Marco Maia: precisamos de um banco progressista para combater o capital
Diretor-geral do LeftBank, um 'banco de esquerda', diz que instituição lançada em 2020 democratizará sistema financeiro com juros mais baixos do mercado; veja vídeo na íntegra
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Opera Mundi - A criação do LeftBank, um “banco de esquerda”, no Brasil foi o assunto do programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (20/07), com o diretor-geral da instituição lançada em dezembro de 2020, Marco Maia, que já foi metalúrgico, líder sindical e presidente petista da Câmara dos Deputados.
O objetivo, em suas palavras, é enfrentar o sistema financeiro capitalista entrando no coração do capital. “Teremos um banco ligado à esquerda, com pensamento progressista, coerente, inclusivo, fraterno”, afirmou, fixando a meta de oferecer os juros mais baixos do mercado, “inclusive para criar polêmica com os tradicionais”.
À luz da diferença entre os tempos em que militantes de esquerda roubavam bancos para recuperar fundos apropriados da classe trabalhadora pela burguesia e um presente em que a esquerda funda seus próprios bancos, o jornalista Breno Altman provocou Maia lançando mão da frase “o que é roubar um banco comparado a fundar um banco?”, da Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht.
“Essa frase é muito pertinente”, reconhece oMaia. “Nos perguntávamos muito como a esquerda iria reagir a uma iniciativa dessa natureza, e respondemos de forma simples e concreta: temos que partir da teoria para a prática. Nós questionamos o sistema capitalista, mas ao mesmo tempo estamos diuturnamente convivendo com ele e reforçando suas estruturas. É uma contradição”, diz.
Na direção contrária, o Instituto LeftBank foi fundado no ano passado com o propósito de destinar auxílios a sindicatos, entidades de classe, trabalhadores e movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST). Neste momento, 20% dos lucros obtidos pelo banco são destinados ao instituto.
“Mas nosso projeto é chegar no futuro a 100% do lucro do LeftBank destinado às lutas e aos movimentos sociais brasileiros”, promete.
Segundo Maia, o LeftBank se aproxima de 10 mil correntistas e contabiliza mais 15 mil clientes de outros serviços, com crescimento de quase 5% por semana, sem investimentos em publicidade. Tem como sócios majoritários o advogado Daniel Gonçalves e o administrador de empresas Volnei Borba, que fizeram o primeiro investimento necessário para o lançamento, no final de 2019.
A ideia se ancorou numa mudança que a então presidente Dilma Rousseff realizou em 2013 na legislação financeira no Brasil, com o objetivo duplo de democratizar as instituições financeiras e promover uma inclusão maior de cidadãos brasileiros no sistema financeiro. A partir dali, empresas de tecnologia puderam desenvolver instituições de pagamento e financeiras, caracterizadas como “fintechs” ou bancos digitais, dos quais o Nubank foi pioneiro no Brasil.
Nessa mesma categoria entra o LeftBank, que, segundo seu diretor-geral, incorpora praticamente todas as ações de um banco tradicional: “a única coisa que ainda não fizemos e vamos passar a fazer provavelmente até o final do ano é oferecer crédito”.
O ecossistema de serviços oferecido inclui uma empresa de telefonia (LeftFone), uma área voltada a consórcios (LeftJuntos), o LeftSeguros e o clube de benefícios Left+, voltado para empresas de visão progressista afinada com os valores do banco. “Lá você não vai encontrar a Havan, a Riachuelo, o Coco Bambu ou o Madero”, exemplifica, fazendo referência a empresas alinhadas ao ideário de extrema direita do bolsonarismo.
Maia defende a democratização do sistema financeiro pelo aumento da competitividade, e não mais por modelos de estatização, e por regulamentação que impeça .bancos tradicionais de comprar fintechs, como já vem acontecendo.
Perguntando sobre o porquê do nome em inglês e não Banco de Esquerda, em português, Maia defendeu-se: “é uma marca apenas, não tem pretensão de fazer a tradução literal. O importante é que deixamos claro qual é nosso posicionamento. O LeftBank é um banco da esquerda, um banco de propósito, que tem clareza e transparência de seus fundamentos”.
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