Leonel Radde: esquerda deve construir pontes com as polícias se quiser evitar ruptura democrática

Para o agora deputado estadual, a hostilidade mútua entre polícia e esquerda empurra os trabalhadores das corporações policiais para a extrema direita; veja vídeo na íntegra

Leonel Radde, do Policiais Antifascismo
Leonel Radde, do Policiais Antifascismo (Foto: Reprodução)


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Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - O policial civil Leonel Radde, eleito deputado estadual pelo PT em Porto Alegre, afirma que a esquerda brasileira não tem outra alternativa a não ser construir pontes com as corporações de segurança pública, em nome da estabilidade política.“Caso contrário, poderemos, sim, ter uma ruptura democrática, independente da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno”, advertiu no programa 20 MINUTOS desta sexta-feira (14/10), com o jornalista Breno Altman.

Para Radde, a hostilidade mútua entre polícia e esquerda empurra os trabalhadores das corporações policiais para a extrema direita, onde está a única parcela da população disposta a fazer esse diálogo. 

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“A esquerda diz que policial é fascista, truculento, bate em trabalhador, só sobe no morro para matar. Não está totalmente errado, mas nem podemos reclamar que não existe diálogo, porque falta interlocução de ambas as partes”, disse. 

Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro vocaliza essa diferença por atitudes de reconhecimento dos policiais. A identificação se faz sobretudo nos estratos inferiores da Polícia Militar: "é o único que chega e fala para o trabalhador da ponta do serviço de segurança pública, mas por um viés totalmente deturpado, miliciano, de violência, antidemocrático”. 

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Defensor da legalização da produção e do comércio de maconha e de políticas de redução de danos para drogas mais pesadas, o policial lembra que o presidente norte-americano Joe Biden descriminalizou a posse de pequenas quantidades de maconha nos Estados Unidos e aposta que o Brasil seguirá o mesmo caminho.

“Honestamente, a maconha vai ser legalizada. A tia do WhatsApp vai ter que dormir com essa verdade, independente de ser Lula, Bolsonaro ou quem seja. Pode demorar um pouco, mas acho que não passa de dez anos", declarou.

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Adesão a Bolsonaro nas polícias

Radde avalia que desde 2019 houve uma nítida perda de adesão a Bolsonaro nas polícias, menos perceptível na Polícia Militar. Em contraponto, aumentaram a radicalidade e a violência entre os que permaneceram. 

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O agora deputado estadual atribui isso à inclusão da Polícia Militar ao lado das Forças Armadas na reforma previdenciária bolsonarista. Isso, para ele, deixou à margem as polícias civis e penais, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

Apesar de menos numeroso, o núcleo policial ideológico se radicaliza e manifesta concordância irrestrita com as pautas que Bolsonaro apresenta: “concordam em favorecer as milícias e armar a população de forma indiscriminada, concordam com a lógica machista, misógina, LGBTfóbica, racista dele. Acabam saindo do armário e defendendo pautas antidemocráticas e de ruptura."

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Em defesa do aparato policial, ao qual diz ter orgulho de pertencer, o deputado eleito lembra que a polícia é historicamente utilizada pelas classes dominantes para assegurar seu poder e o status quo, mas possui também outro viés, de proteger os direitos humanos. 

“Um núcleo mais radicalizado da esquerda diz que todo policial é fascista, que a polícia é fascista. Mas, se isso fosse realidade, por que quando matam Marielle Franco a gente exige que a polícia investigue e prenda? Quando tem um feminicídio por violência doméstica, quem a gente procura? A polícia. Onde está o fascismo nisso?”, questiona.

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Comenta especulações sobre possíveis ações da Polícia Federal às vésperas do segundo turno: “A gente tem que se preocupar, porque a Polícia Federal hoje é dirigida pelo Ministério da Justiça, um braço direito fascista de Bolsonaro. Pode acontecer de fato”. 

Filiado ao PT desde 1999, ele começou a se manifestar, fora do ambiente de trabalho, a partir do golpe em Dilma Rousseff: “sofri muita perseguição institucional, por isso fui para a política. A partir do golpe, começam a querer extirpar os divergentes da carreira. Se querem que eu seja político, vou ser político".

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Radde reivindica a Lula que, se eleito, anule todas as portarias e decretos de Bolsonaro sobre as armas: "o que está acontecendo é gravíssimo, coloca em risco os policiais. Hoje o crime organizado está comprando armamento”. 

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