Leonardo Péricles: candidatura da Unidade Popular contribui para derrota de Bolsonaro
Candidato à Presidência mira representatividade negra e propõe lista de prioridades, como congelar preço de alimentos e anistiar dívidas de famílias pobres; veja vídeo na íntegra
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Por Pedro Alexandre Sanches, do Opera Mundi - O técnico mecânico e eletrônico Leonardo Péricles lança-se na disputa presidencial pela Unidade Popular pelo Socialismo (UP), definindo como objetivo central da candidatura contribuir para a derrota do inimigo maior, Jair Bolsonaro. “É nossa prioridade máxima, não dá para errar o inimigo. O alvo central é o fascismo. O segundo turno é esquerda, trabalhamos por isso”, afirmou durante entrevista ao jornalista Breno Altman no programa 20 MINUTOS desta quarta-feira (21/09).
A missão não se encerra no processo eleitoral, complementa, definindo as ruas como centro de gravidade da atuação da UP, inclusive para garantir que o presidente eleito tome posse.
Nutrindo a meta adicional de se tornar o primeiro presidente negro da história do Brasil, ele elenca cinco prioridades para um eventual governo liderado por um marxista negro, morador de ocupação urbana na periferia e ativista da luta por moradia: revogação do teto de gastos e das reformas trabalhista e da previdência; congelamento do preço dos alimentos; anistia das dívidas das famílias pobres e aumento de 100% no salário mínimo; criação de frentes emergenciais de trabalho a partir da área de saneamento; e suspensão do pagamento da dívida pública brasileira.
Nascido em Belo Horizonte e militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Péricles explica que a UP nasceu a partir de movimentos pré-existentes, além de ativistas egressos de outros partidos de esquerda ou sem partido anterior.
“Somos filhos das Jornadas de Junho de 2013, um momento importantíssimo em que todas as classes sociais se manifestaram, inclusive a periferia, os trabalhadores e setores da esquerda que começavam ali um processo de renovação”, recorda.
A Unidade Popular afirma trabalhar pela rearticulação do campo progressista e não pelo polo da conciliação, mas do enfrentamento popular e revolucionário. "Isso é necessário e extremamente possível, até porque se não for podemos parar de falar de socialismo e mudanças profundas”, argumenta.
Luta contra o fascismo
Para o candidato, o maior vetor de mortes por covid-19 não foi o coronavírus, mas o governo de Bolsonaro, político caracterizado como fascista pela UP desde 2018.
Essa afirmação, segundo Péricles, foi uma das grandes lutas políticas do partido fundado em 2016 e registrado oficialmente em 2019, enquanto outros setores dentro da própria esquerda diziam que não era fascismo: “Bolsonaro não começou hoje, mas há muito tempo, ligado aos grupos de extermínio, ao que se tornou milícia, à turma da linha dura da ditadura que ele fica homenageando, como Brilhante Ustra, que torturava até criança”.
De acordo com ele, a rearticulação das esquerdas será fundamental para conter o dique fascista para além do contexto eleitoral. “Como o fascismo não consegue ter a maioria da população, passa a ter uma minoria muito articulada e organizada, que vale mais que uma maioria desorganizada. Várias organizações que têm peso no campo da esquerda tiraram o time das ruas literalmente e apostaram no sangramento espontâneo de Bolsonaro, um erro gravíssimo”, critica.
Entre os problemas estruturais que precisam ser atacados pelo Brasil, o candidato da UP prioriza a estrutura escravocrata, jamais alterada na história do país. “A classe dominante brasileira é racista e escravocrata, a base dela é essa. A luta racial é central, inclusive porque a maioria da classe trabalhadora brasileira é negra”, declara, rejeitando o termo “identitário" para caracterizar essa luta.
Só o horizonte socialista pode dar conta de enfrentar essa chaga, pela ruptura da dependência histórica do Brasil: “o racismo, assim como o fascismo, o patriarcado e o machismo, é fruto do sistema capitalista. Só ser antirracista é pouco, precisamos lutar contra a raiz do racismo”.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247