

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